Imagem de destaque para artigo sobre Manejo Integrado de Pragas (MIP) no Blog AgriQ. (Créditos: Freepik)

Manejo Integrado de Pragas: qual sua importância para a lavoura?

Manejo Integrado de Pragas: qual sua importância para a lavoura?

Uma técnica de manejo de pragas que diminua a aplicação de defensivos agrícolas e traga mais sustentabilidade para a sua lavoura: você a conhece?

Estamos falando do Manejo Integrado de Pragas (MIP), sistema que adota diversas medidas para manter as pragas abaixo de um nível que cause danos econômicos à cultura.

Conheça mais sobre ele e os benefícios que ele pode trazer para a sua lavoura abaixo:

O que é o Manejo Integrado de Pragas?

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um sistema que utiliza diferentes técnicas, associando o contexto ambiental da lavoura e a dinâmica populacional da espécie, para fazer o manejo de pragas na lavoura.

No MIP, diferentemente da pulverização, a ideia não é eliminar a praga, mas sim fazer seu controle por meio da integração de métodos que trabalham diversos aspectos —  físico, biológico, químico, entre outros — para manejar o alvo. O principal é evitar que as pragas se multipliquem a ponto de causarem dano econômico à lavoura.

Para avaliar qual o nível populacional de pragas, a população dos insetos é classifica em três diferentes níveis:

  • Nível de equilíbrio (NE): nível populacional médio de uma praga por um longo período de tempo e que não representa ameaça para a lavoura.
  • Nível de controle (NC): menor nível de densidade populacional da praga, quando é preciso adotar o MIP para que a população não afete a cultura economicamente.
  • Nível de dano econômico (NDE): menor nível de densidade populacional da praga que pode prejudicar a lavoura economicamente.
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Relação da densidade populacional de pragas com o tempo. Quando a população atinge o nível NC, é adotado o MIP para que ela retorne ao NE (Créditos: Boas Práticas Agronômicas)

Como surgiu o Manejo Integrado de Pragas?

As primeiras pesquisas sobre o MIP surgiram na década de 40, como resposta aos problemas causados pela dependência de produtos químicos, utilizados no controle das pragas.

A busca por uma maior produtividade agrícola das safras, intensificada no contexto pós Segunda Guerra e especialmente, durante a Revolução Verde na década de 60, ampliou o uso de defensivos agrícolas nas lavouras.

No entanto, o uso dos produtos quase sem restrições causava preocupação aos pesquisadores. A aplicação indiscriminada poderia levar as pragas a adquirir resistência aos produtos, levando ao seu ressurgimento na lavoura ou a surtos secundários.

Além disso, também haviam outras questões que precisavam ser consideradas em relação ao uso sem controle dos defensivos agrícolas, como a poluição do meio ambiente, os riscos que os produtos oferecem à saúde humana e a destinação final de seus resíduos e embalagens.

Para resolver essas questões e trazer uma visão mais holística para a agricultura, entomologistas como Ray F. Smith e A. E. Michelbacher, que pesquisavam controles biológicos para lavouras, propunham uma abordagem que tolerasse níveis baixos de populações de pragas. Assim, espécies inimigas naturais delas conseguiriam, sozinhas, diminuir a densidade populacional, sem ser necessário utilizar produtos químicos. Esse método ficou conhecido como Controle Integrado de Pragas (CIP).

A partir dessa perspectiva e unindo outras estratégias de controle, surgiu então o manejo integrado de pragas. O termo substituiu o CIP por representar melhor a ideia de uma ação estratégica e desde a década de 70, é adotado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês)

Quais são os pilares do Manejo Integrado de Pragas?

A estrutura do MIP se baseia nos seguintes fatores:

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Na imagem acima, destacados em azul, nós temos os pilares do MIP, que são os tipos de controle que podem ser utilizados no sistema: controle cultural, controle biológico, controle cvomportamental, controle genético, controle vegetal e controle químico.

Conheça mais sobre cada um deles abaixo:

Controle cultural

Tipo de controle voltado para a redução da disponibilidade de alimentos para a praga, de forma a diminuir seu aumento populacional durante o período da entressafra — entre o fim da colheita e o início da próxima.

