Imagem de destaque para artigo sobre capim-braquiária publicado no Blog AgriQ / Créditos da imagem: Rani Erni | Shutterstock

Capim-braquiária: saiba como identificar e controlar

Capim-braquiária: saiba como identificar e controlar

O capim-braquiária é conhecido por seu uso em pastagens, mas, quando surge em áreas de cultivo, pode se tornar uma planta daninha agressiva. Afinal, sua rápida disseminação e alta resistência podem dificultar o manejo e comprometer o desenvolvimento de culturas importantes como soja, milho e cana-de-açúcar.

Neste artigo vamos explicar as características do capim-braquiária, os principais tipos e quais são as melhores formas de controle.

Confira a seguir!

O que é o capim-braquiária?

O capim-braquiária é uma planta forrageira, ou seja, um tipo de gramínea amplamente utilizada para pastagens e alimentação de gado no Brasil. Em geral, ele se adapta bem a solos de baixa fertilidade, cresce rápido e resiste a períodos de seca moderada.

No entanto, essa mesma adaptabilidade e crescimento acelerado fazem dela uma ameaça para as lavouras de soja, milho, cana-de-açúcar e outras. Afinal, ela compete por recursos essenciais como água, luz e nutrientes, o que pode prejudicar seriamente o desenvolvimento da plantação.

Quais são as principais características do capim-braquiária?

A princípio, o capim-braquiária é valorizado por sua alta produtividade e bom teor de nutrientes, garantindo um bom desempenho produtivo para a pecuária.

Entretanto, também possui alta capacidade de competição por água e nutrientes, além da rápida disseminação.

Veja a seguir suas principais características:

Adaptabilidade: é conhecida por sua capacidade de se desenvolver em solos ácidos e com baixa fertilidade, o que a torna uma opção ideal para diversas regiões do Brasil.

Planta daninha: apesar de todos os seus benefícios, a braquiária pode se tornar uma praga em algumas culturas agrícolas, devido à sua agressividade e rápida disseminação. Nesse caso, ela compete por água, luz e nutrientes, podendo causar grandes perdas na produção.

Propagação eficiente: a braquiária se propaga por sementes e, em algumas espécies, por caules rastejantes que enraízam nos nós. Essa capacidade de se espalhar com eficiência contribui para sua rápida infestação em áreas agrícolas se não for controlada.

Valor nutritivo: oferece forragem de bom valor nutritivo para o gado, com alta proporção de folhas e colmos finos.

Fertilidade do solo: apesar de preferir solos bem drenados e de média a alta fertilidade, algumas variedades toleram solos mais pobres, produzindo bem em diferentes condições.

Qual é o ciclo de vida do capim-braquiária?

O ciclo de vida do capim-braquiária é classificado como perene, o que significa que ele vive por vários anos. Nesse sentido, ele passa por diferentes fases de crescimento e desenvolvimento ao longo de sua vida, que podem ser influenciadas pelo clima, solo e manejo.

Confira as três fases principais:

Fase vegetativa

Primeiramente, a fase inicia quando a semente germina e a plântula emerge do solo. O tempo para isso pode variar, mas geralmente o capim-braquiária tem uma germinação rápida, que pode ocorrer entre 10 e 15 dias após o plantio, em condições ideais de umidade e temperatura.

Após a germinação, a planta foca em se desenvolver, produzindo novas folhas e perfilhos (brotos laterais). É nesse período que a área foliar aumenta e a planta adquire sua arquitetura, formando as touceiras que são características dessa espécie.

Fase de transição (Alongamento de colmos)

Nesta etapa, a planta se prepara para a fase reprodutiva. Por isso, ela começa a alongar seus colmos (caules), mudando sua estrutura e arquitetura. Além disso, é o momento em que a planta “emborracha”, ou seja, os colmos ficam mais rígidos e a forragem perde parte de sua qualidade nutricional.

Fase reprodutiva

Na fase reprodutiva, a planta para de produzir novas folhas e direciona toda sua energia para o florescimento e a produção de sementes.

Vale destacar que o florescimento da braquiária geralmente ocorre na estação seca. As sementes podem ter um período de dormência, o que contribui para a sua disseminação e para a formação de um banco de sementes no solo, dificultando o controle da planta em áreas onde ela não é desejada.

Contudo, como o capim-braquiária é perene, ele pode passar por esses ciclos de crescimento e reprodução anualmente.

Quais são os tipos de capim-braquiária?

Existem diversas espécies e cultivares de capim-braquiária, mas as mais comuns e utilizadas no Brasil são a Brachiaria brizantha e a Brachiaria decumbens.

A Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) e outras instituições desenvolveram novas cultivares que oferecem características aprimoradas para diferentes tipos de solo, clima e sistemas de produção.

Principais tipos de braquiária

1. Brachiaria brizantha

A Brachiaria brizantha é um dos tipos mais comuns de capim-braquiária no país (Créditos: Allan Kardec Braga Ramos | Embrapa Cerrados)
A Brachiaria brizantha é um dos tipos mais comuns de capim-braquiária no país (Créditos: Allan Kardec Braga Ramos | Embrapa Cerrados)

Conhecida por ser uma das forrageiras mais plantadas no país, a Brachiaria brizantha se destaca por sua produtividade e adaptação.

  • Marandu (Braquiarão): é a cultivar mais conhecida. Resistente a cigarrinhas-das-pastagens e com bom valor nutritivo, ela se adapta bem a solos de média a alta fertilidade e não tolera solos encharcados.
  • Xaraés: possui alta taxa de rebrota e é indicada para solos de média a alta fertilidade. No entanto, é mais suscetível a algumas espécies de cigarrinha quando comparada à Marandu.
  • Piatã: é tolerante a solos com baixa drenagem e apresenta boa resistência a cigarrinhas-das-pastagens.

