Mosca-branca (Créditos: Tomasz Klejdysz | Shutterstock)

Mosca-branca: saiba como eliminar a praga

Mosca-branca: saiba como eliminar a praga

A mosca-branca é um inseto que suga os nutrientes das plantas em que se hospeda, causando amarelamento das folhas, redução do crescimento e queda prematura de frutos.

Neste artigo, vamos explicar como funciona o ciclo de vida da mosca-branca, os principais danos causados por essa praga e como combatê-la de forma eficaz.

Confira a seguir!

O que é a mosca-branca?

A mosca-branca é um inseto sugador, pertencente à família Aleyrodidae, que se tornou uma praga agrícola de grande importância em diversas culturas ao redor do mundo. Sua ocorrência e severidade tendem a ser maiores em regiões de clima tropical e subtropical, caracterizadas por altas temperaturas e períodos secos.

No Brasil, as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste são propícias ao desenvolvimento da mosca-branca devido às suas características climáticas de calor e períodos de seca.

Logo, estados como Mato Grosso, Goiás, Bahia e Maranhão frequentemente registram altas infestações em culturas como soja, feijão e algodão.

Ciclo de vida da mosca-branca

O ciclo de vida da mosca-branca é um processo de metamorfose incompleta, que passa pelas seguintes fases:

1. Ovo

Ovos e adultos de mosca-branca Bemisia tabaci em folha de feijão (Créditos: Sebastião José de Araújo | Embrapa Arroz & Feijão)
Ovos e adultos de mosca-branca Bemisia tabaci em folha de feijão (Créditos: Sebastião José de Araújo | Embrapa Arroz & Feijão)

A princípio, as fêmeas adultas depositam seus ovos (que são muito pequenos, cerca de 0,2 mm), na parte inferior das folhas mais jovens das plantas hospedeiras. Os ovos têm formato oval ou de pera e, inicialmente, são de cor branco-amarelada, podendo escurecer com o tempo.

A eclosão dos ovos geralmente ocorre entre 5 a 7 dias, mas esse período pode variar dependendo da temperatura e da planta hospedeira. Em temperaturas mais altas, o período de incubação tende a ser mais curto.

2. Ninfa

Ciclo de vida da Trialeurodes vaporiorium, uma das espécies de mosca-branca. Os estágios de larva correspondem aos ínstares citados no texto. (Créditos: Koppert Portugal)
Ciclo de vida da Trialeurodes vaporiorium, uma das espécies de mosca-branca. Os estágios de larva e pupa correspondem aos ínstares citados no texto. (Créditos: Koppert Portugal)

Após a eclosão, emerge a ninfa de primeiro estágio de desenvolvimento (instar), que é móvel e rasteja pela folha por um curto período de tempo antes de se fixar em um local para se alimentar.

A ninfa passa por mais três estágios de desenvolvimento (ínstares), tornando-se progressivamente maior e menos móvel. Do segundo instar em diante, as ninfas são sésseis, ou seja, permanecem fixas na folha, sugando a seiva da planta.

As ninfas nos diferentes ínstares apresentam características distintas em termos de coloração e formato. No último instar (quarto instar), a ninfa é, por vezes, chamada de pupa ou pseudo-pupa, embora não seja uma verdadeira pupa como em insetos com metamorfose completa. Nesta fase, ela se torna mais espessa e opaca.

3. Adulto

Adultos de mosca-branca (Trialeurodes vaporariorum) (Créditos: Tomasz Klejdysz | Shutterstock)
Adultos de mosca-branca (Trialeurodes vaporariorum) (Créditos: Tomasz Klejdysz | Shutterstock)

O adulto emerge da exúvia (pele) do último estágio ninfal. Os adultos são pequenos (1 a 2 mm de comprimento), têm corpo amarelo-pálido e dois pares de asas cobertas por uma substância cerosa branca, que lhes dá a aparência de “moscas brancas”.

Os adultos são móveis e podem voar para outras partes da planta ou para outras plantas, disseminando a infestação. O acasalamento ocorre geralmente dentro de 12 a 48 horas após a emergência.

As fêmeas podem viver de 3 a 6 semanas e depositar entre 100 a 300 ovos durante sua vida, dependendo das condições ambientais. A reprodução pode ser sexuada ou por partenogênese (sem fecundação).

