Planta de milho com sintomas de enfezamento, doença transmitida pela cigarrinha-do-milho (Créditos: Shutterstock)

Cigarrinha-do-milho: como combater essa praga?

Cigarrinha-do-milho: como combater essa praga?

A cigarrinha-do-milho é o inseto vetor de patógenos que causam doenças e danos significativos nas lavouras de milho, podendo comprometer até 100% da produção caso não seja controlado.

Neste artigo, vamos explicar como identificar a cigarrinha-do-milho e quais são os melhores métodos para combater essa praga.

Acompanhe a seguir!

O que é a cigarrinha-do-milho?

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é um inseto sugador responsável por transmitir patógenos causadores de doenças nas lavouras de milho.

Na prática, essa praga adapta-se bem às condições tropicais do Brasil, sendo favorecida pelo plantio de milho safrinha.

Como identificar a cigarrinha-do-milho?

A cigarrinha-do-milho é uma das principais pragas do milho (Créditos: Agrobayer)
A cigarrinha-do-milho é uma das principais pragas do milho (Créditos: Agrobayer)

Em síntese, a cigarrinha-do-milho pertence à ordem Hemiptera e à família Cicadellidae, com distribuição restrita à América do Norte, América Central e América do Sul.

Na fase adulta, esse inseto mede entre 3 mm e 4 mm e possui uma coloração levemente esbranquiçada, branco-palha ou acinzentada. As ninfas têm uma coloração amarelo-pálida, medem 1 mm no primeiro estádio e chegam a 4 mm no último estádio.

Cada fêmea pode pôr de 400 a 600 ovos. Esses ovos são esbranquiçados, quase transparentes, e medem em torno de 1 mm de comprimento.

Em geral, adultos e ninfas vivem em colônias no cartucho e em folhas jovens do milho, onde se alimentam, sugando a seiva da planta.

De acordo com a Embrapa, essa praga faz postura sob a epiderme da folha, preferencialmente na nervura central do cartucho da plântula.

Em geral, os adultos podem durar até 8 semanas, sendo que o ciclo de vida da cigarrinha-do-milho gira em torno de 25 a 30 dias, em uma temperatura média de 25°C.

Contudo, essa praga pode infestar a lavoura em qualquer fase de desenvolvimento do milho, inclusive no período de estabelecimento da cultura. No entanto, o inseto tem preferência por plantas jovens.

Quais são as doenças transmitidas pela cigarrinha-do-milho?

Entre as doenças transmitidas pela cigarrinha-do-milho estão o enfezamento vermelho e a risca do milho. Veja como elas são causadas e conheça os principais sintomas!

Enfezamento vermelho

Planta de milho com sintomas de enfezamento vermelho (Créditos: IDR-Paraná)
Planta de milho com sintomas de enfezamento vermelho (Créditos: IDR-Paraná)

O enfezamento vermelho é provocado por um fitoplasma (Maize Bushy Stunt Phytoplasma). Assim, quando as plantas são atacadas, elas ficam com as folhas amareladas/avermelhadas, iniciando pelas bordas, perfilhamento e proliferação de espigas por planta.

As cultivares também podem apresentar:

  • Clorose;
  • Amarelecimento das folhas sem avermelhamento;
  • Perfilhamento e proliferação de espigas (até seis ou mais por planta);
  • Acamamento pelo desenvolvimento de poucas raízes.

Risca do milho ou raiado fino

Folha de milho com pontos cloróticos, em formam de risca fina, clássicos sintomas da doença raiado fino (Créditos: Revista Cultivar)
Folha de milho com pontos cloróticos, em formam de risca fina, clássicos sintomas da doença raiado fino (Créditos: Revista Cultivar)

O agente causador da risca do milho é o Maize rayado fino virus (MRFV), que pertence ao gênero Marafivirus, família Tymoviridae, considerado um dos mais importantes vírus do milho em diversos países.

O principal sintoma dessa doença consiste na formação de pequenos pontos cloróticos nas folhas que podem coalescer com a evolução da doença, formando linhas ao longo das nervuras.

