Cigarrinha da raiz (Mahanarva fimbriolata) é uma das pragas da cana-de-açúcar (Créditos: Marcos Cesar Campis | Shutterstock)

Pragas da cana-de-açúcar: conheça as principais e como controlá-las

Pragas da cana-de-açúcar: conheça as principais e como controlá-las

As pragas da cana-de-açúcar são responsáveis por altas perdas nos canaviais. Sendo assim, adotar métodos de controle é fundamental para evitar sérios prejuízos na lavoura.

Neste artigo, vamos apresentar as principais pragas da cana-de-açúcar, mencionar os seus danos e indicar métodos eficazes de controle.

Acompanhe a seguir!

Quais são as principais pragas da cana-de-açúcar?

Em geral, as pragas podem causar grandes prejuízos para a cultura da cana-de-açúcar. Entre as principais, podemos citar:

  • Broca da cana;
  • Broca gigante;
  • Bicudo da cana;
  • Cigarrinha da cana;
  • Cupim da cana-de-açúcar;
  • Formiga saúva;
  • Besouros.

Vamos ver mais sobre elas abaixo!

Broca da cana

A broca da cana-de-açúcar (a mariposa Diatraea saccharalis) na fase adulta (Créditos: Koppert Brasil)
A broca da cana-de-açúcar (a mariposa Diatraea saccharalis) na fase adulta (Créditos: Koppert Brasil)

A espécie de broca mais recorrente nos canaviais brasileiros é a mariposa Diatraea saccharalis. Essa praga é responsável por provocar grandes prejuízos nas plantações.

Os danos provocados pela broca da cana ocorrem desde a fase inicial de larva, mais conhecida como broquinha. Nesse estágio, a larva começa a raspar a folha e o colmo da cana e, em seguida, perfura o caule na base do entrenó (região mais mole) até entrar no colmo.

Assim, com o seu desenvolvimento, a larva fica maior (broca) e permanece dentro do colmo da cana, fazendo as galerias.

Danos

Em geral, a broca causa diversos prejuízos para a lavoura de cana-de-açúcar devido a abertura das galerias.

Dentre os sintomas específicos desse tipo de praga, podemos citar:

  • Perda de peso;
  • Morte de gemas;
  • Secamento dos ponteiros em cana nova (quando atinge a região de crescimento da planta e causa o sintoma de coração morto em plantas jovens);
  • Quebra da cana por conta da broca fazer as galerias, deixando a cana propensa a quebrar quando exposta a ventos;
  • Brotações laterais;
  • Enraizamento aéreo.

Além disso, o ataque da broca pode provocar perdas indiretas nas galerias afetadas pela praga. Isso significa que a abertura dessas galerias pode favorecer a entrada de fungos que causam a doença da podridão vermelha, uma das principais doenças da cana-de-açúcar.

Controle

O controle dessa praga pode ser realizado por meio do Manejo Integrado de Pragas, isso inclui a utilização de variedades resistentes, controle biológico com parasitoides, liberação de inimigos e aplicação adequada de inseticidas naturais seletivos.

Broca gigante

Broca Gigante na fase adulta (Telchin licus) (Créditos: Roberto Sampaio | Bio Diversity 4 All)
Broca Gigante na fase adulta (Telchin licus) (Créditos: Roberto Sampaio | Bio Diversity 4 All)

A broca gigante (Telchin licus), em sua forma larval, é capaz de causar danos na cana-de-açúcar. Nessa fase, normalmente possui 8 cm de comprimento e 1,2 cm de largura, sendo caracterizada pela cor branca com uma única mancha castanha.

Na fase adulta, a praga coloca ovos de coloração que varia entre verde e marrom, com 4 mm de comprimento e formato semelhante à fruta carambola.

Ovos da broca gigante (Créditos: Elio Cesar Guzzo | Research Gate)
Ovos da broca gigante (Créditos: Elio Cesar Guzzo | Research Gate)

Após sair do ovo, as lagartas penetram no solo, cavando galerias de até 1 m de comprimento no interior do colmo.

Vale destacar que a broca-gigante não desaparece após o corte da cana-de-açúcar. Em contrapartida, ela permanece alimentando-se dos rizomas e das raízes. Além disso, assim como a broca-da-cana, essa praga também causa o fenômeno do “coração morto”.