A duração completa do ciclo de vida da mosca-branca (de ovo a adulto) é influenciada pela temperatura. Em condições mais quentes (por volta de 25°C a 32°C), o ciclo pode durar cerca de 19 a 26 dias. Em temperaturas mais baixas (por volta de 15°C), pode se estender para 70 dias ou mais.

Quais culturas são suscetíveis ao ataque da mosca-branca?

A mosca-branca (principalmente a espécie Bemisia tabaci) é uma praga altamente polífaga, já que ataca uma vasta gama de culturas agrícolas. Algumas das principais culturas afetadas pela mosca-branca incluem:

  • Hortaliças: tomate, pimentão, pepino, abobrinha, abóbora, melão, melancia, feijão-vagem, ervilha, quiabo, berinjela, jiló, repolho, couve, couve-flor, brócolis e alface;
  • Grandes culturas: soja, feijão, algodão, mandioca e fumo;
  • Frutíferas: mamão e uva;
  • Outras Culturas: batata-doce.

Como identificar a mosca-branca?

Em geral, a mosca-branca é um pequeno inseto de cor amarelo-pálida e asas brancas, que pode ser identificado na parte inferior das folhas. Entre suas principais características estão:

  • Adultos medem de 1 a 2 mm, sendo as fêmeas maiores que os machos;
  • Asas brancas recobertas por uma camada pulverulenta de cera;
  • Ovos brancos e cônicos, depositados em círculos na parte inferior das folhas;
  • Ninfas translúcidas e amareladas;
  • As fêmeas tendem a ser ligeiramente maiores que os machos.

Quais são os danos causados pela mosca-branca?

A mosca-branca causa danos significativos às culturas tanto pela sua alimentação direta quanto pela transmissão de vírus, que podem causar doenças devastadoras e perdas econômicas consideráveis.

De modo geral, os danos podem ser classificados em diretos e indiretos:

Danos diretos

Folhas de berinjela com manchas amarelas, decorrentes de infecção por begomovírus (vírus amarelo) (Créditos: Alwi Imagine | Shutterstock)
Folhas de berinjela com manchas amarelas, decorrentes de infecção por begomovírus (vírus amarelo) (Créditos: Alwi Imagine | Shutterstock)

Tanto as ninfas quanto os adultos se alimentam da seiva das plantas, inserindo seus aparelhos bucais picadores-sugadores nos tecidos vegetais. Essa sucção contínua debilita a planta e causa:

  • Amarelamento das folhas (clorose);
  • Enrolamento e deformação das folhas;
  • Redução do crescimento;
  • Murcha e seca das folhas;
  • Maturação irregular dos frutos;
  • Queda prematura de folhas e frutos;
  • Em algumas culturas específicas, podem ocorrer sintomas como o prateamento das folhas (em abobrinha) ou o branqueamento do caule (em brássicas).

Além disso, durante a alimentação, as ninfas excretam uma substância açucarada pegajosa chamada “melada”. Essa substância causa:

  • Redução da fotossíntese;
  • Desenvolvimento de fumagina;
  • Atracão de outras pragas;
  • Dificuldade na colheita e processamento.

No mais, algumas espécies também injetam toxinas nas plantas durante a alimentação, o que pode causar danos adicionais, como descoloração dos frutos.

Danos indiretos

A mosca-branca é um vetor que possui um grande número de vírus fitopatogênicos (vírus que infectam plantas) — mais de 100 espécies já foram identificadas.

Sendo assim, a transmissão de vírus pode causar doenças graves nas plantas, provocando sintomas como:

  • Mosaicos: padrões irregulares de cores nas folhas;
  • Amarelecimento: amarelamento generalizado ou em partes da planta;
  • Nanismo: redução do tamanho da planta;
  • Deformação de folhas e frutos: crescimento anormal de órgãos da planta;
  • Necrose: morte de tecidos vegetais;
  • Em alguns casos, perda total da colheita.

Como é feito o controle da mosca-branca?

O controle da mosca-branca é desafiador devido à sua alta capacidade de reprodução, ampla gama de hospedeiros e desenvolvimento de resistência a inseticidas.

Nesse sentido, a estratégia mais eficaz é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que combina diferentes métodos de controle de forma racional e sustentável. Confira a seguir as principais estratégias utilizadas no combate dessa praga:

Controle cultural

O controle cultural de pragas é uma estratégia do MIP que utiliza práticas agrícolas e modificações no ambiente para prevenir, reduzir ou dificultar o desenvolvimento das pragas.

