Planta com sintomas de enfezamento do milho, doença transmitida pela cigarrinha-do-milho (Créditos: Shutterstock)

Enfezamento do milho: saiba como combater essa doença

Enfezamento do milho: saiba como combater essa doença

O enfezamento do milho é uma doença que tem preocupado muitos produtores rurais. Afinal, ela pode causar perdas de até 100% na produção em casos severos, além de prejuízos econômicos significativos para a propriedade rural.

Neste artigo, vamos explicar o que é o enfezamento do milho, abordar os principais sintomas e apresentar estratégias eficazes de controle e prevenção dessa doença.

Acompanhe a seguir!

O que é o enfezamento do milho?

O enfezamento do milho é uma doença causada por bactérias da classe Mollicutes. Elas se desenvolvem nos vasos condutores de seiva da planta e prejudicam a absorção de nutrientes e o desenvolvimento do milho.

Na prática, são duas bactérias que causam o enfezamento: a Spiroplasma kunkelii e a Maize bushy stunt phytoplasma. Ambos os patógenos são transmitidos à planta por um único inseto vetor, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).

Tipos de enfezamento

Existem dois tipos principais de enfezamento:

Enfezamento pálido

O enfezamento pálido é causado pela bactéria Spiroplasma kunkelii (classe Mollicutes, ordem Entomoplasmatales e família Spiroplasmataceae). Entre os principais sintomas estão:

  • Estrias cloróticas delimitadas que se iniciam na base das folhas;
  • Plantas com altura reduzida;
  • Encurtamento de entrenós;
  • Brotos nas axilas foliares;
  • Cor avermelhada nas folhas.

Enfezamento vermelho

Esse tipo de enfezamento é causado pela bactéria Maize bushy stunt phytoplasma (MBSP). Sua principal forma de transmissão é por meio da cigarrinha-do-milho, um inseto que se alimenta da seiva das plantas infectadas e transmite as bactérias para plantas saudáveis.

Os sintomas do enfezamento vermelho são:

  • Amarelecimento e/ou avermelhamento das folhas (geralmente iniciando pelas bordas);
  • Produção de espigas pequenas;
  • Seca precoce das plantas.

Quais são os principais sintomas do enfezamento do milho?

Os sintomas do enfezamento podem variar dependendo do tipo da doença e da fase de desenvolvimento da planta. Os principais são:

  • Redução do porte da planta;
  • Encurtamento dos entrenós;
  • Amarelecimento ou avermelhamento das folhas;
  • Estrias cloróticas nas folhas;
  • Espigas pequenas e malformadas;
  • Grãos chochos.

No entanto, se considerarmos os sintomas específicos do enfezamento pálido e do vermelho, temos:

Planta de milho com sintomas de enfezamento vermelho (Créditos: IDR-Paraná)
Planta de milho com sintomas de enfezamento vermelho (Créditos: IDR-Paraná)

Enfezamento pálido

  • Estrias cloróticas: surgem estrias claras ou amareladas nas folhas, que se iniciam na base e se estendem em direção ao ápice;
  • Avermelhamento das folhas: em alguns casos, as folhas podem apresentar uma coloração avermelhada.

Enfezamento vermelho

  • Avermelhamento das folhas: as folhas adquirem uma coloração avermelhada, principalmente nas bordas, que se intensifica com o tempo;
  • Amarelecimento das folhas: as folhas podem apresentar um amarelecimento antes do avermelhamento.

Quais condições são favoráveis para o desenvolvimento de enfezamento do milho?

O desenvolvimento do enfezamento do milho é favorecido por uma combinação de fatores, principalmente relacionados à presença e ao comportamento da cigarrinha-do-milho, o principal vetor da doença.

No entanto, um dos principais fatores que favorecem a incidência do enfezamento é a temperatura elevada — acima de 17 °C à noite e de 27 °C de dia — já que ela contribui para a multiplicação mais rápida dos Molicutes, tanto nas cigarrinhas quanto nas plantas doentes.

Ademais, a alta população de cigarrinha, o plantio contínuo de milho, a suscetibilidade da cultivar e o manejo inadequado também favorecem o desenvolvimento da doença:

  • Alta população: quanto maior a população de cigarrinhas, maior a chance de transmissão das bactérias causadoras do enfezamento;
  • Plantio contínuo de milho: o plantio de milho em safras sucessivas, sem rotação de culturas, mantém a cigarrinha presente na área durante todo o ano, facilitando a disseminação da doença;
  • Suscetibilidade da cultivar: algumas cultivares de milho são mais suscetíveis ao enfezamento. Assim, elas ficam vulneráveis e podem ser contaminadas com mais facilidade;
  • Manejo inadequado da cultura: a falta de controle de plantas daninhas e o manejo inadequado da adubação podem enfraquecer as plantas e torná-las mais suscetíveis à doença.

Como realizar o diagnóstico do enfezamento do milho?

O diagnóstico do enfezamento do milho envolve a observação de sintomas visuais, a análise da presença da cigarrinha-do-milho e, em alguns casos, testes laboratoriais.

