A agricultura regenerativa tem como base a agricultura orgânica e por isso prioriza práticas de saúde do solo e gestão da terra. Assim, concilia a produção de alimentos com a preservação de recursos naturais.
Neste artigo, vamos explicar o conceito de agricultura regenerativa, suas vantagens e como aplicá-la na sua propriedade rural.
Acompanhe a seguir!
O que é agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa é um modelo de gestão agrícola que adota práticas que permitem a conciliação entre a produção de alimentos a longo prazo e a conservação dos recursos naturais para as futuras gerações.
Essa abordagem vai além da sustentabilidade e diminuição dos impactos associados à atividade agrícola. Afinal, ela também tem o intuito de restaurar e fortalecer os ecossistemas que sustentam a agricultura.
Como surgiu a agricultura regenerativa?
O conceito de agricultura regenerativa foi desenvolvido pelo americano Robert Rodale, fundador do Rodale Institute, no início da década de 1980, que resgatou e melhorou os princípios da agricultura orgânica na década de 1940.
Nesse sentido, o termo foi criado para fazer referência à necessidade de reestabelecer os sistemas naturais em áreas agrícolas, com foco em melhorias ambientais e sociais, sem o uso de produtos químicos.
Nesse período, os produtores de milho e soja do centro-oeste dos Estados Unidos estavam passando por uma crise agrícola provocada pelo declínio do desempenho do solo.
Então, para enfrentá-la, os agricultores precisaram reduzir a aração do solo e adotar culturas de cobertura para tentar recuperar a terra. Ainda nesta época, produtores convencionais começaram a produzir alimentos orgânicos, ampliando o volume de produtos.
Diante desse contexto, Robert Rodale deu um passo à frente na agricultura orgânica, cunhando o termo “orgânico regenerativo”. Essa abordagem holística da agricultura se baseou nos princípios da agricultura orgânica (iniciada em 1940) em conjunto com práticas de saúde do solo e gestão da terra que imitam a natureza.
Qual o princípio básico da agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa tem como base a agricultura orgânica e, por isso, prioriza práticas de saúde do solo e gestão da terra. Mais do que isso, esse modelo é capaz de produzir alimentos ao mesmo tempo que oferece condições para a natureza se recuperar.
Em termos gerais, o produtor que adota a agricultura regenerativa precisa ter um olhar sistêmico para a propriedade, pois a produção se conecta com o todo — ou seja, organismos vivos que vivem abaixo e acima do solo, a água que infiltra no solo, além de gases e nutrientes que são captados e liberados por plantas, animais e microrganismos.
Alguns exemplos de práticas regenerativas são:
- Rotação de culturas ou cultivo sucessivo de mais de uma espécie na mesma área;
- Adoção de plantas de cobertura;
- Redução de arado no solo;
- Produção de mais de um alimento na mesma área (Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta)
- Redução do uso de fertilizantes e agrotóxicos;
- Promoção do bem-estar animal e práticas justas de trabalho para os agricultores.
Qual a importância da agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa é importante porque ajuda a reduzir os impactos negativos da atividade no meio ambiente. Portanto, ela trabalha em prol de um futuro mais sustentável.
Veja as principais contribuições que esse modelo agrícola é capaz de oferecer!
Ajuda a eliminar as emissões de gases de efeito estufa
Por meio de suas práticas agrícolas, a agricultura regenerativa ajuda a eliminar as emissões de gases de efeito estufa, que são os principais responsáveis pelo aquecimento global.
Combate às mudanças climáticas
A agricultura regenerativa é capaz de promover a diminuição de emissões de gases de efeito estufa em conjunto com o sequestro de carbono no solo. A soma dessas duas práticas é eficaz no combate das mudanças climáticas.
Atua no enfrentamento das secas
A matéria orgânica não só acumula a umidade do solo como melhora a retenção e infiltração da água. Dessa forma, é uma aliada para o enfrentamento das secas.
Contribui para a biodiversidade
A preservação de espécies versáteis é benéfica para os negócios agrícolas assim como para a sustentabilidade ambiental. Por meio de práticas como rotação de culturas e sistemas agroflorestais, é possível aumentar a biodiversidade.
Quais são os pilares da agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa possui cinco pilares. Confira a seguir!
1. Redução do revolvimento do solo
O revolvimento do solo é uma prática utilizada na agricultura convencional, que consiste em modificar a camada superficial do solo antes do início do plantio.
Como resultado, ocorre a degradação progressiva de aspectos físicos, químicos e biológicos do solo, gerando assim, problemas de erosão e mudança de estrutura do solo.
Por isso a agricultura regenerativa propõe a redução dessa prática, a fim de minimizar o revolvimento do solo por meio de práticas como o plantio direto.
Assim, além de diminuir a erosão do solo, o modelo regenerativo ajuda a aumentar o estoque de matéria orgânica e melhorar a biodiversidade local. Logo, é possível criar um ambiente mais saudável para o estabelecimento das lavouras.
