Você sabia que as doenças da soja estão entre os principais fatores que afetam a produtividade da cultura?
Geralmente causadas por fungos, bactérias, nematoides ou vírus, as doenças podem ser controladas com práticas simples de manejo.
Pensando nisso, preparamos este artigo para te ajudar a identificá-las e combatê-las na sua lavoura. Nos acompanhe!
Quais são as principais doenças da soja?
De modo geral, as principais doenças que afetam o desenvolvimento da soja são:
- Ferrugem asiática;
- Mancha Parda;
- Crestamento foliar de cercospora;
- Antracnose;
- Mancha-alvo;
- Mofo-branco;
- Oídio.
Confira mais sobre elas abaixo!
Ferrugem asiática
A ferrugem asiática é uma doença causada por fungo e pode aparecer em qualquer estágio de desenvolvimento da planta. Ela é caracterizada por minúsculos pontos mais escuros do que o tecido sadio da folha. Vale destacar que essa patologia é considerada agressiva e pode causar perdas significativas — isto é, acima de 80% da produtividade. Para o controle, deve-se aplicar fungicida preventivamente ou assim que surgirem os primeiros sintomas.
No entanto, para um correto controle da doença, o tratamento químico deve sempre ser utilizado em conjunto com outras estratégias de manejo, tais como:
- Eliminação de plantas de soja voluntárias;
- Ausência de cultivo de soja durante a entressafra (cumprimento do vazio sanitário);
- Utilização de cultivares de ciclo mais precoce;
- Monitoramento frequente da lavoura;
- Adoção de rotações de culturas;
- Respeito ao intervalo entre as aplicações;
- Uso de tecnologias de aplicação eficientes.
É importante ressaltar que a infecção da ferrugem ocorre quando há disponibilidade de água livre, sendo necessário um período de molhamento mínimo de 6h.
Além disso, temperaturas entre 15 a 25 °C favorecem o desenvolvimento da doença.
Mancha Parda
A mancha parda geralmente ocorre em associação com a incidência do crestamento foliar de cercospora. Por isso, é considerada como parte de um complexo de doenças de final de ciclo da soja, que pode causar perdas de até 20% na produtividade da lavoura.
Os primeiros sintomas da mancha parda parecem pequenas pontuações ou manchas de contornos angulares, castanho-avermelhadas nas folhas unifolioladas, após o período de emergência da soja. Dessa maneira, há o surgimento de pontuações pardas nas folhas que evoluem e se transformam em manchas com halos amarelados e centro de coloração castanha em ambas as faces.
Em geral, sua ocorrência é mais frequente em regiões onde o verão possui temperaturas elevadas e chuvas abundantes. Assim sendo, a doença se desenvolve em temperaturas de 15 a 30 °C (com ótimo de 25 °C) e após um período de molhamento de 6 horas.
A mancha parda pode causar redução de rendimento de até 30% da lavoura. Para o controle, o recomendado é utilizar a rotação de culturas, associada à melhoria das condições físicas e químicas do solo, com foco em adubações a base de potássio. Além disso, o uso de fungicidas adequados também é benéfico.
Crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii)
O crestamento foliar de cercospora consegue ser responsável pela redução de até 30% da produtividade da lavoura de soja. É uma doença que pode ocorrer em todas as regiões produtoras do país, mas os ataques mais severos são observados em regiões mais quentes e chuvosas. Por isso, temperaturas entre 23 a 27 °C e alta umidade são ideais para o desenvolvimento da doença.
Em resumo, o crestamento foliar de cercospora ocorre por meio de um fungo que ataca todos os órgãos da planta de soja. Nas folhas, aparecem pontuações escuras, castanho-avermelhadas, com bordas difusas, que se aglutinam entre si e formam grandes manchas escuras.
O resultado é um severo crestamento — uma queimadura superficial — e a desfolha prematura. Ambos levam a diminuição do peso dos grãos, um dos principais componentes de rendimento da soja.
Para o manejo e controle do crestamento foliar, o ideal é utilizar sementes de soja certificadas livres do patógeno. Outras recomendações são realizar o tratamento de semente e aplicar os fungicidas adequados na parte aérea da planta.
