Imagem de destaque para artigo sobre solos no Blog AgriQ. Descrição da imagem: pequenas plantas, recém-brotadas, dispostas em linha reta no solo. (Créditos: Shutterstock)

Os principais tipos de solo no Brasil e suas características

Os principais tipos de solo no Brasil e suas características

O solo é a camada mais superficial da crosta terrestre. No agronegócio, ele assume um papel de grande importância, uma vez que é essencial para o desenvolvimento das atividades agrícolas.

Só no Brasil, o solo é classificado em 13 tipos diferentes, determinados com base em dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos.

Confira a seguir os tipos de solos brasileiros e suas características!

O que é solo?

Em síntese, o solo consiste na camada mais superficial da crosta terrestre. Sendo assim, é composto por matéria viva, além de ser resultante da ação do clima e da biosfera sobre a rocha, que é seu material de origem.

Ademais, o solo é constituído por diferentes partículas. São elas:

Areia

A areia pode ser definida como o acúmulo de pequenos pedaços de rochas ou minerais, sendo que seu diâmetro varia entre 0,05 a 2 milímetros (mm). É ela a responsável pela sensação de aspereza (atrito) do solo.

O quartzo é o mineral predominante, porém outros como muscovita, turmatita, feldspato, mica, magnetita também podem ser encontrados.

Silte

Já o silte é uma partícula do solo com um diâmetro que varia de 0,05 a 0,002 mm. Formado por feldspato, piroxênio, anfibólio e biotita, promove a sensação de sedosidade.

Argila

Por fim, a argila consiste em uma pequena partícula de solo que não pode ser vista a olho nu, sendo que seu diâmetro é menor que 0,002 mm. No geral, é composta por minerais secundários (ilita, montmorillonita e caulinita), que proporcionam a sensação de plasticidade e pegajosidade.

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Como o solo é formado na natureza?

O solo é formado a partir do efeito de fatores ambientais ativos, como clima e os organismos, sobre a matéria-prima de uma paisagem por um determinado período de tempo.

Dessa forma, o solo passa por estágios sucessivos no processo de evolução, que se iniciam quando o material de origem é intemperizado (as rochas são degradadas e decompostas) até atingir o equilíbrio — ou seja, quando há a maturidade e ele não muda mais com passar do tempo.

Contudo, a gênese do solo pode ser baseada em duas etapas distintas:

Etapa A: Deposição/acumulação do material de origem (substrato), utilizada como base para formação, desenvolvimento e evolução dos diferentes solos.

Etapa B: formação e diferenciação dos horizontes dos solos (pedogênese), que representam a ação conjunta ou isolada das físicas, mecanismos químicos e biológicos sobre o material original. A intensidade dessa ações é condicionada pelos fatores de formação, que acarretarão em diferentes processos pedogenéticos (de formação) do solo.

Assim, a junção de tais mecanismos e fatores promove ou retarda a diferenciação e evolução dos horizontes dos solos, isto é, a expressão dos processos de formação, dando origem a diferentes tipos de solo.

Quais são os tipos de solos presentes no Brasil?

Em virtude de sua grande extensão territorial, o Brasil possui diversos tipos de solo. Segundo o novo sistema de classificação de solos proposto pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o país possui  atualmente 13 tipos de solos. Confira quais são abaixo:

Argissolos

Os argissolos são caracterizados pelo acúmulo de argila no Horizonte B (uma das camadas do solo). Além disso, possuem variação de cores (vermelhos a amarelos) e baixa concentração de matéria orgânica. É considerado um dos solos mais encontrados no país, com ocorrência em todos os estados, em áreas planas ou inclinadas (vertentes).

Na prática, os argissolos podem ser férteis ou pobres para a agricultura, dependendo do material de origem e apresentam grande suscetibilidade para erosão, especialmente em áreas mais inclinadas.

Cambissolos

São solos que ainda não completaram seu estágio de formação. Sendo assim, geralmente são rasos e com um horizonte B pouco desenvolvido. Comuns em todas as regiões do Brasil, principalmente em áreas mais inclinadas, também são muito suscetíveis à erosão.

Chernossolos

Os chernossolos são conhecidos por serem muito férteis. Isto se deve a uma camada superficial (Horizonte A) rica em matéria orgânica e nutrientes para as plantas, como cálcio, magnésio e potássio.

Dessa forma, devido a alta concentração de matéria orgânica, é comum encontrar esse tipo de solo com uma coloração preta. Além disso, estão geralmente presentes em regiões com grande disponibilidade de matéria orgânica e alta quantidade de rochas ricas em cálcio, magnésio e potássio, como na região sudoeste dos Pampas, no sul do país.

Espodossolos

Caracterizados como solos arenosos, os espodossolos são geralmente ácidos e sem muitos nutrientes para plantas em sua camada superficial, uma vez que o horizonte rico em matéria orgânica nesse tipo de solo é o B.

No geral, estão localizados na Amazônia Ocidental, Centro-Sul de Roraima e em algumas regiões litorâneas, principalmente nos estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.

