Imagem de destaque para artigo sobre agricultura irrigada no Blog AgriQ. (Créditos: Shutterstock)

Agricultura Irrigada: como funciona e quais são as vantagens

Agricultura Irrigada: como funciona e quais são as vantagens

Você já empregou a agricultura irrigada na sua lavoura?

O termo abrange os métodos de irrigação utilizados para garantir a produtividade e o desenvolvimento adequado dos cultivos.

Continue a leitura e entenda como o que é agricultura irrigada, como ela funciona e quais suas vantagens para atividade agrícola.

Vamos lá?

O que é agricultura irrigada?

Em síntese, agricultura irrigada é o termo adotado para denominar as áreas agrícolas que empregam a irrigação em suas atividades.

Assim, quando nos referimos a agricultura irrigada, estamos falando de uma prática agrícola capaz de suprir a deficiência total ou parcial de água das plantas.

Para isso, utilizam-se métodos, equipamentos e sistemas para fornecer a quantidade necessária de água, maximizando os resultados de produção na lavoura.

Qual é o objetivo da agricultura irrigada?

A irrigação tem como principal objetivo fornecer meios mais viáveis de se lidar com a falta de recursos hídricos disponíveis.

Logo, quando há escassez de água em regiões específicas, a irrigação cumpre o papel de fornecer água suficiente para garantir a produtividade das culturas.

Além disso, com o uso da irrigação na agricultura, é possível evitar perdas de produção em decorrência da escassez de chuvas. Outra vantagem é a possibilidade de produzir em época de entressafra, bem como os ganhos em produtividade e qualidade no produto final.

Em resumo, com o manejo correto de irrigação, o produtor consegue aplicar a quantidade adequada de água no momento certo e, consequentemente, reduzir os custos de produção e aumentar a sustentabilidade do sistema produtivo.

Qual é a importância da agricultura irrigada no Brasil?

A baixa disponibilidade de água e irregularidade de chuvas são fatores que podem comprometer a produção das lavouras.

Nesse sentido, a irrigação na agricultura surge como uma alternativa para garantir a produtividade e evitar perdas e prejuízos para o produtor rural.

Ademais, a irrigação ajuda a viabilizar o potencial de outros insumos utilizados na atividade agrícola, como fertilizantes, sementes melhoradas em tratamento, defensivos agrícolas, entre outros.

Na prática, a agricultura irrigada é importante porque aumenta a oferta de alimentos e garante a segurança alimentar e nutricional da população mundial.

Vejamos alguns dos seus benefícios:

  • Aumenta a produção agrícola;
  • Eleva a oferta e regularidade de disponibilização de alimentos e outros produtos agrícolas;
  • Melhora a qualidade dos produtos agrícolas;
  • Diminui os custos de produção e aumenta a rentabilidade;
  • Promove o aumento da diversidade de culturas;
  • Moderniza sistemas de produção e estimula o uso de novas tecnologias.

Quais são os principais métodos utilizados na agricultura irrigada?

A princípio, podemos definir método de irrigação como a forma de aplicação da água na cultura.

Hoje, com a tecnologia atual, encontramos diferentes mecanismos, cada um com sua finalidade.

Sendo assim, atualmente temos quatro métodos principais de irrigação na agricultura: por superfície, aspersão, localizada e subirrigação.

Para cada método, existem dois ou mais sistemas de irrigação, que se diferenciam para atender as variações de solo, climas, culturas, disponibilidade de energia e condições socioeconômicas.

Por isso, é importante que o produtor rural conheça as vantagens e desvantagens de cada tipo de sistema de irrigação e suas peculiaridades. Afinal, é a partir dessas informações que ele vai decidir o sistema que melhor atende à sua necessidade.

Abaixo, vamos ver sobre cada um dos métodos e sistemas de irrigação. Nos acompanhe!

Irrigação por superfície

Foto de irrigação por superfície, um dos métodos de irrigação na agricultura. (Foto: Boas práticas agronômicas)

Foto: Boas práticas agronômicas

Como o próprio nome sugere, o método de irrigação por superfície consiste na distribuição da água através da gravidade na superfície do solo. Isso significa que a água é lançada diretamente no solo. Esse método não é recomendado para solos excessivamente permeáveis, uma vez que requer medidas efetivas de controle da erosão. Por ser relativamente simples, é um método que tem pouco apelo comercial. Entretanto, possui vantagens como:

  • Menor custo fixo e operacional em relação aos outros métodos;
  • Requer equipamentos simples e fáceis de operar;
  • Sofre pouco efeito de ventos;
  • Adapta-se à grande diversidade de solos e culturas;
  • Promove a diminuição do consumo de energia;
  • Não interfere nos tratamentos fitossanitários;
  • Permite a utilização de águas com sólidos em suspensão.

A irrigação por superfície possui dois sistemas: em nível e em declive.

Sistema em nível

No sistema em nível, a área a ser irrigada deve ser plana ou quase plana (menos de 0,1% de declive). O sistema em nível possui três tipos: tabuleiro em nível, faixa em contorno e sulcos em contorno.

