Imagem de destaque para artigo sobre tecnologia pós-colheita no Blog AgriQ. (Créditos: Freepik)

Pós-colheita: técnicas para conservar e armazenar produtos agrícolas

Pós-colheita: técnicas para conservar e armazenar produtos agrícolas

A etapa da pós-colheita é de extrema importância para a produção agrícola. Sem as práticas adequadas, os alimentos podem perecer ou perder a qualidade, afetando a comercialização e consequentemente, a produtividade e lucros do produtor rural.

Neste artigo vamos explicar o que é pós-colheita, quais são as principais causas de perda dos alimentos e como evitá-las.

Confira a seguir!

O que é pós-colheita?

Em síntese, pós-colheita é o termo utilizado para se referir ao conjunto de técnicas, tecnologias e estudos aplicados após a colheita de uma cultura. O objetivo desse processo é garantir a conservação, armazenamento e minimizar as perdas dos produtos agrícolas.

Sendo assim, a pós-colheita começa no momento em que há a separação do produto do seu meio para ser utilizado como alimento e finaliza quando o produto é selecionado para o consumo final.

Esse processo é de extrema importância, visto que grande parte das perdas acontecem durante o manuseio, o armazenamento ou no transporte do produto.

Quais fatores interferem na conservação de alimentos na pós-colheita?

Antes de tudo, precisamos entender que a conservação dos alimentos está diretamente ligada à fisiologia pós-colheita.

Logo, enquanto os grãos e frutos estão conectados à planta, eles continuam recebendo os recursos necessários para a manutenção do seu metabolismo e desenvolvimento.

No entanto, quando esses grãos e frutos são colhidos, eles precisam consumir sua própria reserva de energia para se manterem saudáveis.

Por isso, como consequência, neste processo os produtos passam por diversas alterações, que podem acabar interferindo na sua qualidade.

Alguns dos aspectos que sofrem mudanças são, por exemplo, o sabor, aroma e até mesmo, o valor nutritivo do alimento.

Em geral, a degradação na qualidade desses alimentos está relacionada a fatores ambientais que podem retardar ou acelerar o estresse físico, como temperatura, condições meteorológicas e ataque de pragas e doenças.

Quais são as principais causas de perdas na pós-colheita?

Normalmente, as principais causas de perdas dos alimentos na etapa pós-colheita são as seguintes:

  • Armazenamento;
  • Transporte inadequado dos produtos;
  • Proliferação de pragas e doenças.

Vamos ver mais sobre cada um desses pontos abaixo!

Perdas no armazenamento

As perdas durante o armazenamento podem acontecer por diversos fatores. Nos grãos, por exemplo, é preciso ficar atento à temperatura, teor de umidade e umidade relativa do ar.

Na prática, o controle da temperatura no local de armazenamento ajuda a impedir o processo de deterioração. Dessa forma, é importante que o ambiente de armazenamento dos grãos tenha uma boa circulação de ar, de modo a garantir que eles sejam armazenados com o teor de umidade adequado.

No mais, vale ressaltar que antes de armazená-los, é fundamental fazer uma limpeza nos grãos. Isso porque a palha, restos de vagem e de plantas favorecem as perdas, pois dificultam a passagem de ar e aeração do grão.

Perdas no transporte

De acordo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil perde muito no transporte de grãos, seja pelas más condições das rodovias, por frotas mal preparadas ou por descuido dos motoristas dos caminhões.

No caso dos grãos, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) recomenda que o translado seja feito em veículos com carrocerias que possuem guardas laterais fechadas, telas metálicas ou com malhas de dimensões que impeçam o desperdício do material durante a viagem.

Além disso, a carga precisa ser coberta por uma lona, que deve estar em bom estado e ancorada à carroceria do veículo.

Ademais, é importante ficar atento às dimensões dos veículos. Os dados referentes aos tipos de carrocerias são organizados pelo Contran e devem ser seguidos à risca para evitar penalidades.