Danos

Em síntese, os danos causados pela broca-gigante e pela broca-da-cana são muito parecidos. No entanto, a diferença pode ser identificada durante o controle de pragas, em que é possível medir o diâmetro das galerias que elas abrem. Isso porque a broca-gigante faz aberturas maiores.

Controle

Para realizar o controle da broca-gigante, é necessário utilizar inimigos naturais, manejo cultural e semioquímicos. O conjunto desses métodos, quando bem aplicados, é eficiente e duradouro.

Bicudo da cana-de-açúcar

Larva do bicudo da cana-de-açúcar (Créditos: Cana Online)
Larva do bicudo da cana-de-açúcar (Créditos: Cana Online)

O bicudo da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis) é uma praga altamente destrutiva, que tem sido encontrada com frequência nos canaviais. Em geral, ele ataca a touceira da cana, gerando perdas de 30 a 60% da produtividade, o que limita a longevidade da cultura.

Em sua fase adulta, o bicudo da cana é um besouro. Porém, é na fase de larva que o inseto escava a touceira da cana fazendo galerias, provocando o surgimento de clorose e secamento das folhas (de fora para dentro da touceira), afetando o estande da cana e a produtividade.

Como inseto, o bicudo se alimenta e faz galerias. Dessa forma, causa danos nos rizomas, morte dos perfilhos e falhas nos canaviais, favorecendo a reforma precoce.

Danos

Os canaviais afetados por essa praga não passam do segundo corte, já que a ação do bicudo reduz a produtividade das plantas. Em situações extremas, pode ocorrer a morte da cultura.

Ademais, o ataque dessa praga também provoca o aumento da proliferação de plantas invasoras. Isso acontece porque o bicudo deixa falhas nos perfilhos, o que gera espaços abertos.

Controle

O controle dessa praga pode ser feito por meio da destruição das soqueiras na reforma do canavial. Além disso, é possível utilizar inseticidas no sulco de plantio e nas soqueiras da cana.

Cigarrinha da raiz

A cigarrinha da cana-de-açúcar pode provocar danos desde o estágio de ninfa (Créditos: Koppert Brasil)
A cigarrinha da cana-de-açúcar pode provocar danos desde o estágio de ninfa (Créditos: Koppert Brasil)

A cigarrinha da raiz (Mahanarva fimbriolata) é outra praga que pode causar prejuízos aos canaviais. Na prática, ela pode gerar até 60% de perda em soqueira de cana.

Esse inseto pode provocar danos em seus estágios iniciais pela ninfa e pelo adulto da cigarrinha.

Danos

As ninfas se alimentam pela sucção de seiva e provocam a morte das raízes das plantas. Dessa forma, a praga afeta o fluxo de água e nutrientes para a parte aérea, o que causa a liberação de uma espécie de espuma branca que se acumula na parte inferior da planta ao nível do solo.

Esses danos na raiz geram problemas no colmo, como afinamento e rachaduras. Além disso, interferem na qualidade da matéria-prima, aumentando o teor de fibras e impurezas.

Os adultos se alimentam das folhas e dos colmos, o que pode levar à necrose no local da alimentação.

Nesse caso, além das pequenas manchas amarelas nas folhas que, posteriormente, se tornam avermelhadas e opacas, também há redução na capacidade de fotossíntese e do conteúdo de sacarose do colmo.

Controle

O manejo de controle da cigarrinha da raiz é feito por meio do monitoramento no início do período chuvoso até terminar a estação chuvosa.

Ademais, também é possível adotar ações voltadas para o controle com defensivos biológicos ou agrotóxicos.

Cupim da cana-de-açúcar

O Heterotermes tenuis é a espécie de cupim que mais ataca a cana-de-açúcar (Créditos: Agrobase)
O Heterotermes tenuis é a espécie de cupim que mais ataca a cana-de-açúcar (Créditos: Agrobase)

Conhecido como cupim subterrâneo, essa praga é capaz de construir ninhos abaixo do nível do solo. Em geral, esses cupins vivem em colônias organizadas e provocam falhas na brotação das soqueiras, diminuindo assim a durabilidade do canavial.

Danos

Os cupins da cana-de-açúcar danificam os toletes recém-plantados, as gemas e provocam falhas na germinação. Além disso, quando as plantas já estão maiores, eles atacam as galerias criadas por outras pragas da cana e penetram a cultura para cortarem o alimento.