Sistema em declive

O sistema em declive é caracterizado pela inclinação na superfície em uma das direções, variando de 0,1% até no máximo, 15%. São cinco os sistemas em declive: faixas em declive, canais de contorno, sulcos em declive, corrugação, sulcos em contorno.

Irrigação por aspersão

Foto de irrigação por aspersão, um dos métodos de agricultura irrigada (Foto: Agropós)
Foto: Agropós

O método de irrigação por aspersão imita a chuva. Nele, a aplicação dos jatos de água ocorre no ar, o que leva o líquido a cair sobre a cultura na forma de gotas.

Para isso, um aspersor expele água para o ar e através da resistência aerodinâmica, essa água se transforma em pequenas gotículas que caem sobre o solo e plantas.

Geralmente, esse método é indicado para solos com alta permeabilidade de baixa disponibilidade de águas. Como exemplo de culturas que utilizam essa forma de irrigação, temos as pastagens de grãos como milho, soja e feijão.

Entre as vantagens do sistema de irrigação por aspersão, estão:

  • Fácil adaptação aos diversos tipos de solo, culturas e topografia;
  • Possibilidade de automatização;
  • Desmontação e remoção das tubulações da área, o que facilita o preparo do solo.

Já as desvantagens são:

  • Alto custo de instalação e operação;
  • Sofre influência do vento e da umidade relativa.

Na prática, nesse método, é possível encontrar três tipos de sistemas: aspersão convencional, autopropelido e pivô central.

Sistema por aspersão convencional

Em geral, o sistema por aspersão convencional pode ser fixo, semifixo ou portátil. No sistema fixo, as tubulações são enterradas. Já no sistema semifixo, as linhas principais são fixas e as laterais são movidas ao longo das linhas principais.

É possível utilizar mini canhões em vez de aspersores. Essa troca permite a irrigação de áreas maiores, principalmente em culturas que protegem mais o solo e permitem a desuniformidade da irrigação.

Sistema autopropelido

Nesse sistema, um minicanhão é montado em um carrinho, que se desloca ao longo da área que receberá a irrigação. Conectado a hidrantes por meio de uma mangueira, o carrinho realiza a propulsão pela água.

O sistema autopropelido é comum na irrigação da cana-de-açúcar e pastagem, pois consome bastante energia e produz gotas grandes que prejudicam algumas culturas.

Sistema pivô central

Por cobrir áreas extensas, de até 117 hectares, geralmente recomenda-se o sistema pivô central.

Na prática, ele funciona como se fosse uma grande dobradiça de três partes, que estão conectadas entre si por juntas flexíveis.

Para sustentar cada parte, utilizam-se torres em formato de “A”. Cada uma delas possui rodas na base e movimento independente, sem depender uma das outras.

Normalmente, o gasto médio do sistema de pivô central é de 300 mil litros de água por hora. O Brasil possui cerca de 20 mil pivôs centrais que irrigam uma área de 1.275 milhão de hectares. Segundo levantamento da Embrapa e da Agência Nacional de Águas (ANA), entre 2006 e 2014 o uso de pivôs centrais no Brasil cresceu 43%.

Irrigação Localizada

Foto de irrigação localizada, um dos métodos de irrigação na agricultura (Foto: Irrigat)
Foto: Irrigat

No método da irrigação localizada, a aplicação da água ocorre por meio de emissores em partes da área que estão ocupadas pelas raízes das plantas.

Assim, a distribuição da água acontece através do solo, por meio da faixa úmida que se forma na região. Por isso, ao adotar esse método, é essencial conhecer as características do solo da lavoura.

São elas que determinam quais emissores serão adequados para a aplicação uniforme de cada planta.

Entre as opções disponíveis no mercado, temos emissores pontuais (gotejadores), lineares (tubo poroso ou “tripa”) ou superficiais (microaspersores).

De modo geral, recomenda-se a irrigação localizada sobretudo para solos densos, com baixa capacidade de infiltração. Afinal, nesse método, a água pode ser aplicada em fluxo baixo para que o solo a absorva, reduzindo ou eliminando o escorrimento superficial.

Os principais sistemas de irrigação localizada são: gotejamento e microaspersão.

Sistema de gotejamento

A aplicação da água no sistema de gotejamento ocorre na superfície do solo, de modo que a folhagem e o tronco das plantas não sejam molhados. Em geral, é possível instalar vários gotejadores próximos uns dos outros, junto à planta.

Isso ajuda no fornecimento correto de água para planta, além de umedecer a área mínima da superfície do solo.

Ademais, também se pode instalar os gotejadores sobre a linha, na linha ou numa extensão da linha, com o uso de um tubo gotejador conhecido como tripa fotejadora.

Algumas vantagens do sistema de gotejamento são:

  • Baixo custo de mão de obra, devido ao sistema automatizado;
  • Baixo custo de energia, visto que utiliza bombas de baixa vazão que consomem até 50% menos energia que os outros sistemas;
  • Menor perda por evaporação, pois a aplicação da água ocorre diretamente na raiz;
  • Eficiência na aplicação de fertilizantes e defensivos;
  • Adaptação aos diferentes tipos de solo;
  • Conservação do solo uniformemente úmido e com oxigênio;
  • Menor incidência de doenças fúngicas, pois as folhas não são molhadas;
  • Declividade do terreno não limita a irrigação.