2. Brachiaria decumbens

A Brachiaria decumbens é uma espécie de capim-braquiária popular no cerrado (Créditos: José Eduardo Carvalho | Embrapa Mandioca e Fruticultura)
A Brachiaria decumbens é uma espécie de capim-braquiária popular no cerrado (Créditos: José Eduardo Carvalho | Embrapa Mandioca e Fruticultura)

Essa espécie é uma das primeiras braquiárias a ser introduzida no Brasil. Além de ter se tornado popular nas áreas de cerrado, é conhecida pela sua grande adaptabilidade.

  • Basilisk: é a cultivar mais comum, se adapta bem a solos ácidos e de baixa fertilidade. O crescimento prostrado e a rápida cobertura do solo ajudam no controle da erosão, mas é suscetível a cigarrinhas e pode causar fotossensibilização em bovinos, principalmente em bezerros.

Outros tipos comuns

A Brachiaria Ruziziensis é uma das espécies de capim-braquiária que já foram melhoradas pela Embrapa (Créditos: Fausto Sobrinho | Embrapa Gado de Leite)
A Brachiaria Ruziziensis é uma das espécies de capim-braquiária que já foram melhoradas pela Embrapa (Créditos: Fausto Sobrinho | Embrapa Gado de Leite)

Além das duas principais, outras espécies também são utilizadas:

  • Brachiaria ruziziensis: conhecida por sua alta palatabilidade e boa adaptação a sistemas de plantio direto, sendo frequentemente usada na rotação lavoura-pecuária.
  • Brachiaria humidicola: se adapta bem a solos com problemas de drenagem, como os encharcados. Uma cultivar conhecida é a BRS Tupi, que apresenta desempenho superior, especialmente na época seca.

Quais são os efeitos negativos do capim-braquiária nas lavouras?

O capim-braquiária pode causar danos em lavouras devido à sua agressividade e competição por recursos como água e nutrientes, além de hospedar pragas e doenças que afetam outras culturas.

Ademais, a planta também pode reduzir a produtividade, aumentar os custos de produção e dificultar a colheita.

Sendo assim, entre seus principais efeitos negativos temos:

  • Por competir por água, nutrientes e luz, reduz o crescimento e a produtividade de culturas como milho, soja, café e cana-de-açúcar;
  • Pode abrigar pragas como cigarrinhas-das-pastagens e doenças fúngicas;
  • O manejo inadequado da braquiária pode levar à compactação do solo, redução da matéria orgânica e erosão;
  • Pode ser difícil de controlar, especialmente em pós-emergência tardia, devido à sua rápida propagação por sementes e estolões.

Como fazer o controle do capim-braquiária?

O controle do capim-braquiária pode ser feito de diversas maneiras, dependendo da situação. Se a braquiária é utilizada como pastagem, o controle se concentra em um manejo adequado.

No entanto, se ela se tornou uma planta daninha em uma área de plantio, a abordagem é mais agressiva e busca a sua erradicação.

Os principais métodos de controle são:

Controle cultural e de manejo

Este tipo de controle é preventivo e busca criar condições desfavoráveis para o desenvolvimento da braquiária como planta daninha. Sendo assim, as técnicas mais utilizadas são:

  • Manejo da pastagem: em áreas de pecuária, um manejo adequado, como o pastejo rotacionado, mantém a braquiária na fase vegetativa e evita o florescimento e a produção de sementes, garantindo a qualidade da forragem e evitando a disseminação descontrolada;
  • Limpeza de equipamentos: a braquiária pode se espalhar por meio de sementes transportadas por máquinas agrícolas. A limpeza regular dos equipamentos é essencial para evitar a contaminação de áreas limpas;
  • Rotação de culturas: a rotação com outras culturas, como soja e milho, pode ajudar a quebrar o ciclo de vida da braquiária.

Controle mecânico e físico

Estes métodos envolvem a remoção física da planta e são mais indicados para áreas pequenas ou onde o uso de herbicidas é restrito. Confira:

  • Roçada: é a forma mais comum de controle, mas apenas retarda o crescimento da planta. Para ser eficaz, precisa ser feita antes da produção de sementes;
  • Aração e gradagem: em áreas de lavoura, o revolvimento do solo expõe as raízes e sementes da braquiária ao sol, levando à desidratação e morte da planta;
  • Cobertura com lona plástica: este método abafa a planta, impedindo a luz solar e o oxigênio, e é uma técnica eficaz para áreas pequenas.

Controle químico

O uso de herbicidas é considerado o método mais eficiente para controlar o capim-braquiária em grandes áreas, especialmente em lavouras onde a planta compete com a cultura principal.

  • Herbicidas pré-emergentes: são aplicados no solo antes que a braquiária germine, impedindo o seu desenvolvimento inicial;
  • Herbicidas pós-emergentes: são aplicados diretamente sobre as plantas já crescidas. O glifosato, por exemplo, é um herbicida amplamente utilizado para essa finalidade, mas a sua aplicação exige cuidado para não afetar outras culturas sensíveis.

Vale ressaltar que a escolha do método de controle depende da infestação, do tipo de solo, do clima e da cultura que se deseja proteger. Sendo assim, muitas vezes, a combinação de mais de um método (controle integrado) é a estratégia mais eficaz para um manejo a longo prazo.

Conclusão

Apesar de ser amplamente utilizado na pecuária, o capim-braquiária também pode representar um grande desafio para agricultores. Quando aparece em lavouras, ele atua como planta invasora, competindo por luz, água e nutrientes, o que reduz a produtividade das culturas.

Por conta disso, adotar medidas preventivas e de controle é fundamental para reduzir seus efeitos negativos e assegurar uma produção mais saudável e rentável.

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Gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre capim-amargoso.

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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