As pragas do milho podem gerar danos irreversíveis na lavoura, já que muitas atacam as culturas ainda na fase inicial de desenvolvimento. Logo, saber identificá-las e como combatê-las é a maneira mais eficaz de minimizar os prejuízos na produção agrícola.
Neste artigo, vamos apresentar as pragas mais comuns que atingem as plantações de milho.
Portanto, leia com atenção para entender como elas agem e quais são as melhores medidas de controle para combatê-las.
Acompanhe a seguir!
Quais são as principais pragas do milho?
Em geral, a cultura do milho pode ser atacada por mais de 20 tipos de pragas, sendo que esse ataque pode ocorrer desde a germinação das sementes até a maturação dos grãos.
Veja as principais pragas do milho a seguir:
Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
A lagarta-elasmo possui aparência amarelada ou esverdeada, além de listras e anéis vermelhos no corpo. Apesar de ser pequena (atinge no máximo 2 cm de comprimento), sua presença pode ser devastadora.
Essa praga age construindo abrigos no interior do caule do milho, afetando a distribuição de nutrientes e água em toda planta. Com isso, ela murcha e suas folhas secam e caem — esse sintoma é conhecido como “coração morto”.
O ataque mais severo da lagarta-elasmo acontece na fase inicial da cultura de milho e pode se tornar mais grave com o período de estiagem.
Para controlá-la, é necessário investir no tratamento de sementes com produtos de ação sistêmica e residual. No entanto, se a lavoura estiver sob estresse hídrico, a Embrapa recomenda a utilização do inseticida de ação de contato e profundidade à base de clorpirifós.
Larva-alfinete (Diabrotica speciosa)
O besouro Diabrotica speciosa é responsável por provocar estragos significativos na lavoura do milho. Na fase larval, essa praga é esbranquiçada, tem cerca de 1 cm de comprimento e permanece, geralmente, em solo com terras escuras e ricas em matéria orgânica.
Durante este período, a praga é conhecida como larva-alfinete e consome as raízes do milho, o que reduz a sustentação da planta e prejudica a absorção de água e nutrientes. Essa ação pode fazer com que a planta sofra tombamento e, até mesmo, levá-la à morte.
Já na fase adulta, a praga se torna um besouro com coloração verde brilhante e manchas amareladas ovais, que se alimenta de folhas e estilo-estigma (cabelo do milho).
Para controlar as larvas, o produtor deve investir no tratamento de sementes e no plantio de cultivares de milho transgênico que expressam a proteína Cry3Bb da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), específica para repelir insetos coleópteros (como besouros e joaninhas).
No entanto, em casos de infestação das larvas, o indicado é aplicar defensivos que permaneçam no solo entre 6 e 10 semanas. Para maior duração, recomenda-se produtos granulados ou pulverização diretamente no sulco de plantio.
Já na fase adulta, essa praga pode ser combatida por meio de armadilhas luminosas com lâmpadas do tipo BLB (ultravioleta), BL (ultravioleta) e B (azul).
Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)
A cigarrinha-do-milho é um das pragas que provocam mais prejuízos à lavoura. Esse inseto é considerado o principal transmissor das bactérias Mollicutes. Sendo assim, é responsável por provocar doenças como a virose do raiado fino e o enfezamento pálido e vermelho do milho.
Por ser um inseto sugador, a transmissão ocorre quando as ninfas e adultos da cigarrinha estão se alimentando. Assim, ao sugarem a seiva, essa praga injeta sua saliva contaminada na planta.
Entre os sintomas provocados pela cigarrinha-do-milho, estão enfraquecimento, encurtamento de entrenós e formação de fumagina (uma camada de fungos que aparece na superfície da folha e prejudica o processo de fotossíntese).
Para controlar e proteger a lavoura da praga, recomenda-se investir em múltiplas estratégias de manejo, como tratamento de sementes em conjunto com a rotação de culturas e o vazio sanitário.
No caso de infestação, é necessário investir na aplicação de agrotóxicos na parte aérea da lavoura, preferencialmente inseticidas à base de neonicotinoides, como tiametoxam, imidacloprido e clotianidin.
Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea)
O percevejo-castanho vive em solo úmido e se alimenta das raízes das plantas, prejudicando o sistema vascular das culturas. Como consequência, elas apresentam deficiência nutricional e hídrica, o que as enfraquece e, em muitos casos, as levam à morte.
