Laranja com manchas amareladas sintomas de greening (Créditos: Edgloris Marys | Shutterstock)

Greening: o que é e como combater

Greening: o que é e como combater

No Brasil, o greening foi identificado em 2004 nas regiões centro e leste do estado de São Paulo. Atualmente, essa doença pode ser encontrada em todas as regiões citrícolas paulistas e pomares de Minas Gerais e Paraná.

Conhecida como uma das doenças mais perigosas nas plantações de cítricos, o greening é capaz de afetar a produção, danificando a qualidade das frutas e reduzindo a longevidade dos pomares.

Preparamos este artigo para explicar quais são os sintomas do greening e como realizar seu controle de forma eficaz.

Entenda a seguir!

O que é o greening?

Conhecida como doença do ramo amarelo, o greening consiste em uma das doenças mais perigosas nas plantações de cítricos por todo o mundo.

Causada pela bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, a doença tem sintomas como ramos amarelados, frutos assimétricos e sementes abortadas.

Em geral, as árvores acometias pelo greening nem chegam a dar frutos. Além disso, as plantas adultas permanecem improdutivas por até 5 anos após a contaminação.

Como ainda não há cura para a doença, a melhor forma de lidar com o greening é agir na prevenção.

Como o greening surgiu no Brasil?

O greening surgiu na Ásia há mais de 100 anos. No Brasil, a doença foi identificada pela primeira vez em 2004, na região de Araraquara, em São Paulo. Na época, alguns citricultores de diferentes municípios do estado relataram ao Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) que as plantas de seus pomares estavam apresentando sintomas desconhecidos.

Nos anos seguintes, além de São Paulo, o greening foi identificado em Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e, recentemente, em Goiás.

A partir disso, foi criado um grupo de pesquisa para identificar o agente causal dos sintomas. Então, os pesquisadores chegaram à conclusão que os sintomas estavam relacionados com o greening.

Quais são os sintomas do greening?

Em geral, os sintomas do greening podem ser notados durante todo o ano, porém com maior frequência entre o final do verão e o início da primavera.

Folhas

Sintomas de greening em folhas de laranja (Créditos: Edgloris Marys | Shutterstock)
Sintomas de greening em folhas de laranja (Créditos: Edgloris Marys | Shutterstock)

Quando a planta está jovem, um dos primeiros sinais do greening é a presença de um ou mais ramos com folhas amareladas. Já quando estão maduras, as manchas são mosqueadas

Neste caso, o mosqueado pode ser identificado por meio de manchas irregulares no limbo foliar, que alternam gradativamente entre verde e amarelo, sem simetria entre as duas metades da folha.

As folhas afetadas pela doença tendem a cair; em seguida, surgem novas brotações pequenas com folhas na posição vertical, semelhantes a “orelhas de coelho”. Existem casos, em que a nervura da folha fica grossa e mais clara (amarelada), podendo também ficar áspera (corticosa).

Frutos

Sintomas de greening nos frutos (Créditos: Henrique Santos | Fundecitrus)
Sintomas de greening nos frutos (Créditos: Henrique Santos | Fundecitrus)

Os frutos de ramos com sintomas do greening geralmente não amadurecem, adquirem uma coloração verde clara manchada e caem precocemente.

Além disso, ficam deformados, pequenos e assimétricos em relação à columela central. Na região de inserção do pedúnculo, também é possível observar uma coloração alaranjada.

Ademais, ao cortar o fruto, é possível encontrar internamente filetes alaranjados na columela a partir da região do pedúnculo, sementes abortadas (necrosadas) e o albedo (parte branca da casca) com espessura maior que a de um fruto sadio.

Nesse caso, o suco das frutas doentes têm sabor mais ácido, menos doce e mais amargo.

Em plantas novas, a doença compromete toda a árvore por um período que se estende de um a dois anos. Já as plantas mais velhas podem levar de três a cinco anos para serem tomadas pelos sintomas.

Como ocorre a transmissão do greening?

A cigarrinha Diaphorina citri é o vetor que transmite o greening às plantações de cítricos (Créditos: David Hall | USDA)
A cigarrinha Diaphorina citri é o vetor que transmite o greening às plantações de cítricos (Créditos: David Hall | USDA)

A transmissão do greening acontece por meio do inseto sugador psilídeo Diaphorina citri, conhecido como cigarrinha, que atua como vetor da doença.

Assim, o inseto pode vir com a bactéria de outra planta afetada pela doença e contaminar plantações de cítricos.

Além dessa forma de contaminação, a transmissão também pode ocorrer por meio do enxerto de mudas infectadas.

Como o greening afeta as citriculturas no Brasil e no mundo?

Atualmente, o greening está presente em mais de 50% dos pomares de São Paulo e Minas Gerais e representa o principal desafio da citricultura brasileira.

Vale ressaltar que a alta incidência da doença está associada às condições climáticas adversas, que resultaram em quebras significativas nas últimas safras do Brasil.

De acordo com o levantamento do Fundecitrus, a ocorrência da doença cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro em 2024 foi de 44,35%. Este número representa um aumento de 6,29 pontos percentuais em relação a 2023, quando a incidência foi de 38,06%. Devido a isso, a safra 2024/25 será a menor dos últimos 35 anos.

Ademais, 2024 marca o sétimo ano consecutivo de crescimento do greening no país. Das 203,7 milhões de laranjeiras no Brasil, 90,36 milhões foram afetadas pela doença.

Entre as regiões com maior incidência de greening em 2024, estão:

  • Limeira (79,38%);
  • Brotas (77,06%);
  • Porto Ferreira (71,77%);
  • Duartina (63,93%);
  • Avaré (63,41%);
  • Altinópolis (42,93%);
  • Bebedouro (39,17%).