Cada produto exige cuidados específicos durante o transporte — os frutos, por exemplo, pedem precauções associadas à elevação da temperatura. Nesse caso, algumas práticas como cobrir o veículo com lona clara, reduzir tempo entre colheita e transporte e evitar horários mais quentes são essenciais para minimizar as perdas.

Proliferação de fungos, pragas e insetos

O surgimento de pragas, fungos e insetos é outro fator que merece atenção, visto que, o apodrecimento e a deterioração dos grãos podem ser, muitas vezes, causados pela ação desses patógenos.

Em geral, alguns especialistas sugerem que a temperatura ideal para afastar os insetos dos grãos, na época do verão seja abaixo de 10º C.

Além disso, é importante destacar que práticas como manejo fitossanitário, secagem dos grãos e colheita com o teor adequado ajudam a evitar a proliferação de fungos e pragas e, consequentemente, a perda desses produtos.

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Como evitar perdas pós-colheita?

Em resumo, podemos dizer que os principais fatores que contribuem para as perdas na pós-colheita são o armazenamento inadequado, logística de transporte incorreta e a contaminação por pragas, insetos e fungos.

Então, para evitar esses problemas e reduzir perdas, o produtor rural deve tomar medidas importantes como:

  • Aplicação de técnicas de manuseio antes e depois da colheita;
  • Armazenamento correto dos alimentos;
  • Investimento em tecnologias que facilitem o transporte e a gestão agrícola.

De que forma a tecnologia pode contribuir para redução de perdas na etapa pós-colheita?

A agricultura digital pode ajudar o produtor rural em todas as etapas de cultivo, inclusive na pós-colheita.

Assim como nas demais etapas produtivas, a automação dos sistemas podem auxiliar a gestão de processos de beneficiamento, minimizando custos e perdas quantitativas e qualitativas associadas aos produtos.

Entre as principais ferramentas da agricultura digital, podemos citar como exemplos:

  • Drones;
  • Imagens via satélite;
  • Softwares e aplicativos para monitoramento de operação e gestão;
  • Uso de inteligência artificial.

Pós-colheita e o cenário global

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), o mundo descarta aproximadamente um terço dos alimentos produzidos globalmente, o que equivale a 1,3 bilhão de toneladas anuais.

Nesse cenário, em países como Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, que concentram a maior parte de resíduos no final da cadeia, o percentual de alimentos desperdiçados ultrapassa um terço da produção.

Nos países em desenvolvimentos o desperdício também é alto, sendo que as perdas ocorrem desde o manejo da lavoura e etapas pós-colheita até chegar no varejo e consumidor final.

Diante disso, a FAO estima que 28% dos alimentos que chegam ao fim da cadeia nos países latino-americanos são desperdiçados.

Assim, enquanto o Brasil descarta mais do que seria necessário para neutralizar a insegurança alimentar no país, um quarto do lixo agregado dos EUA e da Europa seria suficiente para alimentar 800 milhões de pessoas que vivem em situação de fome no mundo.

Brasil

O Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam alimentos durante a etapa de pós-colheita. De acordo com estudos da FAO, cerca de 30% de toda produção do país — em média 40 mil toneladas por ano — é perdida comercialmente. Esse dado representa um prejuízo estimado de 940 bilhões de dólares.

Para o Brasil, as estimativas são preocupantes. Nesse cenário, produtos com maior durabilidade, como grãos e cereais, encontram-se na faixa de 5% a 30%, representando mais de cinco milhões de toneladas. Já o hortifruti representa um maior número, podendo variar de 15% até quase 100% de perda.

Em resumo, a falta de conhecimento dos processos fisiológicos da planta, assim como a falta de infraestrutura e logística de distribuição são os principais fatores responsáveis pelos dados apontados.

Conclusão

Apesar de ser considerado um dos maiores produtores de alimentos no mundo, o Brasil tem perdas elevadas na pós-colheita. Isso se deve a falta de conhecimento em relação aos diversos procedimentos que devem ser aplicados, em especial no manuseio, armazenamento, transporte e manejo de pragas.

Neste artigo, vimos os fatores que afetam a conservação dos alimentos, as principais causas de perdas na etapa de pós-colheita e como evitá-las.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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