Imagem de destaque para artigo sobre fatores que afetam o desenvolvimento do café | Descrição da imagem: Pessoa em uma lavoura mostra grãos de café na mão | Créditos: Yaroslav-Astakhov / Shutterstock

Café: quais fatores afetam o desenvolvimento da cultura?

Café: quais fatores afetam o desenvolvimento da cultura?

Você sabia que o Brasil é o maior produtor/exportador e segundo maior consumidor de café no mundo?

Esse grão possui grande importância para o agronegócio brasileiro, uma vez que é um dos responsáveis pela movimentação econômica do país.

Neste artigo, vamos falar sobre a origem do café, as regiões produtoras e os principais fatores que afetam o desenvolvimento dessa cultura.

Acompanhe a seguir!

Qual a origem do café? Como foi o início do cultivo no Brasil?

O café possui o nome científico de Coffea sp, pertence à família Rubiaceae e tem origem na Etiópia, sendo que somente a partir do século VI que a planta começou a ser cultivada no Iêmen.

No entanto, foi no século XVI que o café foi levado para o Irã, onde os grãos passaram a ser torrados, processados e transformados em bebida. Em seguida, o grão foi para Amsterdã, na Holanda, e se espalhou pela Europa.

Já no Brasil, o café chegou no início do século XVIII, por meio dos holandeses que tentavam fixar colônia na região nordeste do país.

A partir de então, a planta se adaptou com facilidade às condições climáticas do país e se desenvolveu nas regiões com clima tropical, já que necessita de calor.

Assim, inicialmente, o café foi cultivado no Pará e logo depois, se espalhou para outras regiões do país, ganhando destaque na economia brasileira a partir de 1825.

Quais são as principais regiões produtoras de café no Brasil?

O Brasil é o maior produtor de café do mundo, representando 39% da produção global, segundo dados de 2023 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Além disso, de acordo com o Banco Mundial, o país também é o mais exportador do grão no globo.

Com impacto significativo para a economia nacional, os cafezais brasileiros encontram-se nas seguintes regiões:

Minas Gerais: maior estado produtor de café no Brasil segundo dados de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responde por cerca de 50% da produção nacional e é uma das principais fontes de cafés especiais do país. Na prática, cerca de 100% das plantações do estado são de café arábica, cultivado no Sul de Minas, Cerrado de Minas, Chapada de Minas e Matas de Minas.

Espírito Santo: segundo maior estado produtor de café do país conforme dados de 2023 do IBGE, é o principal produtor de café conilon, variedade cultivada ao norte do estado (região chamada de Conilon Capixaba) por ser mais quente. Ao sul do território, nas chamadas Montanhas do Espírito Santoas, as plantações do grão são de café arábica.

São Paulo: estado mais tradicional no cultivo de café, abriga o porto de Santos, que escoa cerca de 2/3 das exportações de café do Brasil. Quanto à produção, as plantações do estado são exclusivamente de arábica, distribuídas em duas regiões: Mogiana e Centro-Oeste Paulista.

Bahia: possui duas regiões produtoras de café no estado: o Planalto da Bahia e Cerrado da Bahia, onde se cultiva arábica. Ao sul do estado, também há áreas de produção de café conilon.

Paraná: produz café arábica em plantações adensadas, que utilizam variedades adequadas ao clima mais frio da região.

Rondônia: segundo maior produtor de café conilon no país, teve uma produção de cerca de 3,7 milhões de sacas em 2023, segundo dados do governo estadual. exclusivamente de café Conilon (Robusta). A cafeicultura é tradicional e familiar, com pequenas propriedades.

Como é a produção mundial de café?

De acordo com um relatório da Organização Internacional do Café (OIC), a estimativa da produção mundial de café no ano cafeeiro 2023/2024 é de 178 milhões de sacas de 60 kg. No total, 102,2 milhões de sacas serão da espécie Coffea arabica (arábica) e 75,8 milhões de sacas da espécie Coffea canephora (variedades robusta e conilon).

No mesmo relatório publicado pela OIC, a organização aponta um crescimento global de 5,8% na produção de café em relação ao ano anterior. Quanto às variedades, a produção de C. arabica deve aumentar expressivamente em 8,8% e a de C. canephora terá um incremento mais modesto, de 2,1%.

Nesse cenário, a África deve registrar um crescimento de 12,1%, com uma estimativa de produção de 20,1 milhões de sacas, em comparação com 17,9 milhões de sacas na safra anterior. Já no Caribe, América Central e México, a produção está prevista para cair ligeiramente em 2,5%, de 19,2 milhões para 18,7 milhões de sacas.

Na América do Sul, a produção de café deve alcançar 89,3 milhões de sacas, demonstrando um aumento de 9,8% em relação aos 81,3 milhões de sacas do período anterior.

Em contrapartida, a região da Ásia e Oceania devem manter sua produção praticamente estável, com um pequeno aumento de 49,8 milhões para 49,9 milhões de sacas.

Como funciona o desenvolvimento do café?

A plantação de café passa por diversas fases de desenvolvimento. Veja abaixo quais são elas:

Transformação do fruto do café durante o processo de maturação (Créditos: Agroadvance)
Transformação do fruto do café durante o processo de maturação (Créditos: Agroadvance)

Primeira fase

A vegetação e formação das gemas foliares representam a primeira fase de desenvolvimento do plantio de café. Esse período ocorre entre setembro e março.