No mundo, o número de países afetados pelo greening passou de 40 em 2006 para 126 em 2024. Como resultado, a produção de laranjeiras e limoeiros diminuiu, com frutos menores e mais ácidos que os das plantas sadias.

Por que é importante fazer o controle do greening?

Os danos causados pelo greening podem gerar queda na produção e na qualidade da fruta e, consequentemente, a perda da longevidade dos pomares, redução da área de cultivo e aumento nos custos de produção.

Como o Brasil é um produtor tradicional de frutas cítricas, além de ser responsável por cerca de 80% do suco de laranja comercializado no mundo segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), essa doença representa uma ameaça para economia do país.

Por isso, é tão importante buscar meios efetivos de prevenir a doença e garantir o desenvolvimento saudável das plantações de frutas cítricas.

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Como fazer o controle do greening?

O Fundecitrus e instituições parceiras realizaram pesquisas para identificar as melhores práticas de controle da doença nos pomares. Confira a seguir seis dicas de como manter as lavouras saudáveis, produtivas e livres de greening:

1. Escolha um local apropriado para o plantio

A escolha de um solo com baixa ocorrência de greening e de regiões que não apresentam histórico da doença é fundamental para evitar seu surgimento nas plantações.

2. Plante mudas sadias e de qualidade

O investimento em mudas sadias ajuda a promover uma produção precoce das árvores e frutos de qualidade. Em geral, elas possuem três características: sanidade, genética (variedade e porta-enxerto) e vigor.

3. Diminua o período de exposição a psilídeos

Como os primeiros cinco anos após o plantio dos citros representa a fase na qual as plantas ficam mais suscetíveis ao greening, é necessário aplicar medidas como adubação, irrigação e tratos culturais. Dessa forma, é possível acelerar o crescimento das árvores.

4. Fique atento com a faixa de borda

A faixa de borda das plantações deve ser pulverizada com inseticidas, com intervalos de 7 a 14 dias, dependendo da incidência do inseto.

5. Inspecione e erradique as plantas infectadas

As inspeções regulares em todo o pomar devem ser realizadas com atenção dobrada no período entre fevereiro e julho, já que nessa época os sintomas estão mais visíveis.

Assim, ao encontrar as plantas infectadas, é necessário eliminá-las imediatamente a fim de evitar focos de transmissão da doença.

6. Monitore e controle a presença do psilídeo

Além de identificar os sintomas da doença nas plantações, também é fundamental monitorar a presença de psilídeos na região. Dessa forma, o produtor poderá definir a frequência das pulverizações no pomar e eliminar os focos de contaminação.

7. Plataforma Avalia Greening

A plataforma Avalia Greening disponibiliza gratuitamente os resultados de eficácia de produtos comerciais e tratamentos lançados para minimizar os danos e sintomas provocados pela doença em pomares comerciais.

A ferramenta reúne um banco de dados com 12 experimentos realizados pelo Fundecitrus, desde 2012, com produtos nutricionais e reguladores de crescimento amplamente comercializados para a citricultura.

O Avalia Greening permite que o produtor consulte os resultados, a duração, a variedade e a região do cinturão citrícola onde os testes foram realizados.

Na prática, é possível filtrar as informações, segmentando por quantidade de experimentos com um determinado composto ou produto. A partir  verificar se ocorreu em pomares irrigados ou em sequeiro e quais os efeitos esperados no pomar.

Quais são as iniciativas de controle do greening no Brasil?

Existem algumas iniciativas de combate ao greening. Confira quais elas:

Campanhas de conscientização

O Fundecitrus lançou a campanha Unidos contra o greening para conscientizar o setor citrícola e a sociedade sobre a doença.

Manual de manejo

O Fundecitrus disponibiliza um manual com informações detalhadas sobre o controle da doença, incluindo dicas de como escolher o local de plantio, produzir mudas sadias, monitorar o psilídeo, entre outras orientações.

Linhas de crédito

O governo de São Paulo oferece uma linha de crédito para ajudar produtores de citros a combater o greening. O objetivo é apoiar os produtores de citros na adoção de medidas preventivas e de controle da doença, que é considerada a mais devastadora da citricultura.

Os recursos são do Fundo Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP) e as condições são:

  • Cada produtor pode financiar até R$ 300 mil;
  • Prazo de 96 meses para pagar;
  • Carência de 36 meses;
  • Juros a partir de 3% ao ano.

Nanoinseticida

A Embrapa Meio Ambiente e o Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ-Unicamp) desenvolveram um nanoinseticida que permite um controle mais eficaz e sustentável do psilídeo.

O novo produto foi desenvolvido a partir do encapsulamento de nanomicelas poliméricas (estruturas menores do que um bilionésimo de metro) em uma molécula de tiametoxam, um ingrediente ativo bastante utilizado no controle do psilídeo.

Os benefícios do nanoinseticida incluem:

  • Redução do número de aplicações necessárias;
  • Diminuição da resistência das pragas;
  • Minimização do impacto ambiental;
  • Redução dos custos;
  • Baixa toxicidade a organismos aquáticos.

Conclusão

Como vimos, o greening é uma doença capaz de afetar a produção de cítricos, prejudicando a qualidade das frutas e a longevidade dos pomares.

Por não ter cura, a melhor forma de combatê-la é prevenindo sua ocorrência por meio de medidas como a escolha de um local adequado para plantio, uso de mudas sadias e monitoramento frequente da região das plantações.

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Enfim, gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre bactericidas.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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