Os agrotóxicos estão presentes no dia a dia dos produtores rurais. Afinal, são esses os produtos responsáveis por controlar a proliferação de pragas, plantas daninhas e doenças na lavoura.
Neste artigo, vamos apresentar os principais tipos de agrotóxicos, explicar suas funções e quais são suas vantagens e desvantagens.
Acompanhe a seguir!
O que são agrotóxicos?
De acordo com a Lei nº14.885/2023, os agrotóxicos são produtos químicos, físicos ou biológicos utilizados para preservar cultivos e plantações da ação danosa de seres vivos considerados nocivos.
Também conhecidos como defensivos agrícolas e agroquímicos, os agrotóxicos são utilizados em diferentes atividades, como o armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas nativas ou implantadas, ecossistemas e, também, de ambientes urbanos, hídricos e industriais.
Além disso, dependendo do alvo que combatem, os agrotóxicos recebem nomenclaturas mais específicas, como inseticidas, fungicidas, entre outras.
Para que servem os agrotóxicos?
Na prática, os agrotóxicos são utilizados para o controle de pragas, plantas daninhas e doenças associadas ao cultivo de determinadas culturas.
Sendo assim, ao aplicar os agrotóxicos na lavoura, o produtor rural ajuda a proteger as plantações contra o ataque de pragas. Isso porque o uso dos agroquímicos visa atingir o alvo biológico, seja ele inseto, ácaro, planta daninha, fungos, bactérias ou outro ser vivo.
Como resultado, os agrotóxicos evitam perdas nas culturas e garantem que as plantações se desenvolvam sem a interferência de pragas e doenças, promovendo assim o aumento da produção e a lucratividade do negócio rural.
Quais são os tipos de agrotóxicos?
Como mencionamos, os agrotóxicos podem receber nomes específicos. Isso vai depender do tipo de pragas que o produto vai combater.
Nesse sentido, eles são classificados da seguinte forma:
- Inseticidas: produtos que possuem substâncias químicas ou agentes biológicos que controlam insetos (lagartas, percevejos, pulgões etc).
- Acaricidas: agroquímicos que controlam os ácaros.
- Fungicidas: agentes físicos, químicos ou biológicos responsáveis por combater fungos, causadores de doenças nas culturas.
- Nematicidas: defensivos utilizados no controle de nematoides (vermes) parasitas de plantas.
- Herbicidas: produtos que agem na eliminação de plantas daninhas.
Como funciona a classificação toxicológica dos agrotóxicos?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica os agrotóxicos conforme os níveis de toxicidade que o defensivo oferece. Sendo assim, recentemente foram divulgadas as novas regras para classificação e rotulagem dos agrotóxicos.
Essa medida ocorreu devido ao Marco Regulatório do setor, que atualizou e deixou mais claro os critérios de avaliação e de classificação toxicológica de agrotóxicos no Brasil.
Sendo assim, atualmente existem 5 categorias de classificação toxicológica. Confira mais abaixo!
Categoria 1 – Extremamente Tóxico
O rótulo dessa categoria pode ser identificado pela cor da faixa vermelha, símbolo de caveira (morte) e palavra de advertência “Perigo”. Neste caso, a ingestão, contato com a pele e inalação deste produto é fatal.
Categoria 2 – Altamente Tóxico
O rótulo dessa categoria pode ser identificado pela cor da faixa vermelha, símbolo de caveira (morte) e palavra de advertência “Perigo”. Assim, como a categoria anterior, a ingestão, contato com a pele e inalação deste produto é fatal.
No entanto, a diferença para o pior grau está na quantidade de exposição ao produto.
Categoria 3 – Moderadamente Tóxico
O rótulo dessa categoria pode ser identificado pela cor da faixa amarela, símbolo de caveira (morte) e a palavra de advertência “Perigo”. Este produto causa intoxicação no caso de ingestão, contato com a pele e inalação.
