Infecção do fungo Beauveria bassiana, muito utilizado no controle biológico de pragas, em inseto (Créditos: Yuangeng Zhang | Shutterstock)

Controle biológico: importância, benefícios e técnicas

Controle biológico: importância, benefícios e técnicas

O controle biológico é um método utilizado para controlar a presença de pragas agrícolas nas lavouras a partir do uso de substâncias e inimigos naturais.

Na prática, ele consiste em uma tática de manejo que se baseia no uso de predadores, parasitoides, fungos e vírus para controlar insetos indesejados, plantas daninhas e doenças.

Neste artigo, vamos explicar como funciona o controle biológico, seus principais tipos e vantagens para as lavouras.

Acompanhe a seguir!

O que é controle biológico?

Em síntese, o controle biológico é um método que utiliza organismos ou substâncias naturais para prevenção, redução e erradicação de pragas e doenças nas culturas.

Nesse sentido, o controle biológico de pragas se baseia no emprego de predadores, parasitoides, fungos e vírus para controlar insetos indesejados, plantas daninhas e doenças.

Em resumo, seu objetivo é controlar organismos-praga a partir de seus inimigos naturais. Logo, o monitoramento de doenças e pragas, planejamento e aplicação correta são fundamentais para obter sucesso por meio desse método.

Controle biológico no Brasil

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil está na liderança mundial no uso de controle biológico nas lavouras e já exporta tecnologias da área para outros países.

Nesse cenário, entre 2018 e 2022, o mercado brasileiro de biodefensivos cresceu 62% em comparação com o aumento de cerca de 16% no mercado global durante o mesmo período.

Segundo pesquisa realizada pela CropLife Brasil em parceria com a S&P Global sobre o uso de produtos biológicos, o mercado brasileiro total de biodefensivos, considerando todas as culturas e regiões do país, cresceu 219% entre a safra de 2019/2020 e a de 2021/2022.

A pesquisa da S&P Global estima um valor próximo a R$ 17 bilhões para o setor até 2030, levando em consideração uma taxa de crescimento anual entre 2022 e 2023 de 23%. Do lado dos agricultores, 58% acreditam que o mercado deve avançar nos próximos anos.

Como é feito o controle biológico na agricultura?

O controle biológico pode ser realizado por meio de três maneiras. São elas: parasitismo, predação e patogenecidade.

Na prática, o parasitismo e predação estão relacionados aos macrorganismos, enquanto a patogenicidade aos microrganismos. Entenda a seguir:

  • Parasitismo: os parasitoides tendem a ser específicos em relação ao hospedeiro, explorando seu corpo em uma ou mais fases da vida (ovos, fases jovens ou adultos). De forma a aproveitar os recursos disponíveis para completar seu ciclo em um único hospedeiro, o parasitoide não causa a sua morte imediata;
  • Predação: consiste no ato de predar, ou seja, consumir as presas (pragas). Alguns exemplos de predadores são os insetos e ácaros predadores. Em geral, precisam de muitas presas para completar seu ciclo de vida;
  • Patogenicidade: é a forma como os microrganismos regulam as populações de pragas. Assim, ao infectar os hospedeiros, os fungos, bactérias, vírus e demais agentes provocam processos patogênicos, resultando na morte das pragas.

Quais são os tipos de controle biológico?

Na prática, existem quatro tipos de controle biológico. Confira a seguir como cada um funciona!

1. Controle biológico natural

O controle biológico natural tem o objetivo de controlar as pragas e insetos que são vetores de doenças e garantir o equilíbrio da lavoura. Para isso, esse método preserva os inimigos naturais presentes no ambiente.

Dessa forma, é fundamental que o produtor adote o uso de inseticidas e produtos químicos seletivos aos inimigos naturais da área.

Além disso, também é importante conservar plantas atrativas próximas ao cultivo, para que esses agentes se alimentem de presas ou hospedeiros alternativos presentes nessas plantas na ausência da praga na cultura.

2. Controle biológico de pragas clássico

O controle biológico de pragas clássico é recomendado para proteger culturas perenes ou semiperenes. Afinal, seu efeito ocorre a longo prazo.

Nesse caso, é realizado o manejo de pragas exóticas por meio da liberação de inimigos naturais, ou seja, predadores ou parasitoides originários de outros países ou regiões distantes.

Nesse método clássico, a liberação é feita aos poucos, de modo que a população inoculada (pequeno número de inimigos naturais) se multiplica e permanece no local com o passar do tempo.

3. Controle biológico artificial

No controle biológico artificial utiliza-se os inimigos naturais criados em laboratórios em grandes quantidades. Assim, é feita a liberação deles em locais onde há infestação de pragas.