Para combater as mosca-brancas, são utilizadas as seguintes técnicas:

Controle biológico

O controle biológico é uma estratégia que utiliza inimigos naturais (predadores, parasitoides, microrganismos ou outros agentes biológicos) para reduzir ou eliminar populações de mosca-branca. Em geral, ele explora relações naturais entre espécies, como:

  • Predadores: utiliza inimigos naturais da mosca-branca como joaninhas, crisopídeos e ácaros predadores (ex: Amblyseius swirskii);
  • Parasitoides: introduz pequenas vespas que parasitam as ninfas da mosca-branca, como Encarsia formosa e Eretmocerus mundus;
  • Fungos entomopatogênicos: aplica fungos que infectam e matam a mosca-branca, como Beauveria bassiana e Isaria fumosorosea.

Controle químico

O controle químico da mosca-branca envolve o uso de agrotóxicos inseticidas para eliminar ou reduzir a população dessa praga em diversas culturas e ambientes.

Nesse sentido, alguns cuidados devem ser considerados como:

  • É importante utilizar inseticidas seletivos, que causem menos impacto aos inimigos naturais;
  • Recomenda-se a rotação de inseticidas com diferentes mecanismos de ação para evitar a resistência a defensivos agrícolas;
  • A aplicação deve ser direcionada à parte inferior das folhas, onde as moscas-brancas geralmente se concentram;
  • O tratamento de sementes e a aplicação no sulco de plantio podem ser utilizados em algumas culturas para proteger as plantas no início do desenvolvimento.

Monitoramento

Por fim, o monitoramento da lavoura é fundamental para detectar a presença da mosca-branca em níveis iniciais e decidir o momento adequado para a intervenção, utilizando as táticas do MIP de forma eficiente.

Vale ressaltar que a escolha das técnicas que serão utilizadas deve considerar as condições específicas de cada cultura, região e nível de infestação. Portanto, consulte sempre um engenheiro agrônomo ou um técnico agrícola para obter orientações específicas.

Inovações no controle de mosca-branca

Em geral, pesquisas, desenvolvimento de novas tecnologias e métodos para o controle da mosca-branca estão em andamento. Entre algumas das abordagens promissoras, podemos citar:

Bioinseticidas

O mercado de bioinseticidas está crescendo, impulsionado pela necessidade de alternativas mais sustentáveis. Sendo assim, produtos à base de fungos entomopatogênicos como Beauveria bassiana e Isaria fumosorosea estão sendo cada vez mais utilizados e aprimorados para um controle mais eficiente da mosca-branca. Nesse cenário, novos bioinseticidas estão chegando ao mercado, como alguns à base de Cordyceps javanica.

Plantas resistentes ou tolerantes

Os programas de melhoramento genético continuam buscando e desenvolvendo cultivares de diversas culturas com maior resistência ou tolerância ao ataque da mosca-branca e aos vírus que ela transmite.

De modo geral, a tendência é que o controle da mosca-branca se torne cada vez mais integrado, combinando diferentes abordagens para alcançar um manejo eficiente e sustentável.

Conclusão

Enfim, a mosca-branca representa uma ameaça constante à produtividade e à qualidade de diversas culturas. Portanto, realizar o seu controle é fundamental para reduzir os impactos negativos e evitar prejuízos e perdas na lavoura.

Banner CTA com redirecionamento para página de teste grátis do AgriQ Receituário Agronômico. Texto da imagem: Informações completas e filtros avançados para melhor aplicação de acordo com o diagnóstico da cultura. Conheça o AgriQ

Gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre pragas da soja.

Post Tags :

Rafaella Aires

Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.

Deixe um comentário

Sua privacidade é importante.

Cookies são pequenos arquivos de texto que são armazenados no seu computador quando visita um site. Utilizamos cookies para diversos fins e para aprimorar sua experiência no nosso site (por exemplo, para se lembrar dos detalhes de login da sua conta).

Pode alterar as suas preferências e recusar o armazenamento de certos tipos de cookies no seu computador enquanto navega no nosso site. Pode também remover todos os cookies já armazenados no seu computador, mas lembre-se de que a exclusão de cookies pode impedir o uso de determinadas áreas no nosso site.