Imagem de destaque para artigo sobre deriva na aplicação de agrotóxicos. Descrição da imagem: trator aplica agrotóxicos na lavoura. (Créditos: Shutterstock)

Deriva na aplicação de defensivos: saiba como evitá-la

Deriva na aplicação de defensivos: saiba como evitá-la

A deriva na aplicação de defensivos agrícolas é um problema comum na hora de realizar o controle fitossanitário.

Além de gerar um desperdício do produto, que representa um prejuízo econômico para o produtor, a deriva também configura um risco para o meio ambiente.

Neste artigo, vamos mostrar as principais causas e consequências da ocorrência da deriva na aplicação de defensivos e explicar o que é preciso fazer para evitá-la.

Então, continue a leitura para tirar todas as suas dúvidas sobre assunto.

Confira a seguir!

O que é deriva na aplicação de defensivos?

Em síntese, a deriva ocorre quando a trajetória da gota é desviada durante a aplicação de um agrotóxico, fazendo com que o produto não atinja o alvo desejado.

Esse desvio pode acontecer por conta do escorrimento do produto na planta, do transporte das gotas produzidas na pulverização e pela ação do vento.

Quais são as principais causas e consequências da ocorrência de deriva em pulverizações agrícolas?

Na prática, existem dois aspectos predominantes que provocam a deriva na agricultura: o tamanho das gotas e as condições do vento.

No entanto, além deles, é importante considerar outros fatores como a altura da barra de pulverização, a umidade relativa, a turbulência do ar e a temperatura.

É fato que as gotas muito finas (entre 50 e 100 micrômetros) são mais suscetíveis ao fenômeno. Isso ocorre, principalmente, quando há alta temperatura e baixa umidade relativa do ar — que pode gerar, inclusive, a evaporação do líquido.

Nesse sentido, o melhor é utilizar gotas médias ou grossas, que possuem trajetória vertical e oferecem mais resistência à deriva na agricultura, desde que as condições climáticas sejam adequadas.

A direção e a velocidade do vento também estão relacionados ao risco de deriva. Em função disso, é preciso observar a pulverização de forma rigorosa, de forma a evitar que o produto atinja áreas sensíveis, como residências, outras lavouras, rios e demais ambientes.

Por se tratar de um problema que pode gerar ineficiência no aproveitamento do insumo, além da contaminação de áreas próximas à lavoura, é importante analisar as causas da deriva com atenção. Assim, será possível tomar as providências necessárias com antecedência.

Quais são os prejuízos gerados pela deriva na aplicação de defensivos agrícolas?

A princípio, a deriva na aplicação de defensivos pode trazer vários prejuízos para o agricultor, visto que boa parte do produto não atinge o alvo desejado. Esse desperdício provoca ineficiência e gera mais custo de produção.

Dessa forma, a deriva é considerada um dos fatores mais impactantes e prejudiciais em relação à aplicação de defensivos agrícolas, tanto do ponto de vista econômico quanto socioambiental.

Os motivos são claros: quando há aplicação do produto e este não atinge o alvo, será necessário repetir a pulverização ou arcar com os gastos da perda em produtividade. Ambas situações representam prejuízo para o produtor rural.

Outro problema grave é quando o defensivo alcança a área no entorno da lavoura, que gera riscos ao meio ambiente, à população residente no local e até mesmo a outros tipos de produção. Um caso desse já ocorreu no Rio Grande do Sul, onde a aplicação de um defensivo para soja ocasionou perdas de até 40% nas lavouras próximas de uva e oliva.

Em resumo, a deriva na aplicação de defensivos pode causar diversos prejuízos como:

  • Perdas financeiras;
  • Ações na justiça por danos a culturas sensíveis adjacentes;
  • Contaminação não intencional de produtos comestíveis por resíduos do defensivo;
  • Poluição do ar, recursos de água, dentre outros.

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Quais são os fatores para evitar a deriva na aplicação de defensivos agrícolas?

Como vimos, a deriva é causada por vários fatores. No entanto, os principais estão ligados ao controle do tamanho das gotas aplicadas e às condições climáticas.

