Sabia que o Brasil é o maior exportador de milho em todo o mundo?
Em 2019, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nosso país vendeu 44,9 milhões de toneladas de milho para o mercado exterior — um número recorde e que representa um crescimento de 88% em relação a 2018.
Como uma das commodities agrícolas mais importantes no mundo, a produção de milho possui fins variados. Além de servir como base alimentar de alguns países, o cereal também é utilizado na alimentação animal e na produção do etanol.
Plantio de milho: safras e métodos
No Brasil, o plantio de cereal ocorre em diferentes momentos. Em outubro e dezembro, há o cultivo do milho safra — a principal, já que é feita no período mais benéfico para a cultura. Já entre janeiro e abril, é plantado o milho safrinha, a segunda safra do cereal.
Além dos dois períodos para o plantio de milho, também podem ser utilizadas duas técnicas: o plantio convencional e o Sistema de Plantio Direto (SPD).
A diferença é que enquanto um utiliza as técnicas padrão para preparo do solo, no qual inclui-se a remoção da vegetação nativa, o outro — no caso, o SPD — aproveita os resíduos de culturas plantadas anteriormente no mesmo solo e plantas em desenvolvimento.
Fatores que afetam o desenvolvimento do milho
Agora que falamos brevemente sobre as safras e tipos de plantio do milho, vamos aos principais fatores que afetam o desenvolvimento da cultura.
No cultivo de milho, as principais questões relacionadas a seu plantio são os fatores endafoclimáticos que envolvem solo e clima.
Solo
Como a base do cultivo de qualquer cultura, as condições do solo são um dos principais que afetam o plantio de milho.
Segundo um estudo da Embrapa Milho e Sorgo, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) especializada na cultura, os pontos essenciais para se ter um solo adequado para o cultivo de milho são:
1. Textura
Indica a composição granulométrica do solo — ou seja, qual é a proporção de argila, silte (pequenos fragmentos de rocha, menores que um grão de areia) e areia presentes no terreno.
Segundo o estudo, a textura está ligada a outras características do solo como:
- Estrutura: modo com as partículas minerais e orgânicas estão organizadas no solo;
- Consistência: grau de coesão e adesão do solo, avaliado em diferentes níveis de umidade;
- Permeabilidade: capacidade do solo de permitir o escoamento da água;
- Capacidade de Troca de Cátions (CTC): quantidade de cargas negativas presentes no solo, que influenciam na capacidade de liberação de nutrientes e na manutenção da fertilidade;
- Retenção de água: capacidade de armazenamento de água;
- Fixação de fosfatos: presença de fósforo mineral na solução do solo, contribui para funções vitais da cultura.
A textura de solo mais recomendada para o cultivo de milho é a média, que possui teores de argila em torno de 30 a 35%. Este tipo de solo possui drenagem adequada e boa capacidade de retenção de água e nutrientes.
forma como as partículas minerais (areia, silte e argila) e orgânicas do solo estão organizadas no espaço
2. Profundidade efetiva
O milho é uma cultura que pode desenvolver longas raízes. O estudo da Embrapa mostra que isto varia de acordo com o clima, outro fator que influencia no desenvolvimento do cereal (e que veremos logo mais!).
Por conta desta característica, o ideal é que o cultivo de milho seja em um solo profundo, com mais de 1 metro. Caso o plantio seja feito em um solo raso, o sistema radicular da planta — suas raízes — tem seu desenvolvimento comprometido.
3. Declividade
A declividade do solo — ou seja, seu grau de inclinação — é uma das principais características a ser consideradas quanto ao relevo.
Para facilitar a mecanização da produção do cereal e controlar a erosão, a Embrapa recomenda que o plantio de milho seja feito em um terreno com topografia plana e declividade até 12%.
Clima
Assim como o solo, o clima também é um dos principais fatores que afetam o desenvolvimento do cereal.
Três pontos principais, relacionados ao clima, afetam o cultivo de milho: a radiação solar, a precipitação e a temperatura. Todos eles, de acordo com o estudo da Embrapa Milho e Sorgo, influenciam diretamente na produção de grãos e matéria seca.
4. Radiação solar
O milho é uma planta com alta intensidade de fotossíntese, o que o torna uma cultura com taxa fotossintética elevada. Por conta disso, seu desenvolvimento é fortemente influenciado pelo aproveitamento de luz.
De forma geral, a redução da luz gera atraso na maturação dos grãos. A carência luminosa depende da cultivar escolhida. O recomendado é que por hectare, o número de plantas não exceda 65.000.
5. Precipitação
Especialmente na região central do Brasil, o regime de chuvas influencia no desenvolvimento do milho.
O nível de precipitação influencia a produção de milho de diferentes formas. A primeira é porque quanto menos chuvas, menor a disponibilidade de água no solo.
Por ser uma cultura sensível ao déficit hídrico, o milho pode ser afetado de diferentes maneiras pela falta de água, conforme o estádio que a planta estiver. Durante o período crítico da cultura (da germinação até o estabelecimento do sistema radicular), de acordo com um estudo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Rio Grande do Sul, diminui o número de espigas e grãos.
Dessa forma, para garantir uma produção com bons resultados e com menos irrigação possível, recomenda-se que o milho seja plantado durante o período chuvoso.
Você se lembra dos meses das safras do milho, que falamos lá em cima?
Tanto o milho safra como o safrinha são cultivados em meses com maior índice pluviométrico. Apesar de haver variações de região para região, o período com menos chuvas no país é no meio do ano, especialmente durante o verão, entre os meses de maio a setembro,
No entanto, vale lembrar que uma precipitação elevada também pode afetar o desenvolvimento do milho. Quanto mais chuva, menos sol e, consequentemente, menos radiação solar, o que também influencia na produtividade da cultura.
6. Temperatura
Para cada estádio do desenvolvimento do milho, existe uma temperatura ideal.
A Embrapa Milho e Sorgo recomenda as seguintes temperaturas, divididas por estágio de desenvolvimento:
Germinação
Recomenda-se que o solo tenha temperatura entre 25 e 30ºC.
Caso a temperatura esteja inferior a 10ºC, a absorção de nutrientes do solo é restringida e causa lentidão no crescimento do milho.
Se ela estiver superior a 40ºC, a germinação também é prejudicada. Em estudo feito por Universidade Estadual de Londrina (UEL), temperaturas de 37 e 40ºC afetam o desenvolvimento subsequente do processo germinativo, atrapalhando a formação de plântulas normais — o embrião vegetal, subsequente da semente germinada.
Emergência à floração
Durante este período, a temperatura ideal para o desenvolvimento do milho não muda muito em relação à da germinação: fica entre 24ºC a 30ºC.
Floração
Na floração, as temperaturas superiores a 26ºC aceleram o desenvolvimento do milho, enquanto as inferiores a 15.5ºC o prejudicam.
Em temperaturas acima de 35ºC, a composição protéica e o rendimento dos grãos são afetados, devido a redução de atividade da enzima redutase do nitrato (RN). Ela é uma das principais fontes de nitrogênio para o milho e colabora para o acúmulo de proteínas e produtividade dos grão, como evidencia o estudo da Ciência Rural, publicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Polinização
Durante esta fase, são as temperaturas acima de 33ºC que prejudicam o milho, pois afetam a germinação do grão de pólen, essencial para a reprodução do milho.
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Jornalista e Analista de Conteúdo no Conexa, hub de inovação da Aliare.
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