Imagem de destaque para artigo sobre mancha-alvo no Blog AgriQ (Créditos: Shutterstock)

Mancha-alvo: o que é, sintomas e como controlar na lavoura

Mancha-alvo: o que é, sintomas e como controlar na lavoura

A mancha-alvo é uma doença fúngica de alta relevância no agronegócio brasileiro e mundial, devido ao seu potencial de causar perdas significativas na produtividade e comprometer a qualidade das culturas afetadas.

Neste artigo, você vai entender o que é a mancha-alvo, como identificá-la, quais danos ela pode causar e as melhores estratégias de manejo e controle.

Acompanhe a seguir!

O que é mancha-alvo?

A mancha-alvo é uma doença causada pelo fungo Corynespora cassiicola que ataca diversas culturas, como a soja e o algodão. Na prática, ela causa manchas escuras nas folhas, que se assemelham a um alvo, com um ponto central mais escuro e anéis concêntricos.

Em resumo, essa doença possui as seguintes características:

  • Agente causador: o fungo Corynespora cassiicola;
  • Plantas hospedeiras: é capaz de atacar mais de 280 espécies de plantas, incluindo soja, algodão, tomate, pepino, mamão, café e feijão;
  • Disseminação: o fungo pode ser disseminado por sementes infectadas, restos culturais presentes no solo e pelo vento através de seus esporos (conídios);
  • Condições favoráveis: a doença se desenvolve melhor em condições de alta umidade relativa do ar (acima de 80%) e temperaturas entre 18°C e 21°C.

Quais são os sintomas da mancha-alvo?

Em geral, a mancha-alvo pode ser identificada por meio de alguns sintomas específicos que variam conforme a cultura. Os principais são:

Manchas foliares

Sintomas de manchas marrom-escuras circundadas por um halo amarelado (Créditos: Shutterstock)
Sintomas de manchas marrom-escuras circundadas por um halo amarelado (Créditos: Shutterstock)

Em geral, inicialmente, a doença pode ser notada por meio de pequenas manchas marrom-escuras circundadas por um halo amarelado. Essas manchas evoluem para lesões necróticas circulares ou irregulares com anéis concêntricos, lembrando um alvo.

Em casos severos, as folhas podem apresentar múltiplas manchas que posteriormente, aglutinam-se, levando à redução da área foliar.

Desfolha precoce

A infecção severa pode levar à queda prematura das folhas (desfolha). Como resultado, ocorre a perda de área foliar e a redução da capacidade de realização da fotossíntese por parte da planta, o que impacta diretamente o enchimento dos grãos.

Lesões no caule e vagens

Em alguns casos, a mancha-alvo pode causar lesões pardo-avermelhadas no caule e nas vagens. No caso das lesões nas vagens, elas ainda podem afetar diretamente o desenvolvimento e a qualidade dos grãos.

Redução da produtividade

A combinação da redução da área foliar fotossinteticamente ativa, da desfolha precoce e dos problemas no desenvolvimento dos grãos vai gerar perdas significativas na produtividade.

Em geral, essa perda pode variar de 15% a 40% em cultivares suscetíveis e em condições favoráveis à doença.

Manchas nos grãos

Na soja, a doença pode provocar o desenvolvimento de manchas escuras nos grãos, comprometendo sua qualidade para comercialização e para uso como semente.

Banner CTA com redirecionamento para página de teste grátis do AgriQ Receituário Agronômico. Texto da imagem: Informações completas e filtros avançados para melhor aplicação de acordo com o diagnóstico da cultura Conheça o AgriQ.

Quais condições favorecem o desenvolvimento da mancha-alvo?

A princípio, o fungo Corynespora cassiicola se desenvolve com facilidade em ambientes específicos, sendo a temperatura e a umidade os principais fatores que contribuem para o surgimento da mancha-alvo.

Na prática, essa doença desenvolve-se em condições de alta umidade relativa (superior a 80%) e temperaturas amenas (entre 18°C e 21°C), especialmente durante períodos de molhamento foliar prolongado (mais de 24 horas).

Além do clima, algumas práticas de manejo podem aumentar o risco de mancha-alvo:

  • Sementes infectadas: o principal meio de disseminação da doença são sementes contaminadas. O uso de sementes não certificadas ou infectadas é um fator de risco significativo;
  • Restos culturais: o fungo sobrevive em restos culturais de algodão e soja por mais de dois anos. Isso serve como inóculo primário para as safras seguintes, especialmente em áreas de cultivo sucessivo;
  • Espaçamento inadequado: espaçamentos densos podem criar um microclima úmido, favorecendo o desenvolvimento do fungo.