No Brasil, sua incidência está geralmente relacionada à ocorrência dos enfezamentos. No entanto, sua correlação com os sintomas dos enfezamentos ainda precisa ser esclarecida.

Ademais, a infecção precoce por MRFV pode acarretar na redução de crescimento e abortamento das gemas florais. Assim, culturas de milho infectadas com o MRFV não apresentam a extensiva coloração vermelha ou amarela associada à infecção pelos molicutes.

Quais são os danos que a cigarrinha-do-milho causa à cultura do milho?

A cigarrinha-do-milho pode causar diversos danos às culturas, sendo que eles são proporcionais ao número de plantas doentes e época de infestação.

Vale destacar que se o ataque ocorrer nos estádios iniciais de desenvolvimento da lavoura, maiores serão os danos causados.

Os principais danos causados por essa praga são:

  • Internódios curtos;
  • Planta pequena e improdutiva;
  • Espigas pequenas;
  • Falhas na granação;
  • Planta atacada seca precocemente;
  • Grãos chochos;
  • Proliferação de espigas;
  • Brotamento nas axilas das folhas;
  • Emissão de perfilhos na base das plantas;
  • Má-formação das palhas das espigas;
  • Proliferação de radículas;
  • Colonização de outros patógenos, causando acamamentos;
  • Perda total de produção.

Como fazer o controle da cigarrinha-do-milho?

O ideal é que o controle da cigarrinha-do-milho seja realizado por meio de um conjunto de práticas de manejo. Assim, é possível prevenir e reduzir as infestações dessa praga. Listamos as principais a seguir:

Manejo Integrado de Pragas (MIP)

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) reúne vários métodos inteligentes de manejo que ajudam a proteger a lavoura contra esse inseto. Logo, algumas medidas que podem ser adotadas nessa prática são:

  • Realize uma combinação dos diferentes métodos de controle como: químico, biológico e cultural;
  • Evite semeaduras tardias e cultivos subsequentes de milho;
  • Concentre as épocas de semeadura para reduzir a quantidade de cigarrinhas infectadas;
  • Faça o tratamento de sementes;
  • Jamais plante numa área contaminada até que a doença seja completamente eliminada do local;
  • Utilize somente sementes certificadas e fuja das piratas ou de procedência duvidosa;
  • Não faça o plantio em regiões próximas às lavouras que possuem sintomas de enfezamento ou de risca fina;
  • Adote a dessecação antecipada para eliminar plantas hospedeiras da cigarrinha;
  • Planeje cuidadosamente a colheita do milho e faça a regulagem e limpeza minuciosa do maquinário para evitar plantas tigueras.

Cultivares mais tolerantes

Outra medida muito importante é investir em cultivares mais tolerantes. No entanto, vale ressaltar que não existem cultivares lançadas especificamente para a resistência aos agentes causais dessas doenças.

Segundo a Embrapa, trabalhos de avaliação e resistência de cultivares comerciais têm sido realizados em diversas regiões do Brasil.

Monitoramento constante da lavoura

Em geral, quanto mais cedo a cigarrinha-do-milho atacar as plantações, maiores serão os danos causados pela doença. Por isso, a importância de monitorar constantemente a lavoura.

O recomendado é que esse monitoramento aconteça antes do plantio, já que os insetos podem migrar de cultivos próximos.

Nesse caso, utilizar tecnologias como ferramentas de apoio pode facilitar e otimizar o trabalho de monitoramento.

Conclusão

Neste artigo vimos que a cigarrinha-do-milho é um grande inimigo das lavouras de milho. Sua infestação pode ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento da cultura, inclusive no período de estabelecimento. No entanto, essa praga tem preferência por plantas jovens.

Também aprendemos que o controle da cigarrinha-do-milho deve ser realizado por meio de um conjunto de práticas de manejo. O objetivo não é só prevenir, mas reduzir a infestação dessa praga.

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Enfim, gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre controle de plantas daninhas.

Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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