Categoria 4 – Pouco Tóxico
Na embalagem da categoria “Pouco Tóxico”, o rótulo deve conter a identificação com a cor da faixa azul, a palavra de advertência “Cuidado” e símbolo de exclamação (atenção). Neste caso, a ingestão, contato com a pele e inalação é nociva.
Categoria 5 – Improvável de Causar Dano Agudo
Essa categoria também pode ser identificada pela cor da faixa azul e a palavra de advertência “Cuidado”. Produtos dessa classe são perigosos nos casos de ingestão, contato com a pele e inalação.
Além dessas cinco categorias, existem os agrotóxicos “não classificados”, que são identificados com a cor da faixa verde, sem apresentação de símbolo e sem palavra de advertência.
Esses produtos não apresentam informações de riscos e recomendações. Isso porque possuem baixíssimo potencial de dano.
Em todo rótulo do produto comercial, deve constar uma faixa com a cor da respectiva classe toxicológica determinada em testes prévios. Além disso, a embalagem precisa fornecer informações referentes à saúde, para ser lida de forma criteriosa antes do manuseio do produto.
Cabe ressaltar que a avaliação toxicológica é realizada com base em estudos agudos associados aos riscos de irritações de pele, olhos e inalação causadas pela exposição aos produtos.
Quais são os principais riscos de uso dos agrotóxicos?
O uso inadequado dos agrotóxicos pode causar riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. Isso porque a falta de controle desses produtos é responsável por provocar intoxicações.
Em geral, a intoxicação pode acontecer de forma direta, por meio do contato direto, manuseio e aplicação, assim como de modo indireto pela ingestão de alimentos ou água contaminada.
Saúde humana
Ao entrar em contato com altas doses de agrotóxicos, a vítima pode sentir alguns sintomas de forma imediata como:
- Dores de cabeça;
- Náusea;
- Sudorese;
- Vômitos
- Diarreia;
- Irritação dos olhos e pele;
- Visão turva;
- Tremores;
- Dificuldade respiratória;
- Convulsões;
- Coma.
Em casos mais graves, a intoxicação pode levar a pessoa à morte.
Se a exposição ocorrer por meio de doses menores, por um longo período de tempo (meses ou anos), a intoxicação por agrotóxico pode provocar consequências graves como:
- Paralisia;
- Esterilidade;
- Abortos;
- Câncer;
- Danos no desenvolvimento do feto.
Meio ambiente
A princípio, o uso de agrotóxicos tem um grande potencial de contaminar o solo e as águas subterrâneas. Isso acontece por meio de ventos e chuvas, que facilitam o escoamento do agroquímico.
Além disso, a ação dos agrotóxicos é bioacumulativa — ou seja, se um animal morrer contaminado, o outro que se alimentar dele também será contaminado.
Na prática, isso ocorre porque o composto permanece no corpo do animal mesmo depois da sua morte, o que torna o alcance da contaminação ainda maior.
Quais são as precauções no uso de agrotóxicos?
Ppara utilizar o agrotóxico na lavoura, é necessário ter alguns cuidados essenciais antes, durante e após o manuseio deste produto.
Confira abaixo os principais!
Recomendações para o uso de agrotóxicos
- Para adquirir o produto será preciso apresentar o receituário agronômico, documento com a prescrição de uso do agrotóxico emitido por um responsável técnico;
- As recomendações de transporte e armazenamento dos produtos devem ser seguidos conforme orientação da legislação e do fabricante/distribuidor;
- Os produtos químicos não devem ser colocados junto com os sacos de alimentos e adubos;
- Deve ser impedido o acesso de pessoas não autorizadas ao depósito onde o agrotóxico está armazenado;
- A leitura prévia do rótulo da bula é essencial para evitar erros durante a utilização do defensivo agrícola;
- A utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI) é obrigatória durante todo o processo de manuseio, inclusive no preparo da calda.