Como controlar a mancha-alvo?

O controle da mancha-alvo exige uma abordagem de manejo integrado, combinando diferentes estratégias para reduzir o impacto da doença e garantir a produtividade da lavoura.

Confira os principais métodos utilizados para realizar um controle eficaz nas culturas:

Controle cultural

O controle cultural visa reduzir a fonte de inóculo do fungo e criar condições desfavoráveis ao seu desenvolvimento. Sendo assim, você pode adotar as seguintes práticas:

Uso de sementes sadias e certificadas: priorize sementes de boa procedência e qualidade para evitar a introdução da doença na lavoura.

Tratamento de sementes: a aplicação de fungicidas específicos no tratamento de sementes é uma medida inicial importante para proteger as plântulas nos estágios iniciais de desenvolvimento.

Rotação de culturas: intercalar o plantio de culturas hospedeiras (soja, algodão) com culturas não hospedeiras (como milho, sorgo ou outras gramíneas) ajuda a reduzir o inóculo do fungo presente nos restos culturais no solo.

Redução do adensamento: espaçamentos adequados entre as plantas podem melhorar a aeração do dossel, diminuindo a umidade e a temperatura no microclima da planta, tornando-o menos favorável ao fungo.

Controle genético

A seleção e o plantio de cultivares que apresentam algum grau de resistência ou tolerância à mancha-alvo são estratégias eficazes e de baixo custo.

Embora a maioria dos programas de melhoramento não faça seleção específica para resistência a C. cassiicola, existem diferenças de reação entre as cultivares.

Contudo, é importante consultar as recomendações para sua região e optar por cultivares com bom comportamento diante da doença.

Controle químico

O controle químico é uma das principais ferramentas, mas deve ser feito de forma estratégica para evitar o desenvolvimento de resistência do fungo aos fungicidas.

Na prática, o uso de fungicidas é fundamental em áreas com histórico da doença ou em condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento. No entanto, é preciso ter atenção em alguns pontos:

Período de aplicação: a aplicação geralmente é recomendada a partir dos estágios iniciais de desenvolvimento da planta (V8 a R1) e pode ser continuada, de acordo com o monitoramento da doença e as condições climáticas.

Rotação de modos de ação: para evitar a resistência do fungo, é essencial rotacionar fungicidas com diferentes modos de ação. A doença já tem mostrado sinais de redução de eficiência a alguns produtos, como triazóis e carboxamidas.

Ingredientes ativos eficazes: alguns ingredientes ativos e misturas têm demonstrado boa eficiência no controle da mancha-alvo na soja. São eles:

  • Bixafen + protioconazol + trifloxistrobina
  • Piraclostrobina + fluxapiroxade
  • Piraclostrobina + epoxiconazol + fluxapiroxade
  • Trifloxistrobina + protioconazol
  • Picoxistrobina + tebuconazol + mancozebe

Monitoramento: realizar o monitoramento constante da lavoura é fundamental para identificar a presença da doença precocemente e definir o momento ideal para a aplicação de fungicidas.

Conclusão

Como vimos, a mancha-alvo é uma doença fúngica que afeta especialmente a soja e o algodão. Entre os principais danos causados às culturas, estão a desfolha precoce, perda na qualidade dos grãos e redução da produtividade.

Para realizar o controle da doença, é necessário adotar uma estratégia de manejo integrado que inclua medidas preventivas e corretivas. A prevenção envolve a utilização de cultivares resistentes e o tratamento de sementes, enquanto a correção inclui a aplicação de fungicidas.

Banner CTA com redirecionamento para página de teste grátis do AgriQ Receituário Agronômico. Texto da imagem: Acesso e mobilidade para emitir a receita agronômica de qualquer lugar. Conheça o aplicativo Agr

Gostou desse conteúdo? Então aproveite e leia nosso artigo sobre antracnose na soja.

Post Tags :

Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

Deixe um comentário

Sua privacidade é importante.

Cookies são pequenos arquivos de texto que são armazenados no seu computador quando visita um site. Utilizamos cookies para diversos fins e para aprimorar sua experiência no nosso site (por exemplo, para se lembrar dos detalhes de login da sua conta).

Pode alterar as suas preferências e recusar o armazenamento de certos tipos de cookies no seu computador enquanto navega no nosso site. Pode também remover todos os cookies já armazenados no seu computador, mas lembre-se de que a exclusão de cookies pode impedir o uso de determinadas áreas no nosso site.