Imagem de destaque para artigo sobre erosão hídrica no Blog AgriQ (Créditos: Shutterstock)

Erosão hídrica: saiba o que é e como evitar na lavoura

Erosão hídrica: saiba o que é e como evitar na lavoura

Você sabia que a erosão hídrica pode comprometer seriamente o potencial produtivo do seu solo e gerar grandes prejuízos a longo prazo?

Esse fenômeno ocorre quando a água da chuva remove a camada superficial do solo, levando consigo nutrientes essenciais às plantas.

Neste artigo, vamos explicar o que é a erosão hídrica, quais são os tipos mais comuns, os fatores que favorecem seu aparecimento e como adotar medidas eficazes de prevenção.

Acompanhe a seguir!

O que é erosão hídrica?

A erosão hídrica é o processo de desgaste e remoção da camada superior da terra ou do solo, causada principalmente pela ação da água.

Em geral, esse fenômeno pode ser agravado por ações humanas como desmatamento e manejo inadequado do solo, e suas consequências incluem a perda de solo fértil e o assoreamento de rios e reservatórios.

Como ocorre a erosão hídrica?

A erosão hídrica ocorre por meio de um processo que envolve a desagregação, o transporte e a deposição de material do solo pela ação da água. Entenda a seguir:

1. Desagregação

Tudo começa com a chuva. Quando as gotas atingem o solo desprotegido (sem vegetação ou cobertura), a força do impacto é tão alta que solta as partículas da sua superfície, dando início ao processo de desagregação.

Além disso, o volume de água que não se infiltra no solo começa a correr pela superfície (escoamento superficial), exercendo uma força de arrasto que solta ainda mais material.

2. Transporte

Quando a taxa de infiltração no solo é superada pela quantidade de chuva, a água começa a escoar pela superfície, formando a enxurrada que arrasta as partículas de solo que foram desprendidas anteriormente.

Assim, o transporte é facilitado em terrenos inclinados, onde a água ganha velocidade à medida que desce.

3. Deposição

O material transportado (sedimentos) é depositado quando a velocidade da água diminui, perdendo sua capacidade de transporte, geralmente em áreas mais planas ou em corpos d’água.

Como resultado, os sedimentos se acumulam, podendo formar bancos de areia em rios (assoreamento) e criar um solo menos fértil na área original.

Quais são os tipos de erosão hídrica?

A erosão hídrica se manifesta em diferentes tipos ou estágios, dependendo da intensidade do fluxo de água e da concentração do escoamento. Eles geralmente evoluem de formas mais leves e difusas para formas mais severas e concentradas.

Os principais tipos de erosão hídrica são:

Erosão pluvial (impacto das chuvas): é o primeiro estágio, onde as gotas de chuva atingem o solo com força, desprendendo e transportando as partículas. Este efeito é mais intenso em solos sem cobertura vegetal.

Erosão laminar: ocorre quando uma fina camada de solo é uniformemente removida pela enxurrada, expondo, por exemplo, as raízes das plantas.

Erosão em sulcos: ocorre quando a água da enxurrada se concentra em pequenos canais, formando sulcos no solo. Estes podem ser recuperados mais facilmente do que outros tipos.

Erosão em ravinas: uma consequência do agravamento dos sulcos, as ravinas são fendas maiores e mais profundas que os sulcos, formadas pelo transporte excessivo de sedimentos.

Erosão em voçorocas: é a forma mais grave, caracterizada por grandes e extensos buracos no solo, que são o resultado do agravamento das ravinas.

Solapamento do solo: ocorre quando a água desfaz a base de um solo em declive, causando seu desmoronamento e, em casos mais graves, fazendo com que barrancos inteiros caiam.

Erosão subterrânea: a água que se infiltra no solo age de dentro para fora, carregando as partículas e formando canais subterrâneos que podem levar ao afloramento do lençol freático.

Erosão fluvial: ocorre em rios e cursos d’água, onde a água em maior velocidade nas margens causa erosão, enquanto a água mais lenta causa deposição de sedimentos, remodelando o leito do rio.

Quais são os fatores que influenciam a erosão hídrica?

A princípio, os fatores que influenciam a erosão hídrica incluem:

  • Chuva (intensidade e volume);
  • Solo (tipo, compactação e falta de cobertura);
  • Relevo (declividade e comprimento da encosta);
  • Desmatamento;
  • Uso inadequado da terra.

Chuva

  • Intensidade e volume: chuvas fortes e volumosas aumentam o volume e a velocidade do escoamento superficial, causando mais erosão;
  • Frequência e duração: a frequência e a duração das chuvas também são importantes, pois afetam a quantidade total de água que chega ao solo.

Solo

  • Tipo de solo: a capacidade do solo de absorver água varia com sua estrutura e composição;
  • Compactação: solos compactados têm menos poros, o que dificulta a infiltração da água e aumenta o escoamento superficial;
  • Cobertura do solo: a falta de cobertura vegetal ou palhada expõe o solo ao impacto direto das gotas de chuva, que agem como pequenos martelos, o que consequentemente aumenta a erosão.

Relevo

  • Declividade: quanto mais íngreme o terreno, mais rápido a água escorre pela superfície, o que eleva o potencial erosivo;
  • Comprimento da encosta: encostas mais longas permitem que a água ganhe mais velocidade e volume, de modo que levam à intensificação da erosão.