Essa praga pode ser facilmente identificada devido ao forte odor que ela exala ao ser retiradas da terra. Para evitar o seu surgimento, é fundamental adotar medidas de prevenção, enquanto seu controle pode ser feito por meio de aração e gradagem do solo (para expor os insetos aos predadores) e controle biológico com o auxílio do fungo Metarhizium anisopliae.
Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Apesar de atacar mais de 100 espécies de plantas, os danos mais intensos provocados pela lagarta-do-cartucho ocorrem nas lavouras de milho.
Inicialmente, os ataques ocorrem na fase larval, atingindo os tecidos das folhas em apenas um lado. Já na fase adulta, ela é capaz de abrir buracos nas folhas e atingir a base da planta, gerando assim os sintomas conhecidos como “coração morto”.
Além disso, essa praga pode atacar as plântulas ainda na fase de emergência, resultando no tombamento e na redução da produtividade da cultura. Em geral, as infestações podem diminuir a produção de milho em até 52%.
Algumas alternativas de controle da lagarta-do-cartucho são:
- Tratamento de sementes;
- Controle biológico com predadores naturais da lagarta, como o parasitoide Trichogramma pretiosum e o fungo Metarhizium anisopliae;
- Controle químico por meio da rotação de inseticidas com diferentes modos de ação.
Pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis)
O pulgão do milho é um inseto sugador de seiva que vive em colônias. Possui corpo alongado e coloração que varia entre o amarelo-esverdeado e o azul-esverdeado.
Sua ação consiste em introduzir toxinas durante sua alimentação. Conhecido como honeydew, o excremento açucarado (toxina) favorece o desenvolvimento de fungos nas folhas.
Entre os sintomas provocados nas plantas, estão:
- Murcha, encarquilhamento (enrugamento) e clorose (perda da coloração verde) das folhas;
- Falhas na polinização;
- Espigas incompletas e inférteis.
Para controlar essa praga, o produtor pode investir em três métodos:
- Controle biológico: pode ser realizado com parasitoides (Aphidius sp.), predadores (como joaninhas e tesourinha) e doenças fúngicas;
- Controle químico: uso de inseticidas à base de neonicotinoides e plantio de híbridos mais resistentes ao ataque dessa praga, como os híbridos P30F53H, STATUS VIP e BM9288;
- Tratamento de sementes: aplicar produtos nas sementes antes do plantio para melhorar a qualidade sanitária e proteger as plantas contra pragas e doenças.
Percevejo-barriga-verde (Dichelops furcatus)
O percevejo-barriga-verde causa a redução da produtividade da cultura de milho e da qualidade das sementes. Os danos podem ocorrer na fase inicial de desenvolvimento das plantas e gerar perdas parciais ou totais da lavoura.
Essa praga introduz estiletes na base das plantas e atingem as folhas internas. Assim, após a abertura, as folhas apresentam vários furos de distribuição simétrica no limbo foliar e halos amarelados ao redor dos furos.
O controle do percevejo-barriga-verde pode ser realizado por meio do tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos e pulverizações, após a emergência das plantas, quando comprovada a presença dos insetos.
Gorgulho do milho (Sitophilus zeamais)
O gorgulho do milho é uma praga muito destrutiva, pois ataca grãos inteiros e pode gerar danos relacionados à redução do peso e qualidade dos grãos.
Sua infestação pode ocorrer de forma cruzada (infestação de grãos tanto no campo como no armazenamento). Sendo assim, essa praga possui muitos hospedeiros e um elevado potencial de multiplicação não só na cultura de milho como na de trigo, arroz, cevada e triticale.
O gorgulho do milho pode ser controlado de diversas formas, incluindo:
- Tratamento térmico: expor os grãos armazenados a temperaturas de 3ºC por menos de 30 dias ou a altas temperaturas por alguns minutos pode matar 100% dos insetos.
- Uso de inseticidas;
- Uso de biocidas;
- Dispositivos com feromonas.
Conclusão
Como vimos, as pragas da cultura do milho podem agir de diferentes maneiras e em várias fases de desenvolvimento da planta. Logo, saber identificá-las é o primeiro passo para conseguir combatê-las.
Neste artigo, apresentamos as principais pragas do milho mais comuns, os principais danos que elas podem provocar e os métodos mais eficientes de controle.
Por isso, fique atento e não esqueça de realizar o monitoramento constante da sua lavoura.
Até a próxima!
Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atuo como Analista de Conteúdo no AgriQ Receituário Agronômico.
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