Tamanho da gota

A escolha da ponta de pulverização é determinante, desde a mais fina até as mais grossas. Até porque um bico de pulverizador não produz um único tamanho de gotas, mas sim uma faixa de tamanho denominada “espectro de gotas”.

Nesse sentido, o tamanho das gotas depende dos seguintes fatores:

Tipo de bico

Os bicos de jato cônico cheio produzem as maiores gotas, seguido pelos bicos de jato plano (defletor e leque) e pelos de jato cônico vazio.

No entanto, mesmo dentro de uma mesma forma de jato, diferentes tipos de bico podem produzir pulverizações com diferentes tamanhos de gota.

Vazão

A vazão do bico tem uma relação direta com o tamanho de gota.

Isso significa que bicos com vazões maiores, na mesma pressão de trabalho, produzem gotas maiores.

Por exemplo, os bicos de jato plano 11004, na pressão de 2 bar, com vazão de 1,29 l/min, produzem gotas maiores que os bicos 11002, na mesma pressão, mas com vazão de 0,65 l/min.

Pressão

A pressão de pulverização tem um efeito inverso no tamanho de gota.

Logo, um aumento na pressão reduzirá o tamanho, da mesma forma que uma redução na pressão aumentará o tamanho de gota.

Por exemplo, a ponta 11003 com a pressão de 1,5 bar, produz gotas maiores que a pressão de 4 bar.

Ângulo do jato

O ângulo do jato emitido pelo bico tem uma relação inversa no tamanho de gota. Bicos com a mesma vazão, na mesma pressão, porém com ângulos maiores, produzem gotas menores. Por exemplo, o bico 8003 a 2 bar, produz gotas maiores que o bico 11003, na mesma pressão, ambos com a mesma vazão.

Propriedades do líquido

Em geral, líquidos com maior viscosidade e tensão superficial requerem maior quantidade de energia para pulverização. Nesse sentido, líquidos que apresentam essas propriedades com valores maiores produzirão também gotas maiores.

Então, sabendo que vários fatores influenciam no controle do tamanho da gota, o ideal é que o agricultor busque ajuda de um profissional especializado para definir e determinar qual é o mais adequado.

Ademais, vale ressaltar que existem soluções e equipamentos capazes de reduzir o risco de deriva na agricultura. Um exemplo são os bicos de pulverização com indução de ar, que tiram o ar do ambiente e o adicionam à gota, fazendo com que ela aumente de tamanho, o que é ideal para evitar a evaporação e o desvio no trajeto desejado para a aplicação.

Outra opção é utilizar adjuvantes específicos para o controle da deriva, que modificam a característica da calda para gerar gotas mais grossas e prevenir esse risco. Entretanto, é importante lembrar que, embora as gotas com diâmetro maior sejam mais indicadas para reduzir a deriva, há aplicações que exigem maior cobertura e, por isso, necessitam de gotas menores.

Condições climáticas

As condições climáticas são outro fator que deve ser analisado para evitar a ocorrência da deriva.

Nesse sentido, é fundamental considerar elementos como o vento, umidade e temperatura do ar.

O recomendado é uma temperatura menor que 30 graus, umidade relativa do ar maior que 50% e velocidade do vento entre 3 e 10 km/hora. Além disso, não se deve aplicar na ausência de vento, porque quando não há vento, ocorre a inversão térmica e corrente convectiva.

Conclusão

Como vimos, a deriva é um ponto de destaque na aplicação de defensivos agrícolas.

O desvio da trajetória da gota pode gerar a redução do potencial produtivo das plantações ou exigir reaplicações, minimizando lucro e elevando custos.

Além disso, a deriva também gera riscos ao meio ambiente e pode poluir o solo, a água, o ar e outras lavouras próximas.

Por isso, é importante que o produtor rural esteja atento ao tema e invista em bons equipamentos. Além disso, também é essencial contar com um profissional especializado, que saiba planejar as aplicações de modo a reduzir a deriva.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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