Alguns métodos que podem ser utilizados como controle cultural são:

  • Rotação de culturas: alternar o plantio de diferentes culturas, de forma ordenada, em um determinado período, durante a mesma área e estação do ano;
  • Poda: retirada de partes das plantas com diversos fins, como aumentar sua vitalidade, adequá-la a um formato e tamanho adequado, entre outros;
  • Cultura no limpo: plantio em uma área limpa, sem plantas daninhas e restos vegetais de safras anteriores;
  • Destruição de restos da cultura anterior: feita após a colheita, a prática a diminuir o número de pragas pois retira o ambiente propício para seu desenvolvimento;
  • Escolha da época de plantio e colheita: saiba quais são os períodos e as condições que favorecem o desenvolvimento das pragas para lhe ajudar a definir a melhor época para o plantio e colheita da cultura;
  • Adubação e irrigação: as plantas mais úmidas e com substâncias solúveis disponíveis em seu solo favorecem o desenvolvimento das pragas. Por isso, é importante que ambos sejam feitos com equilíbrio;
  • Plantio direto: cultivo por cima da palhada seca da produção anterior. Geralmente, é feito com rotação de culturas.

Controle biológico

Técnicas de controle das pragas por meio dos seus inimigos naturais da cadeia alimentar — ou seja, seus predadores.

Os inimigos naturais das pragas podem ser insetos, parasitoides e microrganismos como fungos, vírus e bactérias.

Controle comportamental

Neste tipo de controle, a ideia é utilizar métodos que explorem os sinais químicos entre os seres vivos. Geralmente, isso é feito por meio da construção de armadilhas, que capturam os insetos ao atraí-los por meio da luz, feromônios, entre outros.

Controle genético

Aqui, a manipulação do genoma é a solução para o controle da praga. Isso é feito de forma que seu potencial reprodutivo seja reduzido, com a modificação do genoma para que os machos da espécie sejam estéreis, por exemplo.

Por ser uma técnica mais avançada e cara, ainda não costuma ser tão utilizada.

Controle varietal

Nesta técnica, a solução para o controle de pragas vem das próprias plantas. Em vez de serem cultivadas as variedades usuais, são utilizadas as versões transgênicas.

Como isso funciona? As variedades geneticamente modificadas possuem proteínas inseticidas (Bt) inseridas em seu DNA, os que a tornam resistentes a algumas pragas.

Controle químico

O controle químico consiste na aplicação de agrotóxicos — ou seja, a pulverização agrícola. Neste método a ideia é apenas atingir as pragas, sem prejudicar os inimigos naturais delas e os insetos polinizadores.

Alicerce do Manejo Integrado de Pragas

Agora que vimos os tipos de controle utilizados no MIP, vamos conhecer quais são os princípios utilizados para a tomada de decisão de qual tipo de controle será utilizado.

1. Agroecossistema: condições ambientais

Para definir qual tipo de controle é ideal para sua necessidade, é preciso conhecer as condições ambientais da sua lavoura.

Como fazer isso? Identificando alguns pontos, como:

  • Estágio de desenvolvimento da cultura: nem todos os tipos de controle são viáveis para todas as fases da planta. No caso do químico, em que são utilizados agrotóxicos, é preciso saber qual o estágio para que a aplicação do produto seja feita no momento correto;
  • Fatores climáticos: a temperatura e outras condições, como umidade, influenciam no desenvolvimento das pragas;
  • Pragas que podem prejudicar a cultura: é preciso conhecer as espécies, além de seus hábitos e inimigos naturais, para saber se é possível adotar um controle biológico, por exemplo.

2. Níveis de controle

Está lembrado do nível de controle, que explicamos no início do texto?

Conhecê-lo é essencial para definir qual o tipo de controle a ser utilizado! A medida, que define a menor densidade populacional da praga a afetar a cultura economicamente, varia de acordo com alguns critérios, como:

  • Espécie da praga;
  • Ciclo atual da cultura;
  • Clima da região.

3. Monitoramento (amostragem)

O monitoramento consiste em amostragens periódicas das pragas. Ele é feito por meio de armadilhas, feitas para capturar os insetos, ou pela contagem direta do número dos animais nas plantas ou no solo.

As amostragens devem ser feitas periodicamente, para verificar se a densidade populacional das pragas não está acima do nível de controle. Caso seja este o indicativo, então deve ser adotado o MIP.

O número recomendado de pontos de amostragens varia de acordo com o tamanho da área em hectares. Em cada um desses locais, deve ser examinado, no mínimo, cinco ou seis plantas.