Antracnose (Colletotrichum truncatum)
Comum em plantios de soja, a antracnose é considerada como um dos principais problemas em lavouras de soja presentes no cerrado. Isso acontece porque o fungo tem o seu desenvolvimento frequente em regiões de clima mais quente e úmido.
Em suma, a antracnose afeta a fase inicial de formação de vagens de soja. Assim, pode causar necrose dos pecíolos, abortamento de flores e, por fim, das vagens.
Em anos chuvosos, ainda é comum que a doença cause redução do número de vagens, o que resulta em perdas significativas na produção.
Para controlar a antracnose, é necessário investir em sementes sadias, tratamento de sementes, rotação de culturas e utilização de maior espaçamento entre linhas (50-55 cm), a fim de permitir um maior arejamento à lavoura.
No mais, o manejo adequado do solo, com enfoque em adubações potássicas, também é outra forma de controle da doença em conjunto com o uso de fungicidas adequados.
Mancha-alvo (Corynespora cassicola)
A mancha-alvo são lesões que começam com o surgimento de pontuações pardas ou amareladas e evoluem para grandes manchas circulares nas folhas da soja. Podem ter até 2 mm de diâmetro e provocam desfolha na lavoura, além da maturação precoce dos grãos.
Desse modo, a mancha-alvo pode causar perdas que giram em torno de 35% da produção de soja. Isso ocorre porque o fungo ataca as folhas, caule, vagens, sementes, hipocótilos e também as raízes (que causa a chamada Podridão Radicular de Corynespora).
No geral, a alta umidade relativa do ar é o principal fator que influencia o desenvolvimento da infecção nas folhas. Por outro lado, a infecção das raízes acontece quando o solo atinge a temperatura de 15 a 18 °C, o que gera a podridão radicular.
Entre as principais formas de controle da mancha-alvo, destaca-se a utilização do tratamento de sementes, rotação/sucessão de cultura com o milho e outras gramíneas. O uso de cultivares resistentes e o controle com fungicidas apropriados também são outras opções.
Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)
O mofo-branco consiste em um fungo capaz de infectar qualquer parte da planta de soja. O patógeno pode atacar a cultura na sua fase mais vulnerável, seja no estágio de floração até o início da formação das vagens.
A alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas são os fatores que mais favorecem o desenvolvimento da doença. Para o controle, o ideal é a utilização de sementes e o tratamento das mesmas com fungicidas adequados.
Também é válido a prática de adubação, plantio direto, espaçamento maior entre linhas, eliminação de plantas hospedeiras e adoção da rotação de culturas com espécies como milho, sorgo, milheto, aveia branca ou trigo.
Oídio (Microsphaera diffusa)
Por fim, o oídio é uma das doenças mais comuns na cultura de soja. A patologia costuma ocorrer com maior frequência em regiões mais altas, onde as temperaturas são mais amenas (18 a 24 °C) e a umidade relativa do ar são mais baixas.
Causada por um fungo, a doença ataca toda a parte aérea da planta (folhas, hastes, pecíolos e vagens)). Além disso, pode provocar a seca e queda prematura das folhas, bem como o prejuízo de cerca de 40% da produção da lavoura.
A principal característica do oídio é o aparecimento de uma camada esbranquiçada que cobre toda parte aérea da folha, o que diminui a fotossíntese da planta.
Assim, para o controle da doença, recomenda-se utilizar cultivares resistentes e aplicar os fungicidas apropriados.
Conclusão
E aí, conseguiu aprender mais sobre as doenças da soja?
Como explicamos acima, as patologias acometem a estrutura da planta como um todo. Por isso, é importante sempre realizar o monitoramento da lavoura.
Assim, você consegue evitar que a doença acometa sua lavoura ou, caso ela já tenha infectado as plantas de soja, pode tomar ações rápidas e assertivas para salvar sua cultura e evitar prejuízos na produtividade dos grãos.
Gostou do texto? Leia também nosso artigo sobre os principais fatores que afetam o desenvolvimento da soja.
Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.
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