Aqui estão os principais passos para realizar o diagnóstico:

Observe os sintomas visuais

No diagnóstico baseado nos sintomas, é necessário observar os indícios da doença na planta, conforme o tipo de enfezamento.

No enfezamento pálido, a planta deve apresentar:

  • Estrias cloróticas (claras ou amareladas) nas folhas, que se iniciam na base e se estendem em direção ao ápice;
  • Redução do porte da planta;
  • Encurtamento dos entrenós;
  • Proliferação de brotos nas axilas das folhas;
  • Espigas pequenas e malformadas;
  • Grãos chochos;
  • Em alguns casos, avermelhamento das folhas.

Já no enfezamento vermelho, a planta deve ter as seguintes características:

  • Avermelhamento das folhas, principalmente nas bordas;
  • Amarelecimento das folhas (em alguns casos);
  • Perfilhamento e proliferação de espigas;
  • Produção de espigas pequenas;
  • Enchimento incompleto dos grãos;
  • Seca precoce das plantas.

Analise a presença da cigarrinha-do-milho

Como vimos, a cigarrinha-do-milho é o principal vetor do enfezamento. Logo, a presença desse inseto na lavoura é um forte indicativo da possibilidade da doença.

Sendo assim, a análise da presença da cigarrinha-do-milho deve ser feita a partir da inspeção visual das plantas e monitoramento por meio de armadilhas.

Faça testes laboratoriais

Nos casos onde a identificação visual não é conclusiva, os testes laboratoriais podem confirmar a presença das bactérias causadoras do enfezamento.

Vale destacar que os testes podem incluir análises de reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em inglês) para detectar o DNA das bactérias Spiroplasma kunkelii (enfezamento pálido) e Maize bushy stunt phytoplasma (enfezamento vermelho).

Contudo, ao notar sinais de enfezamento na lavoura, o recomendado é buscar ajuda de um profissional especializado, como o engenheiro agrônomo e o técnico agrícola, para realizar o diagnóstico correto e indicar as medidas de controle adequadas. Afinal, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar grandes perdas na produção de milho.

Quais os prejuízos que o enfezamento causa ao milho?

O enfezamento do milho pode causar sérios prejuízos à produção agrícola. Confira os principais impactos negativos dessa doença:

Redução da produtividade

O enfezamento do milho afeta o desenvolvimento da cultura, resultando em espigas menores e grãos malformados. Em casos graves, pode levar à perda total da lavoura.

Danos fisiológicos

O enfezamento interfere no crescimento da planta, causando o encurtamento dos entrenós, a proliferação de espigas e o enfraquecimento dos colmos. Além disso, as culturas afetadas podem apresentar coloração amarelada ou avermelhada nas folhas.

Impacto econômico

A redução da produtividade e a necessidade de medidas de controle aumentam os custos de produção, afetando a rentabilidade do agricultor.

É importante ressaltar que os prejuízos podem variar de acordo com a intensidade da infestação e a suscetibilidade da cultivar de milho.

Quais são as formas de controle e prevenção do enfezamento do milho?

O controle do enfezamento do milho é um desafio, pois a doença é transmitida por um inseto vetor, a cigarrinha-do-milho. No entanto, algumas medidas podem ser tomadas para minimizar os danos e prevenir a doença:

Manejo da cigarrinha-do-milho

O primeiro passo é realizar o monitoramento da lavoura para identificar a presença da cigarrinha e avaliar o nível de infestação.

Caso identifique a praga, existem alguns métodos de controle que podem ser adotados como:

  • Controle químico: utilize inseticidas registrados para o controle da cigarrinha, seguindo as recomendações técnicas e as instruções do fabricante;
  • Controle biológico: explore o uso de inimigos naturais da cigarrinha, como fungos entomopatogênicos e parasitoides;
  • Tratamento de sementes: faça o tratamento de sementes com inseticidas para proteger as plantas jovens da infestação da cigarrinha.

Manejo cultural

Além do controle da cigarrinha-do-milho, também é importante realizar o manejo cultural como forma de prevenção. Entre as práticas mais eficientes, temos:

  • Rotação de culturas: evite o monocultivo do milho. Ao invés disso, alterne o plantio com outras culturas não hospedeiras da cigarrinha;
  • Eliminação de plantas voluntárias: remova plantas de milho remanescentes de safras anteriores, que podem servir de abrigo para a cigarrinha e o patógeno;
  • Época de plantio: sincronize a época de plantio com outros produtores da região para reduzir a disponibilidade de hospedeiros para a cigarrinh;
  • Cultivares tolerantes: use cultivares de milho com maior tolerância ao enfezamento sempre que possível.

Ademais, é importante ressaltar que o controle do enfezamento do milho exige uma abordagem integrada, combinando diferentes estratégias para reduzir a população da cigarrinha e minimizar os danos causados pela doença. Por isso, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e acompanhamento técnico também devem ser considerados pelos produtores rurais.

Conclusão

Como vimos, o enfezamento do milho é uma doença que pode causar grandes prejuízos à produção agrícola. Por isso, é fundamental utilizar estratégias de prevenção e controle para garantir a produtividade, qualidade e rentabilidade da cultura.

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Gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre as principais doenças que afetam o desenvolvimento do milho.

Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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