O enfezamento do milho é uma doença que tem preocupado muitos produtores rurais. Afinal, ela pode causar perdas de até 100% na produção em casos severos, além de prejuízos econômicos significativos para a propriedade rural.
Neste artigo, vamos explicar o que é o enfezamento do milho, abordar os principais sintomas e apresentar estratégias eficazes de controle e prevenção dessa doença.
Acompanhe a seguir!
O que é o enfezamento do milho?
O enfezamento do milho é uma doença causada por bactérias da classe Mollicutes. Elas se desenvolvem nos vasos condutores de seiva da planta e prejudicam a absorção de nutrientes e o desenvolvimento do milho.
Na prática, são duas bactérias que causam o enfezamento: a Spiroplasma kunkelii e a Maize bushy stunt phytoplasma. Ambos os patógenos são transmitidos à planta por um único inseto vetor, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).
Tipos de enfezamento
Existem dois tipos principais de enfezamento:
Enfezamento pálido
O enfezamento pálido é causado pela bactéria Spiroplasma kunkelii (classe Mollicutes, ordem Entomoplasmatales e família Spiroplasmataceae). Entre os principais sintomas estão:
- Estrias cloróticas delimitadas que se iniciam na base das folhas;
- Plantas com altura reduzida;
- Encurtamento de entrenós;
- Brotos nas axilas foliares;
- Cor avermelhada nas folhas.
Enfezamento vermelho
Esse tipo de enfezamento é causado pela bactéria Maize bushy stunt phytoplasma (MBSP). Sua principal forma de transmissão é por meio da cigarrinha-do-milho, um inseto que se alimenta da seiva das plantas infectadas e transmite as bactérias para plantas saudáveis.
Os sintomas do enfezamento vermelho são:
- Amarelecimento e/ou avermelhamento das folhas (geralmente iniciando pelas bordas);
- Produção de espigas pequenas;
- Seca precoce das plantas.
Quais são os principais sintomas do enfezamento do milho?
Os sintomas do enfezamento podem variar dependendo do tipo da doença e da fase de desenvolvimento da planta. Os principais são:
- Redução do porte da planta;
- Encurtamento dos entrenós;
- Amarelecimento ou avermelhamento das folhas;
- Estrias cloróticas nas folhas;
- Espigas pequenas e malformadas;
- Grãos chochos.
No entanto, se considerarmos os sintomas específicos do enfezamento pálido e do vermelho, temos:

Enfezamento pálido
- Estrias cloróticas: surgem estrias claras ou amareladas nas folhas, que se iniciam na base e se estendem em direção ao ápice;
- Avermelhamento das folhas: em alguns casos, as folhas podem apresentar uma coloração avermelhada.
Enfezamento vermelho
- Avermelhamento das folhas: as folhas adquirem uma coloração avermelhada, principalmente nas bordas, que se intensifica com o tempo;
- Amarelecimento das folhas: as folhas podem apresentar um amarelecimento antes do avermelhamento.
Quais condições são favoráveis para o desenvolvimento de enfezamento do milho?
O desenvolvimento do enfezamento do milho é favorecido por uma combinação de fatores, principalmente relacionados à presença e ao comportamento da cigarrinha-do-milho, o principal vetor da doença.
No entanto, um dos principais fatores que favorecem a incidência do enfezamento é a temperatura elevada — acima de 17 °C à noite e de 27 °C de dia — já que ela contribui para a multiplicação mais rápida dos Molicutes, tanto nas cigarrinhas quanto nas plantas doentes.
Ademais, a alta população de cigarrinha, o plantio contínuo de milho, a suscetibilidade da cultivar e o manejo inadequado também favorecem o desenvolvimento da doença:
- Alta população: quanto maior a população de cigarrinhas, maior a chance de transmissão das bactérias causadoras do enfezamento;
- Plantio contínuo de milho: o plantio de milho em safras sucessivas, sem rotação de culturas, mantém a cigarrinha presente na área durante todo o ano, facilitando a disseminação da doença;
- Suscetibilidade da cultivar: algumas cultivares de milho são mais suscetíveis ao enfezamento. Assim, elas ficam vulneráveis e podem ser contaminadas com mais facilidade;
- Manejo inadequado da cultura: a falta de controle de plantas daninhas e o manejo inadequado da adubação podem enfraquecer as plantas e torná-las mais suscetíveis à doença.
Como realizar o diagnóstico do enfezamento do milho?
O diagnóstico do enfezamento do milho envolve a observação de sintomas visuais, a análise da presença da cigarrinha-do-milho e, em alguns casos, testes laboratoriais.
Aqui estão os principais passos para realizar o diagnóstico:
Observe os sintomas visuais
No diagnóstico baseado nos sintomas, é necessário observar os indícios da doença na planta, conforme o tipo de enfezamento.
