Trator pulverizando agrotóxicos em uma lavoura. (Créditos: Shutterstock)

Agrotóxicos: conheça os tipos e quais são as vantagens e desvantagens

Agrotóxicos: conheça os tipos e quais são as vantagens e desvantagens

Os agrotóxicos estão presentes no dia a dia dos produtores rurais. Afinal, são esses os produtos responsáveis por controlar a proliferação de pragas, plantas daninhas e doenças na lavoura.

Neste artigo, vamos apresentar os principais tipos de agrotóxicos, explicar suas funções e quais são suas vantagens e desvantagens.

Acompanhe a seguir!

O que são agrotóxicos?

De acordo com a Lei nº14.885/2023, os agrotóxicos são produtos químicos, físicos ou biológicos utilizados para preservar cultivos e plantações da ação danosa de seres vivos considerados nocivos.

Também conhecidos como defensivos agrícolas e agroquímicos, os agrotóxicos são utilizados em diferentes atividades, como o armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas nativas ou implantadas, ecossistemas e, também, de ambientes urbanos, hídricos e industriais.

Além disso, dependendo do alvo que combatem, os agrotóxicos recebem nomenclaturas mais específicas, como inseticidas, fungicidas, entre outras.

Para que servem os agrotóxicos?

Na prática, os agrotóxicos são utilizados para o controle de pragas, plantas daninhas e doenças associadas ao cultivo de determinadas culturas.

Sendo assim, ao aplicar os agrotóxicos na lavoura, o produtor rural ajuda a proteger as plantações contra o ataque de pragas. Isso porque o uso dos agroquímicos visa atingir o alvo biológico, seja ele inseto, ácaro, planta daninha, fungos, bactérias ou outro ser vivo.

Como resultado, os agrotóxicos evitam perdas nas culturas e garantem que as plantações se desenvolvam sem a interferência de pragas e doenças, promovendo assim o aumento da produção e a lucratividade do negócio rural.

Quais são os tipos de agrotóxicos?

Como mencionamos, os agrotóxicos podem receber nomes específicos. Isso vai depender do tipo de pragas que o produto vai combater.

Nesse sentido, eles são classificados da seguinte forma:

  • Inseticidas: produtos que possuem substâncias químicas ou agentes biológicos que controlam insetos (lagartas, percevejos, pulgões etc).
  • Acaricidas: agroquímicos que controlam os ácaros.
  • Fungicidas: agentes físicos, químicos ou biológicos responsáveis por combater fungos, causadores de doenças nas culturas.
  • Nematicidas: defensivos utilizados no controle de nematoides (vermes) parasitas de plantas.
  • Herbicidas: produtos que agem na eliminação de plantas daninhas.

Como funciona a classificação toxicológica dos agrotóxicos?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica os agrotóxicos conforme os níveis de toxicidade que o defensivo oferece. Sendo assim, recentemente foram divulgadas as novas regras para classificação e rotulagem dos agrotóxicos.

Essa medida ocorreu devido ao Marco Regulatório do setor, que atualizou e deixou mais claro os critérios de avaliação e de classificação toxicológica de agrotóxicos no Brasil.

Sendo assim, atualmente existem 5 categorias de classificação toxicológica. Confira mais abaixo!

Classificação de agrotóxicos segundo o novo marco regulatório (Créditos: Idaf-ES)
Classificação de agrotóxicos segundo o novo marco regulatório (Créditos: Idaf-ES)

Categoria 1 – Extremamente Tóxico

O rótulo dessa categoria pode ser identificado pela cor da faixa vermelha, símbolo de caveira (morte) e palavra de advertência “Perigo”. Neste caso, a ingestão, contato com a pele e inalação deste produto é fatal.

Categoria 2 – Altamente Tóxico

O rótulo dessa categoria pode ser identificado pela cor da faixa vermelha, símbolo de caveira (morte) e palavra de advertência “Perigo”. Assim, como a categoria anterior, a ingestão, contato com a pele e inalação deste produto é fatal.

No entanto, a diferença para o pior grau está na quantidade de exposição ao produto.

