Imagem de destaque para artigo sobre calagem no solo no Blog AgriQ. Na iimagem, vemos um caminhão aplicando calcário em um solo limpo (Créditos: Julio Ricco | Shutterstock)

Calagem do solo: o que é e como fazer?

Calagem do solo: o que é e como fazer?

A técnica de calagem consiste em aplicar calcário no solo para corrigir sua acidez e fornecer nutrientes para as plantas. Por meio dela, é possível fornecer cálcio e magnésio para culturas, aumentar o pH do solo, neutralizar o alumínio e estimular o crescimento das raízes.

Neste artigo, vamos falar sobre a importância da calagem e explicar como realizar essa prática de forma correta.

Acompanhe a seguir!

O que é calagem? Para que serve?

A calagem é uma prática agrícola utilizada para corrigir a acidez do solo por meio da aplicação de calcário ou outros materiais alcalinos, que ajudam a elevar o pH e aumentar a disponibilidade de nutrientes para as culturas.

Na prática, a calagem é uma das primeiras operações de preparo do solo. Isso porque quando o solo está muito ácido, os nutrientes essenciais para as plantas ficam indisponíveis para as raízes absorverem, o que pode gerar deficiências nutricionais e afetar o crescimento das culturas.

Nesse sentido, a calagem é aplicada com o objetivo de neutralizar a acidez do solo e criar um ambiente favorável para o desenvolvimento radicular das plantas.

Quais são os benefícios da calagem?

A princípio, a calagem é realizada por meio da adição de calcário ou cal virgem no solo para elevar o ph, diminuir os teores de alumínio trocável (AL³) e disponibilizar macronutrientes como cálcio e magnésio para o desenvolvimento das plantas.

Sendo assim, essa técnica pode oferecer uma série de benefícios para os agricultores. Entre eles, podemos citar:

Melhora a fertilidade do solo

A calagem é responsável por tornar os solos mais férteis e favoráveis para o cultivo de safras saudáveis e produtivas.

A aplicação de cálcio durante a calagem ajuda a melhorar as propriedades físicas e promover a redução da compactação do solo, principalmente a causada pelo tráfego de máquinas agrícolas.

Aumenta a disponibilidade de nutrientes

A calagem possibilita a liberação e disponibilidade de nutrientes essenciais — como o cálcio, o magnésio e o fósforo — para o crescimento das plantas. Além disso, estimula a mineralização da matéria orgânica, o que favorece a fixação biológica de nitrogênio.

Vale destacar que esse processo também exerce influência sobre o desenvolvimento radicular das plantas. Como resultado, a absorção de água e nutrientes ocorre de forma mais simples, além de fortalecer a resistência durante os períodos de seca.

Redução da toxidez de alumínio e manganês

Em solos ácidos, altos níveis de alumínio e manganês podem inibir o crescimento das plantas. Assim, ao realizar a calagem, é possível neutralizar a acidez do solo e diminuir a toxicidade desses metais pesados por meio da formação de hidróxidos, que não são metabolizados pelas plantas. O resultado é um ambiente mais propício para o desenvolvimento das culturas.

Como é feita a calagem do solo?

Veja a seguir o passo a passo de como fazer a calagem do solo:

Colete amostras do solo

O primeiro passo é coletar amostras para análise do solo. Essa coleta deve ser executada em duas etapas:

  • Primeira etapa: logo após a colheita de verão;
  • Segunda etapa: pouco antes do preparo do solo para culturas anuais e depois do fim das chuvas para culturas perenes.

Encaminhe para o laboratório

Após a coleta da amostra, ela deverá ser encaminhada para o laboratório com dados como data, local da coleta, responsável e outros.

Defina o tipo e dose de calcário

A partir do resultado da análise do solo será possível escolher o tipo calcário, assim como a quantidade ideal. Entre as principais opções de calcário temos: calcíticos, dolomíticos e magnesianos. Também é nesta etapa que se realiza o cálculo de calagem.

Adquira o produto

Com o tipo de calcário definido, é o momento de pesquisar fornecedores e avaliar os valores com transporte, caso não haja produto perto da região.