Sistema de microaspersão

O sistema de microaspersão consiste basicamente em aplicar a água por meio de emissores rotativos ou fixos, que permitem umidificar uma área grande. Logo, é uma técnica indicada para culturas de espaçamentos mais largos, cultivadas em solos arenosos. Enquanto o sistema de gotejamento exige uma manutenção mais elaborada, a do sistema de microaspersão é bem mais simples. No entanto, é preciso observar que esse sistema pode sofrer influência do vento e do efeito da evaporação direta da água do jato, principalmente em áreas muito secas. Já em ambientes úmidos, a técnica pode contribuir para o desenvolvimento de doenças nas plantas.

Subirrigação

No método de subirrigação ou superficial, a aplicação da água ocorre abaixo da superfície do solo — isto é, diretamente nas raízes das plantas. Desse modo, o lençol freático fica a uma profundidade que permite um fluxo de água adequado para a raiz da cultura. Além disso, é possível utilizar essa técnica em conjunto a um sistema de drenagem. Dentre suas vantagens, temos:

  • Baixo custo de implantação, energia e manutenção;
  • Irrigação não é limitada por conta do vento;
  • Favorece o aumento da fotossíntese nas folhas mais baixas, devido ao reflexo da luz na água.

O que você precisa saber antes de implantar um sistema de irrigação?

Em primeiro lugar, é importante esclarecer que para implantar um sistema de irrigação na propriedade, é preciso ter uma concessão pública. No Brasil, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é o órgão emissor de tal concessão.

Assim sendo, será necessário cumprir os requisitos da agência para conseguir a autorização. Essas exigências estão relacionadas à disponibilidade hídrica local e buscam garantir a qualidade e o controle na utilização das águas.

Após a autorização, o próximo passo será requerer linhas de crédito para montar um sistema de irrigação.

Vale lembrar que não basta apenas ter uma fonte de água — é importante verificar se a que está disponível para irrigação possui boa qualidade.

Diante disso, para descobrir se a água é adequada, é necessário realizar análises para determinar teores de sais, materiais em suspensão e a presença de agentes patogênicos. Esses fatores influenciam diretamente na escolha do sistema de irrigação e da cultura a ser implantada.

Ademais, cabe destacar que tais análises podem ser feitas em laboratórios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Universidades Federais e de outras instituições credenciadas.

Política Nacional de Irrigação

O Brasil tem uma legislação específica para irrigação. Trata-se da Lei nº 12.787/2013, que instituiu a Política Nacional de Irrigação.

Segundo a normativa, a Política Nacional de Irrigação tem como principais objetivos:

  • Incentivar a ampliação da área irrigada;
  • Aumentar a produtividade sustentável;
  • Reduzir os riscos climáticos inerentes à atividade agropecuária, principalmente nas regiões sujeitas a baixa ou irregular distribuição de chuvas;
  • Promover o desenvolvimento local e regional, priorizando as regiões com baixos indicadores sociais e econômicos.

Como prevê a lei, os projetos públicos e privados de irrigação a serem implementados poderão receber incentivos fiscais, os indicadores de desenvolvimento social e econômico da região.

Por fim, outra implementação da Lei nº 12.787/2013 foi o Sistema Nacional de Informações sobre Irrigação, que tem como objetivo a coleta, processamento, armazenamento e recuperação de informações referentes à irrigação na agricultura.

Programa de Fomento à Agricultura Irrigada no Nordeste (Profinor)

Nesse sentido, outra iniciativa do governo federal para a promover a irrigação na agricultura foi o Programa de Fomento à Agricultura Irrigada no Nordeste (Profinor).

Lançado em 2021, o projeto tem como intuito oferecer aos empreendedores rurais que trabalham na região Nordeste, norte de Minas Gerais e norte do Espírito Santo, prazos e taxas acessíveis para financiamento de ações que buscam a inovação e sustentabilidade ambiental.

Dessa forma, a partir da linha de crédito, criada pelo Banco do Nordeste, pequenos e médios produtores da região podem ter acesso facilitado tanto para recursos de implantação e expansão de irrigação e drenagem quanto para assistência técnica em projetos economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis.

Conclusão

Sabemos que para as culturas terem um desenvolvimento adequado, é preciso que elas recebam o fornecimento necessário de água.

No entanto, nem sempre as chuvas são suficientes para suprir as necessidades das lavouras, sobretudo em regiões onde há escassez de água.

Como vimos, para esses casos, a agricultura irrigada é uma alternativa viável. Dessa forma, os agricultores conseguem garantir o aumento da produtividade e assim, evitar perdas na lavoura.

Entretanto, é importante prestar atenção a fatores como solo, clima e os tipos de cultura. A partir deles é possível, então, ter uma escolha mais assertiva do método de irrigação — ou seja, um que atenda as demandas da propriedade.

Gostou desse conteúdo? Aproveite e leia nosso artigo sobre agricultura de precisão.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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