Categoria 3 – Moderadamente Tóxico

O rótulo dessa categoria pode ser identificado pela cor da faixa amarela, símbolo de caveira (morte) e a palavra de advertência “Perigo”. Este produto causa intoxicação no caso de ingestão, contato com a pele e inalação.

Categoria 4 – Pouco Tóxico

Na embalagem da categoria “Pouco Tóxico”, o rótulo deve conter a identificação com a cor da faixa azul, a palavra de advertência “Cuidado” e símbolo de exclamação (atenção). Neste caso, a ingestão, contato com a pele e inalação é nociva.

Categoria 5 – Improvável de Causar Dano Agudo

Essa categoria também pode ser identificada pela cor da faixa azul e a palavra de advertência “Cuidado”. Produtos dessa classe são perigosos nos casos de ingestão, contato com a pele e inalação.

Além dessas cinco categorias, existem os agrotóxicos “não classificados”, que são identificados com a cor da faixa verde, sem apresentação de símbolo e sem palavra de advertência.

Esses produtos não apresentam informações de riscos e recomendações. Isso porque possuem baixíssimo potencial de dano.

Em todo rótulo do produto comercial, deve constar uma faixa com a cor da respectiva classe toxicológica determinada em testes prévios. Além disso, a embalagem precisa fornecer informações referentes à saúde, para ser lida de forma criteriosa antes do manuseio do produto.

Cabe ressaltar que a avaliação toxicológica é realizada com base em estudos agudos associados aos riscos de irritações de pele, olhos e inalação causadas pela exposição aos produtos.

Quais são os principais riscos de uso dos agrotóxicos?

O uso inadequado dos agrotóxicos pode causar riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. Isso porque a falta de controle desses produtos é responsável por provocar intoxicações.

Em geral, a intoxicação pode acontecer de forma direta, por meio do contato direto, manuseio e aplicação, assim como de modo indireto pela ingestão de alimentos ou água contaminada.

Saúde humana

Ao entrar em contato com altas doses de agrotóxicos, a vítima pode sentir alguns sintomas de forma imediata como:

  • Dores de cabeça;
  • Náusea;
  • Sudorese;
  • Vômitos
  • Diarreia;
  • Irritação dos olhos e pele;
  • Visão turva;
  • Tremores;
  • Dificuldade respiratória;
  • Convulsões;
  • Coma.

Em casos mais graves, a intoxicação pode levar a pessoa à morte.

Se a exposição ocorrer por meio de doses menores, por um longo período de tempo (meses ou anos), a intoxicação por agrotóxico pode provocar consequências graves como:

  • Paralisia;
  • Esterilidade;
  • Abortos;
  • Câncer;
  • Danos no desenvolvimento do feto.

Meio ambiente

A princípio, o uso de agrotóxicos tem um grande potencial de contaminar o solo e as águas subterrâneas. Isso acontece por meio de ventos e chuvas, que facilitam o escoamento do agroquímico.

Além disso, a ação dos agrotóxicos é bioacumulativa — ou seja, se um animal morrer contaminado, o outro que se alimentar dele também será contaminado.

Na prática, isso ocorre porque o composto permanece no corpo do animal mesmo depois da sua morte, o que torna o alcance da contaminação ainda maior.

Quais são as precauções no uso de agrotóxicos?

Ppara utilizar o agrotóxico na lavoura, é necessário ter alguns cuidados essenciais antes, durante e após o manuseio deste produto.

Confira abaixo os principais!

Recomendações para o uso de agrotóxicos

  • Para adquirir o produto será preciso apresentar o receituário agronômico, documento com a prescrição de uso do agrotóxico emitido por um responsável técnico;
  • As recomendações de transporte e armazenamento dos produtos devem ser seguidos conforme orientação da legislação e do fabricante/distribuidor;
  • Os produtos químicos não devem ser colocados junto com os sacos de alimentos e adubos;
  • Deve ser impedido o acesso de pessoas não autorizadas ao depósito onde o agrotóxico está armazenado;
  • A leitura prévia do rótulo da bula é essencial para evitar erros durante a utilização do defensivo agrícola;
  • A utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI) é obrigatória durante todo o processo de manuseio, inclusive no preparo da calda.