Preparo da calda
O preparo da calda de agrotóxico é uma das atividades que mais oferecem risco, visto que o manipulador vai ter um contato com o produto puro e altamente concentrado. Por isso, é importante estar atento aos seguintes cuidados:
- As instruções do rótulo do produto devem ser seguidas rigorosamente;
- O local de preparo deve ser ventilado, longe de casas, crianças e animais;
- Recomenda-se utilizar o copo medidor para a dose correta para fórmulas líquidas. Para as fórmulas em pó molhável/solúvel, é necessário preparar uma mistura no balde com água e em seguida despejar no pulverizador;
- A lavagem dos utensílios utilizados deve ser feita pelo menos três vezes;
- Para evitar vazamentos, será necessário fechar bem a tampa do pulverizador;
- O material deve ser utilizado exclusivamente para o preparo da calda;
- É fundamental seguir a dosagem indicada pelo técnico responsável;
- A quantidade de produto e o intervalo entre as aplicações também devem ser respeitados para que o defensivo tenha o efeito desejado sem causar prejuízos;
- A higienização do EPI depois de cada aplicação é fundamental para a garantia do uso seguro e responsável;
- As embalagens vazias devem ser armazenadas no depósito até serem descartadas corretamente, seguindo as recomendações do canal distribuidor;
- O período de carência deve ser respeitado para evitar resíduo tóxico no alimento em níveis acima do limite máximo permitido pelo Ministério da Saúde.
Receituário agronômico
O receituário agronômico é um documento que possui a prescrição de uso dos agrotóxicos. Nele, o profissional habilitado formaliza a recomendação técnica para a aplicação do defensivo agrícola.
Assim, a partir desse documento, o produtor poderá comprar o agrotóxico com segurança, além de utilizá-lo como referência para aplicar o produto corretamente.
Ademais, posteriormente, o receituário agronômico também será essencial para o trabalho de fiscalização dos órgãos de defesa agropecuária.
Quais são as vantagens e desvantagens dos agrotóxicos?
Na prática, o uso de agrotóxicos pode gerar vantagens e desvantagens. Confira a seguir!
Vantagens
- O uso correto, na dosagem recomendada, ajuda a controlar as pragas e doenças que atacam as plantações;
- O controle das pragas resulta no aumento da produtividade das lavouras;
- Melhora o aspecto visual dos produtos cultivados;
- Os preços dos produtos com uso agrotóxicos são mais baixos.
Desvantagens
- Se armazenados em ambientes inapropriados, podem causar riscos à saúde;
- A aplicação incorreta e exagerada pode provocar problemas à saúde;
- A utilização inapropriada pode causar a contaminação do solo, dos recursos hídricos e da fauna e flora;
- Doses exageradas podem contaminar alimentos.
Lei dos agrotóxicos
A Lei nº 14.785/2023 traz instruções para questões ligadas aos agrotóxicos. Nesse sentido, a legislação dispõe sobre as seguintes atividades:
- Pesquisa;
- Experimentação;
- Produção;
- Embalagem e rotulagem;
- Transporte;
- Armazenamento;
- Comercialização;
- Propaganda comercial;
- Utilização;
- Importação e exportação;
- Destino final dos resíduos e embalagens;
- Registro;
- Classificação;
- Controle, inspeção e fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.
Além disso, os defensivos biológicos possuem registro diferente com base em normativas específicas que podem ser classificadas em três categorias:
- Agentes microbiológicos de controle: Instrução Normativa nº 3/2006;
- Agentes biológicos de controle: Instrução Normativa Conjunta nº 2/2006;
- Semioquímicos: Instrução Normativa Conjunta nº 1/2006.
Para os produtos biológicos que não se enquadram nessas categorias, há a exigência dos requisitos e estudos exigidos na legislação geral (Lei nº 14.785/2023).
Conclusão
Os agrotóxicos, desde que usados corretamente e de forma segura, podem oferecer benefícios para a lavoura. Afinal, por meio deles, é possível realizar o controle de pragas e doenças que prejudicam o desenvolvimento das culturas.
Contudo, é fundamental contar com o trabalho de profissionais especializados, que têm o conhecimento e capacidade técnica para prescrever e realizar a aplicação dos produtos conforme as orientações da bula e normas estabelecidas na lei.
Gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre armazenamento de agrotóxicos.
Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.
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