Imagens de solos dos tipos argissolo, cambissolo, chernossolo e espodossolo (Créditos: UFRRJ)
(Créditos: UFRRJ)

Gleissolos

É comum em regiões costeiras e áreas de planícies fluviais do Brasil — como na região de Cáceres, Mato Grosso, que é banhada pelo Rio Paraguai. Esse tipo de solo possui a coloração acinzentada, originada da lixiviação (“lavagem”) de minerais gerada a partir do constante contato com a água de rios, lagos ou da chuva.

Latossolos

É o tipo de solo mais abundante no país, recobrindo cerca de 50% de toda a extensão territorial do Brasil. Além disso, é muito antigo e intemperizado, de grande profundidade, poroso e permeável.

Muito comuns em áreas planas, com práticas de adubação e calagem (aplicação de cal no solo para corrigir a acidez), os latossolos podem ser muito produtivos.

Luvissolos

Luvissolos são rasos e pouco profundos, com alta concentração de nutrientes (alumínio, cálcio, potássio, magnésio e sódio) e argila. Além disso, também são normalmente revestidos por pedregulhos.

No geral, são comuns no sertão nordestino ou em áreas de clima mais seco. Entretanto, em virtude da alta concentração de sódio e da baixa quantidade de água, esse tipo de solo pode ficar com um aspecto endurecido, dificultando a penetração das raízes.

Neossolos

São solos jovens, pouco profundos e com baixa concentração de matéria orgânica. Também apresentam grandes quantidades de cascalho e rochas não intemperizadas.

Comuns na maior parte das áreas muito inclinadas do país, possuem um baixo potencial agrícola, devido ao alto declive e a grande quantidade de cascalho.

Imagens de solos do tipo gleissolo, luvissolo, neossolo e latossolo (Créditos: UFRRJ)
(Créditos: UFRRJ)

Nitossolos

Solos profundos, bem drenados (com quantidade de água ideal) e uma grande quantidade de argila. São formados a partir de rochas magmáticas (basalto e diabásio), calcárias e, em alguns casos, por gnaisses e charnoquitos.

Ocorrem em todos os estados do país, sendo muito encontrados na região Sul. No Paraná, são muito férteis, porém, em outros estados, necessitam de correção de acidez e adubagem.

Organossolos

Os Organossolos são formados por materiais orgânicos em diferentes estágios de decomposição. Esse material é procedente da deposição e acúmulo de resíduos vegetais, com ou sem mistura de materiais minerais.

Em virtude disso, apresentam coloração escura por possuírem elevado teor de carbono, decorrente da decomposição da matéria orgânica. Não possuem áreas representativas de ocorrência no país, pois ocorrem em pequenas manchas e de maneira dispersa.

Planossolos

São solos pouco profundos que possuem uma camada superficial (horizonte A) arenosa e o seu interior (horizonte B) rico em argila compactada. Normalmente, estão presentes em áreas planas e em depressões ou várzeas.

No Brasil, esse tipo de solo pode ser encontrado no Rio Grande do Sul, no Pantanal e no Nordeste.

Plintossolos

Possuem plintita em sua formação, uma condição destacável da matriz do solo. Isso acontece por conta da drenagem imperfeita e ciclos de redução e oxidação do ferro.

Na prática, se caracterizam pelas cores cinzentas, vermelhas e amareladas ou mosqueado e muitas vezes, um moderado aumento de argila na subsuperfície.

Geralmente são encontrados na região norte do país, principalmente na região amazônica. Também estão presentes nas regiões nordeste, centro-oeste e sudeste do Brasil. Ocupam aproximadamente 6% da área do território nacional.

Vertissolos

Os Vertissolos possuem alto teor de argila, são pouco permeáveis e têm uma alta concentração de nutrientes para as plantas. Ocorrem em áreas com pouca disponibilidade de água e caracterizam-se pela presença de rachaduras quando muito secos.

De modo geral, são muito comuns em áreas de relevo plano a ondulado do nordeste do Brasil, sudeste do Rio Grande do Sul e em algumas áreas do pantanal.

Imagens de solos do tipo nitossolo, organossolo, plintossolo, planossolo e vertissolo (Créditos: UFRRJ)
(Créditos: UFRRJ)

Como os solos são classificados?

De modo geral, a classificação de solo do país segue o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SIBCS), que os classifica em seis níveis diferentes: ordem, subordem, grupo principal, subgrupo, família e série.

Em resumo, a classificação do solo é realizada a partir da avaliação de dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do perfil que o representa.

Além disso, aspectos ambientais do local do perfil, tais como clima, vegetação, relevo, material originário, condições hídricas, características externas ao solo e relações solo-paisagem, são também utilizados.

Para fazer a classificação, é analisada a descrição morfológica do perfil do solo e coleta de material de campo, que devem ser conduzidos conforme critérios estabelecidos em manuais.

Gostou deste conteúdo? Aproveite e leia nosso artigo sobre as diferenças entre plantio direto e plantio convencional.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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