Preparo da calda

O preparo da calda de agrotóxico é uma das atividades que mais oferecem risco, visto que o manipulador vai ter um contato com o produto puro e altamente concentrado. Por isso, é importante estar atento aos seguintes cuidados:

  • As instruções do rótulo do produto devem ser seguidas rigorosamente;
  • O local de preparo deve ser ventilado, longe de casas, crianças e animais;
  • Recomenda-se utilizar o copo medidor para a dose correta para fórmulas líquidas. Para as fórmulas em pó molhável/solúvel, é necessário preparar uma mistura no balde com água e em seguida despejar no pulverizador;
  • A lavagem dos utensílios utilizados deve ser feita pelo menos três vezes;
  • Para evitar vazamentos, será necessário fechar bem a tampa do pulverizador;
  • O material deve ser utilizado exclusivamente para o preparo da calda;
  • É fundamental seguir a dosagem indicada pelo técnico responsável;
  • A quantidade de produto e o intervalo entre as aplicações também devem ser respeitados para que o defensivo tenha o efeito desejado sem causar prejuízos;
  • A higienização do EPI depois de cada aplicação é fundamental para a garantia do uso seguro e responsável;
  • As embalagens vazias devem ser armazenadas no depósito até serem descartadas corretamente, seguindo as recomendações do canal distribuidor;
  • O período de carência deve ser respeitado para evitar resíduo tóxico no alimento em níveis acima do limite máximo permitido pelo Ministério da Saúde.

Receituário agronômico

O receituário agronômico é um documento que possui a prescrição de uso dos agrotóxicos. Nele, o profissional habilitado formaliza a recomendação técnica para a aplicação do defensivo agrícola.

Assim, a partir desse documento, o produtor poderá comprar o agrotóxico com segurança, além de utilizá-lo como referência para aplicar o produto corretamente.

Ademais, posteriormente, o receituário agronômico também será essencial para o trabalho de fiscalização dos órgãos de defesa agropecuária.

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Quais são as vantagens e desvantagens dos agrotóxicos?

Na prática, o uso de agrotóxicos pode gerar vantagens e desvantagens. Confira a seguir!

Vantagens

  • O uso correto, na dosagem recomendada, ajuda a controlar as pragas e doenças que atacam as plantações;
  • O controle das pragas resulta no aumento da produtividade das lavouras;
  • Melhora o aspecto visual dos produtos cultivados;
  • Os preços dos produtos com uso agrotóxicos são mais baixos.

Desvantagens

  • Se armazenados em ambientes inapropriados, podem causar riscos à saúde;
  • A aplicação incorreta e exagerada pode provocar problemas à saúde;
  • A utilização inapropriada pode causar a contaminação do solo, dos recursos hídricos e da fauna e flora;
  • Doses exageradas podem contaminar alimentos.

Lei dos agrotóxicos

A Lei nº 14.785/2023 traz instruções para questões ligadas aos agrotóxicos. Nesse sentido, a legislação dispõe sobre as seguintes atividades:

  • Pesquisa;
  • Experimentação;
  • Produção;
  • Embalagem e rotulagem;
  • Transporte;
  • Armazenamento;
  • Comercialização;
  • Propaganda comercial;
  • Utilização;
  • Importação e exportação;
  • Destino final dos resíduos e embalagens;
  • Registro;
  • Classificação;
  • Controle, inspeção e fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.

Além disso, os defensivos biológicos possuem registro diferente com base em normativas específicas que podem ser classificadas em três categorias:

Para os produtos biológicos que não se enquadram nessas categorias, há a exigência dos requisitos e estudos exigidos na legislação geral (Lei nº 14.785/2023).

Conclusão

Os agrotóxicos, desde que usados corretamente e de forma segura, podem oferecer benefícios para a lavoura. Afinal, por meio deles, é possível realizar o controle de pragas e doenças que prejudicam o desenvolvimento das culturas.

Contudo, é fundamental contar com o trabalho de profissionais especializados, que têm o conhecimento e capacidade técnica para prescrever e realizar a aplicação dos produtos conforme as orientações da bula e normas estabelecidas na lei.

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Gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre armazenamento de agrotóxicos.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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