Controle

Para controlar os ataques dos cupins, é necessário adotar a utilização de fungos patogênicos, que podem ser encontrados em casas de produtos rurais.

No entanto, outra opção é a aplicação de inseticida no momento da plantação da cultura.

Formiga saúva

A formiga cortadeira Saúva é uma importante praga da cana-de-açúcar (Créditos: Pedro Turrini Neto)
A formiga cortadeira Saúva é uma importante praga da cana-de-açúcar (Créditos: Pedro Turrini Neto)

A formiga saúva também é uma praga que atinge a cultura de cana-de-açúcar. Em geral, elas são grandes e são compostas por grandes câmaras.

Danos

Essas pragas prejudicam o desenvolvimento da planta pois cortam as folhas e os ramos, destruindo assim a cultura da cana-de-açúcar.

No mais, elas causam a desfolha, principalmente em plantas jovens.

Controle

A melhor forma de controlar a presença da formiga saúva nas lavouras de cana é utilizar inseticidas e iscas tóxicas.

Besouros (Migdolus Fryanus)

Larva do besouro Migdolus Fryanus (Créditos: Revista Cultivar)
Larva do besouro Migdolus Fryanus (Créditos: Revista Cultivar)

Antes de se transformar em um besouro, o Migdolus Fryanus é uma larva branca que possui cerca de 4 centímetros e ataca as reboleiras na cana plantada e em outros cortes subsequentes.

Danos

A ação do besouro pode causar uma destruição em toda a lavoura. Isso porque as plantas atacadas criam poucas raízes, resultando no secamento de touceiras nas reboleiras infestadas.

Controle

Como forma de controle, o produtor pode adotar a prática de rotação de culturas. Dessa forma, a ideia é cultivar uma espécie que não seja atacada pelo besouro — assim, essa praga não terá o que comer e morrerá.

Outra opção é planejar armadilhas utilizando feromônio para atrair os machos, que caem nela e morrem. Essa armadilha deve ser trocada a cada três semanas.

Manejo Integrado de Pragas na cultura de cana-de-açúcar

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma das maneiras mais eficientes de promover o controle das pragas da cana-de-açúcar. Isso significa que a junção de várias medidas é capaz de combater as ações desses inimigos das lavouras.

Nesse contexto, um dos pilares do MIP é o monitoramento da lavoura para verificar as pragas presentes no local. O objetivo é realizar um levantamento contínuo, estimando a densidade populacional para definir a melhor estratégia de manejo.

Entre as principais medidas adotadas no MIP da cana-de-açúcar, temos:

  • Monitoramento e levantamento das pragas no canavial, analisando a ocorrência de cada praga e a densidade populacional;
  • Sistemas de cultivo/reforma do canavial para reduzir a presença da praga;
  • Limpeza de equipamentos e máquinas agrícolas;
  • Avaliar a qualidade das mudas, uma vez que elas podem dispersar várias pragas e novas áreas;
  • Utilizar variedades de cana-de-açúcar tolerantes ou resistentes às pragas;
  • Controle químico a partir do uso de inseticidas;
  • Controle biológico com vários parasitoides para cada praga.

Receituário agronômico

Ao optar pelo controle químico das pragas da cana-de-açúcar, o uso do receituário agronômico é obrigatório. Na prática, ele consiste no documento com a prescrição de uso dos defensivos agrícolas.

O principal objetivo do receituário agronômico é garantir a segurança na venda e no uso de defensivos agrícolas.

A partir do documento, o responsável técnico habilitado formaliza a recomendação técnica da aplicação do agrotóxico.

Assim, com as orientações de uso, o produtor rural e o profissional responsável pela aplicação sempre tem em mãos uma referência de como utilizar o agrotóxico.

Sabemos que defensivos agrícolas são produtos químicos que representam risco à saúde das pessoas e do meio ambiente caso não sejam utilizados da maneira correta. Portanto, o uso da receita agronômica garante uma aplicação segura e correta desses produtos.

Conclusão

Neste artigo, podemos conferir as principais pragas da cana-de-açúcar, os danos causados por cada uma delas e os métodos mais eficazes de controle.

Também vimos a importância do receituário agronômico durante o processo de controle de pragas e o porquê ele é fundamental para garantir a segurança na aplicação de defensivos agrícolas.

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Enfim, gostou desse conteúdo? Então aproveite e leia nosso artigo sobre usinas de cana-de-açúcar.

Até a próxima!

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Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

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