Como há a produção desses inimigos em grande quantidade, eles são liberados aos montes. Nesse sentido, o controle é realizado de forma rápida.

4. Controle biológico de pragas conservativo

O controle biológico conservativo tem o intuito de preservar e aumentar as populações de inimigos naturais. Para isso, é necessário disponibilizar alimentos alternativos como néctar e pólen, assim como criar um ambiente de refúgio e proteção para eles.

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Vantagens e desvantagens do controle biológico de pragas

O controle biológico de pragas pode beneficiar a produção agrícola em diversos aspectos. No entanto, também representa um desafio para os produtores por conta da sua complexidade.

Confira a seguir as vantagens e desvantagens dessa prática!

Vantagens

Entre as principais vantagens oferecidas por esse modelo de controle de pragas, podemos citar a redução de custos, maior rentabilidade e sustentabilidade. Entenda!

Redução de custos

O controle biológico é capaz de manter o local de plantio em equilíbrio. Assim, não é necessário promover intervenções frequentes como o uso de fertilizantes, inseticidas, fungicidas e pesticidas.

Como resultado, o produtor consegue reduzir custos com produtos químicos, maquinário e, até mesmo, com a mão de obra.

Maior rentabilidade

Embora o custo de introdução de uma nova espécie seja maior, esse método é mais rentável a longo prazo. Afinal, é uma tática que se aplica uma vez devido ao ciclo de vida livre e condições do ecossistema.

Sustentabilidade

A sustentabilidade é outra grande vantagem oferecida pelo controle biológico. Afinal, essa prática é capaz de proteger a biodiversidade, visto que age seletivamente sobre o organismo-praga, evitando o desequilíbrio no agroecossistema.

Além disso, como há a redução do uso de inseticidas químicos, é possível diminuir problemas relacionados a intoxicação, contaminação e resistência das pragas-alvo.

Desvantagens

Na prática, esse tipo de controle de pragas é um tanto complexo, pois exige um planejamento e gerenciamento intensos. Isso porque, no lugar de eliminar, o objetivo é criar e preservar organismos benéficos.

Contudo, o processo é mais lento em função da sua especificidade, que pode ser um entrave para as culturas com muitas pragas.

Ademais, os agentes de controle biológico sofrem alta influência negativa de fatores abióticos como temperatura, umidade e luminosidade, assim da elevada carga de produtos fitossanitários (principalmente inseticidas) utilizados nas lavouras.

Recomendações para uso de biodefensivos no controle biológico

Ao optar por utilizar o controle biológico no combate das pragas agrícolas, o produtor precisa estar atento em relação às particularidades dos produtos utilizados nesse método. Veja algumas recomendações importantes!

Aplicação

Antes de aplicar os produtos biológicos, é necessário consultar a dose indicada pelo fabricante. Caso o produtor utilize uma dose menor com o intuito de economizar, o biodefensivo não vai funcionar da maneira adequada.

Outro ponto importante a ser analisado é a qualidade do produto — ou seja, a viabilidade deve estar acima 80%, índice garantido pelo fabricante e verificado por laboratórios credenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Ademais, a forma adequada de aplicar o produto é fundamental para alcançar os resultados desejados. Assim, para evitar erros, recomenda-se realizar um ensaio preliminar para calibrar o pulverizador, com água e papel sensitivo à água.

Escolha do produto adequado

Ficou com dúvidas em relação qual produto escolher? Uma opção é consultar fontes confiáveis de informações como a plataforma Agrofit do Mapa, que reúne dados atualizados sobre todos os produtos químicos e biológicos registrados com indicação de uso, dose recomendada, técnicas de aplicação e bulas.

Receituário agronômico

Para aplicar os biodefensivos no controle biológico de pragas será necessário o uso de receituário agronômico, que consiste em um documento com a prescrição de uso dos defensivos agrícolas. Sua emissão é obrigatória para toda venda de agrotóxico.

A prescrição do defensivo agrícola — ou seja, a receita agronômica— deve ser realizada por um responsável técnico legalmente habilitado.

Normalmente a emissão do documento ocorre após a visita do profissional à lavoura. Lá, ele realiza o diagnóstico do problema que está afetando a cultura.

Após esta análise, o profissional deve indicar qual é o defensivo e a quantidade ideal do produto que deve ser aplicada para controlar o alvo.

Conclusão

Como vimos, o Brasil está na liderança mundial no uso de controle biológico nas lavouras e a tendência é que a adesão desse método cresça ainda mais nos próximos anos.

Contudo, o uso de organismos ou substâncias naturais no combate de pragas oferece diversas vantagens para os negócios rurais que desejam adotar práticas sustentáveis sem perder a produtividade e qualidade dos produtos agrícolas.

Gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre bioinsumos.

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Até a próxima!

Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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