2. Manutenção da cobertura do solo
A qualidade da cobertura do solo influencia diretamente no controle da erosão e manejo de doenças, pragas agrícolas e plantas daninhas.
Portanto, investir em culturas de cobertura contribui para o manejo de microrganismos e controle da erosão, favorecendo assim o aumento da fertilidade do solo e o sequestro de carbono.
3. Manutenção de plantas vivas
A manutenção de plantas vivas é fundamental para preservar a estrutura do solo e fornecer nutrientes necessários para a alimentação dos microrganismos que habitam no local.
Como resultado, há o aumento do equilíbrio do ecossistema da lavoura, a retenção de nutrientes, a fertilidade do solo, controle de pragas, entre outros benefícios.
Em resumo, esse pilar complementa a importância do plantio de culturas de cobertura ou de pastagens permanentes, a fim de garantir a proteção do solo.
4. Investimento na biodiversidade
A construção de solos saudáveis e ecossistemas mais equilibrados é possível quando há investimento em biodiversidade. Para isso, o produtor deve adotar técnicas como rotação de culturas, sistemas agroflorestais, uso inteligente de fertilizantes, entre outras práticas.
5. Integração dos animais à lavoura
Ao integrar animais à lavoura, o produtor possibilita o uso inteligente de recursos naturais e promove uma melhor produtividade das culturas.
Isso ocorre porque a presença de animais, especialmente de pastoreio de gado, ajuda a reciclar os nutrientes do solo, aumentando assim a matéria orgânica e reduzindo, consequentemente, a necessidade de fertilizantes.
Na prática, o gado ajuda a arejar o solo, dispersar sementes e adubar a área de terra com esterco. Dessa forma, é possível promover o crescimento saudável da lavoura.
Nesse cenário, o modelo regenerativo propõe a adoção de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), que combinam o crescimento da lavoura com a criação de animais.
Quais são as vantagens da agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa pode beneficiar a propriedade rural de diversas formas. Confira a seguir as principais vantagens desse modelo agrícola:
- Aumenta a produtividade e o rendimento da lavoura;
- Reduz os gastos com fertilizantes e defensivos agrícolas;
- Promove melhorias na saúde e fertilidade do solo;
- Permite o uso eficiente dos recursos naturais;
- Aumenta a qualidade dos produtos agrícolas;
- Favorece a biodiversidade;
- Contribui para o aumento do sequestro carbono da atmosfera;
- Melhora o estoque de carbono do solo;
- Reduz a emissão de gases do efeito estufa;
- Ajuda a combater as mudanças climáticas;
- Possibilita o acesso do produtor ao mercado de carbono;
- Alinha a produção agrícola com as demandas globais por sistemas mais sustentáveis;
- Torna o produtor mais competitivo no mercado.
Como implementar a agricultura regenerativa? Quais os manejos aplicados?
A princípio, a agricultura regenerativa visa a menor interferência possível nos sistemas agrícolas. Por isso, preza pela não utilização de fertilizantes sintéticos e defensivos agrícolas, assim como pelo não revolvimento do solo. Além disso, também prioriza a maior diversidade de plantas integradas ao ambiente como um todo.
Sendo assim, para implementar a agricultura regenerativa, é necessário investir em técnicas que promovam a saúde do solo, a biodiversidade e a sustentabilidade dos sistemas produtivos. Entre elas podemos citar:
Rotação de culturas: consiste em uma prática agrícola que promove a alternância de cultivo de uma área por um determinado período de tempo. Essa técnica favorece a conservação do solo e controle de pragas na lavoura.
Plantio direto: técnica onde o cultivo da cultura é feito por cima da palhada seca da produção anterior. Na prática, ajuda a proteger e manter os nutrientes do solo, além de minimizar o ataque de pragas.
Compostagem: utiliza materiais orgânicos, como restos de plantas e esterco animal decompostos, para produzir um composto que é fonte de nutrientes.
Bioinsumos: consiste em produtos biológicos, derivados de microrganismos e substâncias naturais, como biofertilizantes e biopesticidas, que auxiliam no manejo de pragas e doenças, sem prejudicar o meio ambiente.
Cultivo perene: plantas de ciclo longo que, com suas raízes, ajudam a proteger a terra da erosão hídrica e do vento.
Integração de animais: ajuda a promover a fertilidade do solo, ao mesmo tempo que controla o aparecimento de pragas e plantas daninhas, por meio da introdução de inimigos biológicos.
Sistema agroflorestal: combina culturas agrícolas com árvores. O intuito é evitar a erosão do solo com sistemas radiculares vigorosos.
Conclusão
Neste artigo, aprendemos que a agricultura regenerativa é um modelo agrícola que concilia a produção de alimentos e a preservação de recursos naturais.
Dessa forma, ao implementar o método nas lavouras, é possível produzir enquanto se recupera a terra e se preserva o meio ambiente. Para isso, são utilizados sistemas regenerativos que promovem a melhora do solo e da biodiversidade.
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Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.
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