Manejo e uso do solo

  • Desmatamento: a remoção da vegetação deixa o solo desprotegido e mais suscetível à ação da água;
  • Práticas agrícolas: o manejo inadequado do solo, como o cultivo em sentido paralelo à encosta pode acelerar a erosão;
  • Urbanização e construções: a construção de estradas, prédios e outras obras pode alterar o fluxo da água e aumentar a erosão.

Quais os prejuízos causados pela erosão hídrica na agricultura?

A erosão hídrica causa uma série de prejuízos severos e de longo prazo para a agricultura, afetando a produtividade, a qualidade do solo e o ambiente geral da propriedade rural.

Sendo assim, os principais impactos na agricultura são:

1. Perda da fertilidade do solo

Este é o dano mais direto e significativo. A erosão hídrica, especialmente a laminar, remove a camada superficial do solo, que é a mais rica em matéria orgânica e nutrientes essenciais (nitrogênio, fósforo, potássio).

Contudo, a perda desses nutrientes e da matéria orgânica resulta em solos menos férteis, exigindo maior quantidade de fertilizantes químicos para manter a produção.

2. Redução da capacidade de retenção de água

A partir da erosão hídrica, a estrutura do solo é prejudicada, afetando o ciclo hídrico na lavoura. Isso ocorre porque a remoção da matéria orgânica e o impacto das gotas de chuva causam a desagregação e o selamento da superfície do solo, o que reduz a infiltração da água da chuva.

Nesse sentido, com a menor infiltração, o solo perde a capacidade de armazenar água para as plantas. Isso torna as culturas mais vulneráveis a períodos de seca (estresse hídrico), mesmo que a precipitação anual seja adequada.

3. Danos estruturais e dificuldade de manejo

Na prática, as formas mais avançadas de erosão criam obstáculos físicos no campo. Logo, a formação de sulcos, ravinas e, principalmente, voçorocas impede o uso de máquinas e implementos agrícolas, fragmentando a área de plantio e, em casos graves, tornando o terreno inutilizável.

Além disso, a erosão pode danificar cercas, estradas rurais e sistemas de irrigação e drenagem, exigindo custos elevados para reparo ou reconstrução.

4. Contaminação e assoreamento de água

O prejuízo também se estende para fora da lavoura, visto que a água de escoamento carrega partículas de solo, mas também os fertilizantes e agrotóxicos que foram aplicados no campo. Esses produtos químicos acabam contaminando rios, lagos e o lençol freático.

Ademais, o assoreamento (sedimento transportado e depositado no fundo dos rios, açudes e reservatórios) reduz a capacidade de armazenamento de água, prejudica a vida aquática e pode aumentar o risco de inundações.

Como cuidar da lavoura com solo encharcado?

Para cuidar de uma lavoura com solo encharcado, é preciso:

  • Drenar o excesso de água (abrindo canais ou valas);
  • Fazer a aeração (facilitar a troca de gases entre atmosfera e solo) usando subsoladores ou escarificadores quando o terreno permitir;
  • Repor os nutrientes lixiviados (removidos pelo movimento da água) conforme orientação de análise de solo;
  • Evitar o tráfego de máquinas para não compactar ainda mais o solo.

Como evitar a erosão hídrica na lavoura?

Para fazer a prevenção da erosão hídrica na lavoura, é necessário adotar um conjunto de técnicas de conservação do solo e da água que visam proteger a superfície do solo e controlar o fluxo da enxurrada.

Nesse sentido, o objetivo principal é manter o solo coberto e reduzir a velocidade da água. Sendo assim, as estratégias mais eficazes são:

1. Cobertura do solo e plantio direto

O plantio direto consiste em semear a cultura diretamente sobre a palhada (resíduos da cultura anterior) sem arar ou gradear o solo. A palhada atua como uma “armadura” para:

  • Amortecer o impacto das gotas de chuva;
  • Reduzir a velocidade do escoamento superficial;
  • Aumentar a infiltração de água no solo.

Já a cobertura do solo pode ser feita a partir da plantação de espécies não comerciais (como milheto, braquiária ou aveia) durante o período de entressafra. Elas protegem o solo da erosão e ainda melhoram sua estrutura.

2. Manejo da vegetação

O uso inteligente da vegetação pode funcionar como uma barreira:

  • Faixas de retenção: plantar faixas de gramíneas densas ou culturas perenes, como o capim vetiver, intercaladas com a cultura principal, especialmente em declives. Essas faixas filtram a água e retêm o sedimento erodido;
  • Manutenção de matas ciliares: proteger a vegetação nativa nas margens de rios e córregos. As raízes dessa vegetação evitam o solapamento e o desmoronamento das margens.

3. Melhoria da estrutura do solo

Entre as práticas que ajudam a aumentar a resistência do solo à erosão, temos:

  • Correção e adubação: manter o solo com pH e nutrientes equilibrados, o que melhora a saúde da cultura e a produção de palhada;
  • Adição de matéria orgânica: a matéria orgânica age como uma “cola”, agregando as partículas do solo e tornando-o mais resistente ao impacto da chuva e ao arrasto da água. O plantio direto e as culturas de cobertura são essenciais para isso.

Conclusão

Como vimos, a erosão hídrica é um desafio constante nas propriedades rurais, mas pode ser controlada com boas práticas de conservação e manejo do solo.

Assim, ao investir em técnicas agrícolas como o plantio direto e o uso de cobertura vegetal, é possível evitar perdas e garantir maior produtividade e sustentabilidade a longo prazo.

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Gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre gestão hídrica na agricultura.

Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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