Na prática, são sete meses de dias longos, com fotoperíodo acima de 13 e 14 horas de luz efetiva ou acima de 12 horas de brilho solar.

Segunda fase

A segunda fase ainda é vegetativa e caracteriza-se pela indução, maturação e dormência das gemas florais, normalmente no período de abril a agosto, quando os dias são mais curtos.

Nestes dias mais curtos, o crescimento das gemas florais é intensificado. Após completarem o desenvolvimento, as gemas entram em dormência e ficam prontas para antese, momento em que os botões florais abrem.

Nos meses de julho e agosto, ocorre o período de repouso, onde as gemas dormentes produzem um par de folhas pequenas. Esta etapa separa o primeiro do segundo ano na fenologia (fases de desenvolvimento) do café.

Terceira fase

Flores de café robusta (Coffea Canephora) | Créditos: Ekky Ilham (Shutterstock)
Flores de café robusta (Coffea Canephora) (Créditos: Ekky Ilham | (Shutterstock)

A terceira fase, encontra-se dentro do período reprodutivo. Nele, ocorre a florada e expansão dos frutos, período que compreende os meses de setembro a dezembro.

Quarta fase

Frutos de café (Créditos: Noiz Stocker | Shutterstock)
Frutos de café (Créditos: Noiz Stocker | Shutterstock)

A quarta fase, ainda no período reprodutivo, é quando acontece a granação (enchimento dos grãos) do café. Essa etapa ocorre durante os meses de janeiro a março do ano subsequente em que houve a formação dos grãos.

Quinta fase

A quinta fase, também período reprodutivo, caracteriza-se pela maturação dos frutos, que ocorre nos meses de abril a junho.

Sexta fase

A sexta é a última fase de desenvolvimento do café. Nela, ocorre a senescência (processo natural que envolve o envelhecimento e a morte de uma parte ou de toda a planta) entre julho e agosto e a autopoda do cafeeiro, em que ramos produtivos não primários secam e morrem.

Quais são os principais fatores que afetam o desenvolvimento do café?

Para alcançar resultados de sucesso na lavoura de café, é necessário ficar atento a alguns fatores que podem afetar seu desenvolvimento. Confira os principais a seguir:

Local adequado para plantação

O primeiro fator é o local ideal para plantio. Nesse caso, é fundamental considerar um terreno com pelo menos um metro de profundidade, que não seja pedregoso e excessivamente arenoso.

Além disso, é necessário evitar áreas de baixada, pois elas são inapropriadas para o plantio (mesmo com sistema de drenagem artificial) e locais com ventos fortes e frios.

Em resumo, a plantação de café tem mais facilidade para se desenvolver em locais onde a topografia é plana, com solo fértil e bem drenável. Afinal, em situações nas quais o solo é íngreme, os processos de semeadura e colheita são mais trabalhosos.

Preparação do terreno

Para preparar o terreno, é necessário realizar adequações para deixar o solo plano, sem buracos e com o mínimo de pedregulhos possível.

Portanto, o recomendado é consertar toda erosão do solo por meio de um trator esteira, de forma a igualar o terreno e eliminar os buracos.

Ademais, também é importante investir em uma análise profunda do solo para identificar as necessidades nutricionais e realizar a correção por meio de nutrientes.

Temperatura

A temperatura ideal para o desenvolvimento da plantação de café varia de 18ºC a 23ºC, sendo que temperaturas acima de 30ºC podem prejudicar seu crescimento e produção.

Seleção de variedade adequada

Outro ponto importante é escolher a variedade adequada. Em geral, as mais comercializadas são a arábica e a robusta.

Nesse caso, as linhagens de café arábica se adaptam melhor em temperaturas amenas e altitudes elevadas, enquanto as robustas se desenvolvem bem em regiões de baixa altitude e que possuem temperaturas elevadas.

Semeadura

A semeadura do café deve ser realizada em buracos de 30 cm de profundidade e 25 cm de largura. Além disso, o espaçamento entre cada um deve ser de no mínimo 80 cm para que o arbusto não interfira no crescimento do outro.

Irrigação

A irrigação correta é fundamental para que as plantações de café se desenvolvam de forma saudável.

Vale ressaltar que a falta de água após a florada pode provocar o abortamento das flores, afetar o enchimento dos grãos na fase de granação e prejudicar as gemas florais para a próxima produção.

Sendo assim, o início da irrigação deve acontecer após a florada e se estender até o estresse hídrico que antecede a próxima florada, conforme o déficit hídrico de cada solo.

Na prática, a irrigação por gotejamento tem demonstrado ser a melhor técnica para as plantações de café. Isso porque evita a alta umidade relativa e permite maior racionalização no uso de água e energia.

Controle de pragas e doenças

Os principais inimigos da plantação de café no Brasil são o bicho-mineiro e a broca-do-café. Portanto, é fundamental ficar atento ao ataque dessas pragas.

Para evitá-los, o recomendado é realizar o monitoramento frequente e combater o aparecimento desses agentes por meio de agrotóxicos ou defensivos biológicos.

Conclusão

Neste artigo, aprendemos que diversos fatores podem afetar o desenvolvimento da cultura de café, como o local de plantio, temperatura, semeadura, irrigação e outros.

Sendo assim, é fundamental ficar atento a todas as etapas de evolução dos cafezais, a fim de atender todas as necessidades que surgirem durante o processo de produção dessa cultura.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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