No enfezamento pálido, a planta deve apresentar:
- Estrias cloróticas (claras ou amareladas) nas folhas, que se iniciam na base e se estendem em direção ao ápice;
- Redução do porte da planta;
- Encurtamento dos entrenós;
- Proliferação de brotos nas axilas das folhas;
- Espigas pequenas e malformadas;
- Grãos chochos;
- Em alguns casos, avermelhamento das folhas.
Já no enfezamento vermelho, a planta deve ter as seguintes características:
- Avermelhamento das folhas, principalmente nas bordas;
- Amarelecimento das folhas (em alguns casos);
- Perfilhamento e proliferação de espigas;
- Produção de espigas pequenas;
- Enchimento incompleto dos grãos;
- Seca precoce das plantas.
Analise a presença da cigarrinha-do-milho
Como vimos, a cigarrinha-do-milho é o principal vetor do enfezamento. Logo, a presença desse inseto na lavoura é um forte indicativo da possibilidade da doença.
Sendo assim, a análise da presença da cigarrinha-do-milho deve ser feita a partir da inspeção visual das plantas e monitoramento por meio de armadilhas.
Faça testes laboratoriais
Nos casos onde a identificação visual não é conclusiva, os testes laboratoriais podem confirmar a presença das bactérias causadoras do enfezamento.
Vale destacar que os testes podem incluir análises de reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em inglês) para detectar o DNA das bactérias Spiroplasma kunkelii (enfezamento pálido) e Maize bushy stunt phytoplasma (enfezamento vermelho).
Contudo, ao notar sinais de enfezamento na lavoura, o recomendado é buscar ajuda de um profissional especializado, como o engenheiro agrônomo e o técnico agrícola, para realizar o diagnóstico correto e indicar as medidas de controle adequadas. Afinal, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar grandes perdas na produção de milho.
Quais os prejuízos que o enfezamento causa ao milho?
O enfezamento do milho pode causar sérios prejuízos à produção agrícola. Confira os principais impactos negativos dessa doença:
Redução da produtividade
O enfezamento do milho afeta o desenvolvimento da cultura, resultando em espigas menores e grãos malformados. Em casos graves, pode levar à perda total da lavoura.
Danos fisiológicos
O enfezamento interfere no crescimento da planta, causando o encurtamento dos entrenós, a proliferação de espigas e o enfraquecimento dos colmos. Além disso, as culturas afetadas podem apresentar coloração amarelada ou avermelhada nas folhas.
Impacto econômico
A redução da produtividade e a necessidade de medidas de controle aumentam os custos de produção, afetando a rentabilidade do agricultor.
É importante ressaltar que os prejuízos podem variar de acordo com a intensidade da infestação e a suscetibilidade da cultivar de milho.
Quais são as formas de controle e prevenção do enfezamento do milho?
O controle do enfezamento do milho é um desafio, pois a doença é transmitida por um inseto vetor, a cigarrinha-do-milho. No entanto, algumas medidas podem ser tomadas para minimizar os danos e prevenir a doença:
Manejo da cigarrinha-do-milho
O primeiro passo é realizar o monitoramento da lavoura para identificar a presença da cigarrinha e avaliar o nível de infestação.
Caso identifique a praga, existem alguns métodos de controle que podem ser adotados como:
- Controle químico: utilize inseticidas registrados para o controle da cigarrinha, seguindo as recomendações técnicas e as instruções do fabricante;
- Controle biológico: explore o uso de inimigos naturais da cigarrinha, como fungos entomopatogênicos e parasitoides;
- Tratamento de sementes: faça o tratamento de sementes com inseticidas para proteger as plantas jovens da infestação da cigarrinha.
Manejo cultural
Além do controle da cigarrinha-do-milho, também é importante realizar o manejo cultural como forma de prevenção. Entre as práticas mais eficientes, temos:
- Rotação de culturas: evite o monocultivo do milho. Ao invés disso, alterne o plantio com outras culturas não hospedeiras da cigarrinha;
- Eliminação de plantas voluntárias: remova plantas de milho remanescentes de safras anteriores, que podem servir de abrigo para a cigarrinha e o patógeno;
- Época de plantio: sincronize a época de plantio com outros produtores da região para reduzir a disponibilidade de hospedeiros para a cigarrinh;
- Cultivares tolerantes: use cultivares de milho com maior tolerância ao enfezamento sempre que possível.
Ademais, é importante ressaltar que o controle do enfezamento do milho exige uma abordagem integrada, combinando diferentes estratégias para reduzir a população da cigarrinha e minimizar os danos causados pela doença. Por isso, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e acompanhamento técnico também devem ser considerados pelos produtores rurais.
Conclusão
Como vimos, o enfezamento do milho é uma doença que pode causar grandes prejuízos à produção agrícola. Por isso, é fundamental utilizar estratégias de prevenção e controle para garantir a produtividade, qualidade e rentabilidade da cultura.
Gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre as principais doenças que afetam o desenvolvimento do milho.

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.
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