O ideal é que a cada monitoramento, sejam anotados os registros das amostragens. Essas informações podem ser anotadas como o produtor desejar, desde uma forma mais simples, com papel, ou até mesmo utilizando aplicativos e softwares.

4. Informações taxonômicas

Para fazer um monitoramento efetivo, é preciso saber reconhecer as espécies que podem prejudicar sua lavoura.

Você consegue fazer a identificação correta por meio da taxonomia — classificação e nomenclatura — das espécies. Além disso, é preciso conhecer como as pragas se manifestam em suas diversas fases, desde os ovos até as mariposas.

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Quais as vantagens do Manejo Integrado de Pragas?

Existem diversos benefícios em adotar o MIP. Alguns deles são:

1. Controle de pragas

A vantagem mais óbvia do MIP, mas que precisa ser reforçada — o sistema não ganhou adeptos em todo o mundo por nada! Com as técnicas integradas, é possível fazer o controle efetivo das pragas de forma menos agressiva ao meio ambiente e, ainda assim, de maneira eficiente.

2. Diminui o impacto ambiental

Com o uso de diferentes tipos de controle das pragas além do químico, você reduz o uso de defensivos agrícolas na lavoura.

A adoção de técnicas que trabalham com as próprias características da praga (como o controle biológico) interfere menos na forma como os elementos interagem no ambiente. Dessa forma, sem ou com menos interferência de produtos químicos, o impacto no agroecossistema é menor.

3. Preserva a biodiversidade do ecossistema

Com a adoção desses tipos de controle mais naturais, as interferências no ecossistema do ambiente onde a lavoura está localizada são menos agressivas.

Os insetos que são pragas das lavouras, apesar de afetá-las negativamente, são parte de um ecossistema. Ao serem eliminados desta comunidade, pode haver um desequilíbrio na cadeia alimentar dos seres vivos da região e na própria forma como eles interagem, que gera consequências negativas na biodiversidade do local.

4. Aumento da produtividade da lavoura

Além de diminuir o impacto ambiental, o MIP também pode melhorar a produtividade da lavoura.

Isso é possível não apenas pelos resultados positivos da integração de diferentes técnicas de controle, mas também porque o MIP exige um monitoramento constante das pragas.

As amostragens recorrentes permitem que o produtor acompanhe de perto como está o desenvolvimento das populações de insetos, o que diminui as chances dele ser surpreendido pelos animais em um estágio de desenvolvimento da cultura que causa perdas.

Quais são as desvantagens de adotar o Manejo Integrado de Pragas?

Para adotar o MIP, é preciso se planejar e gerir a lavoura com cuidado e eficiência.

Essas administração exige não apenas tempo, mas também profissionais especializados, que saibam trabalhar e monitorar o sistema. Por conta disso, os custos do MIP podem ser maiores do que um controle de pragas mais comum. No entanto, seus benefícios à longo prazo o tornam um sistema eficaz.

Receituário agronômico e Manejo Integrado de Pragas

O MIP vai ser utilizado no controle de pragas da sua lavoura?

O receituário agronômico, documento com a prescrição de uso do defensivo agrícola, conta com uma seção dedicada apenas ao sistema. Nela, estão as orientações de como a aplicação do produto pode ser utilizada a outras formas de controle.

Confira abaixo um exemplo de receita agronômica emitida pelo AgriQ e as recomendações para o manejo integrado de pragas:

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Seção de Manejo Integrado de Pragas destacada em print de receita agronômica emitida pelo AgriQ

Por isso, o receituário agronômico é considerado a base legal para o MIP, já que as orientações técnicas são feitas por um profissional legalmente habilitado após o diagnóstico da lavoura.

De acordo com o tipo de controle recomendado para o MIP, a prescrição da dosagem pode ser menor do que a recomendada pelo fabricante. Isso é possível já que no sistema, a aplicação de defensivos agrícolas é feita em menor quantidade.

Além disso, não são apenas os produtos químicos que são prescritos com o uso de receituário agronômico. Agentes biológicos indicados para o controle das pragas também devem ser recomendados por meio do documento.

Conclusão

E aí, conseguiu entender mais sobre o manejo integrado de pragas?

Conheça mais sobre como as soluções em receituário agronômico do AgriQ podem te ajudar na gestão do MIP! Comece hoje mesmo a utilizar na plataforma e emita as suas receitas agronômicas conforme a legislação federal e estadual.

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Julie Tsukada

Jornalista e Analista de Conteúdo no Conexa, hub de inovação da Aliare.

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