Aplique o calcário

O calcário pode ser aplicado de duas formas: distribuição do calcário na superfície sem a devida subsequente incorporação (plantio direto) ou distribuição do calcário acompanhada de incorporação por aração e gradagem (plantio convencional).

Seja qual for a forma escolhida, é preciso aplicar o calcário dois meses antes do plantio para que ele tenha tempo suficiente de ser incorporado ao solo.

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Quais os tipos de calcário utilizados para fazer a calagem do solo?

A fórmula de calcário se traduz em CaCO3. Na prática, ele é obtido pela moagem de rocha calcária e possui carbonato de cálcio (CaCO3) e magnésio (MgCO3) em sua composição. Pode ser classificado em três tipos:

  • Calcíticos: contém maior concentração de carbono de cálcio (CaCO3) e baixo teor de carbonato de magnésio (MgCO3), abaixo de 10%. É indicado especialmente para solos carentes de cálcio;
  • Dolomíticos: dispõe de um teor de MgCO3 acima de 25%. Sendo assim, é recomendado para o reparo do solo com deficiência em cálcio e magnésio;
  • Magnesianos: possui de 10% a 25% de MgCO3. Por isso, é apropriado para solos com deficiência em magnésio.

Como escolher o tipo de calcário para utilizar na calagem do solo?

Para escolher o tipo de calcário a ser utilizado na calagem, será necessário considerar três pontos principais:

  • Relação entre cálcio e magnésio do solo;
  • Cultura a ser implantada;
  • Nível de acidez do solo.

Nesse caso, o recomendado é analisar a concentração de cálcio e magnésio na terra e seu nível de acidez. Além disso, o ideal é conferir o poder de neutralização e reatividade por meio do Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) registrado na embalagem do produto.

Assim, caso os calcários pesquisados tenham a mesma quantidade de PRNT, escolha o que tem maior Poder de Neutralização (PN) para corrigir a acidez de forma mais rápida.

Como fazer o cálculo de calagem?

O cálculo de calagem pode ser realizado por meio de alguns métodos que permitem identificar a necessidade de calagem.

Esses cálculos são realizados com base em conceitos básicos como soma das bases, CTC’s efetiva (t) e potencial (T), saturação das bases (V%), saturação por alumínio (m%), porcentagem de saturação de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e de potássio (K) e relação Ca/Mg.

Método da elevação da porcentagem de saturação por bases

O cálculo de calagem baseado no método da elevação da porcentagem de saturação de bases consiste na seguinte fórmula:

t.ha-¹ de calcário = (V2 – V1).T/PRNT

V2 = 70% (saturação por bases desejada).
V1 = saturação por bases atual (análise do solo) = [(Ca²+ + Mg²+ + K+).100] /T.
T = capacidade de troca catiônica [Ca²+ + Mg²+ + K+ + (H + Al)], em cmolc.dm-³.
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado.

Método da neutralização do Al³+ e fornecimento de Ca²+ + Mg²+

Da mesma forma podemos realizar o cálculo de calagem baseado no método da neutralização do Al³+ e fornecimento de Ca²+ + Mg²+ .

t.ha-¹ de calcário = Y.[Al³+ – (mt.t/100)] + [X-(Ca²+ + Mg²+)].100/PRNT

X= exigência em cálcio e magnésio pela cultura.
Mt = máxima saturação por alumínio admitida pela cultura.
Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do solo. Em geral, é possível determinar conforme a textura.

Para solos arenosos (0 a 15% de argila), textura média (16 a 35% de argila), argilosos (36 a 60% de argila) e muito argilosos (61 a 100% de argila).

Nesse sentido, são utilizados os valores de Y (0 a 1,0; 1,0 a 2,0; 2,0 a 3,0 e de 3,0 a 4,0 respectivamente).

Conclusão

Neste texto, aprendemos que a calagem possui grande importância no preparo do solo, já que por meio dela é possível diminuir a acidez e garantir a disponibilidade de nutrientes para as culturas.

Entre os principais benefícios da calagem do solo, podemos citar: fornecimento de nutrientes, melhora na fertilidade do solo e redução da toxidez de alumínio e manganês.

Vale lembrar que para realizar a calagem, é necessário calcular a quantidade adequada de calcário a ser aplicada por meio do cálculo de calagem.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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